Rafael Rizuto, Fernanda Romano, Icaro Doria e Daniel da Hora

 

Quatro brasileiros tomaram conta do Grand Auditorium no Palais des Festivals na última palestra deste domingo (16), defendendo a ideia de que a mistura de culturas faz toda a diferença e resulta em um produto criativo superior – quando bem aplicada. Daniel da Hora, diretor-associado de criação da boutique criativa DH,LO, foi anfitrião do encontro e apresentou sua proposta de uma criatividade multicultural, em que se misturam diferentes capacidades criativas, de conectividade e de ambiente.

Para debater o tema foram convidados outros três profissionais com larga experiência “multicultural”: Fernanda Romano, diretora-associada de criação associada da Naked Brasil; Icaro Doria, diretor-executivo de criação da Wieden+Kennedy São Paulo; e Rafael Rizuto, diretor-associado de criação associado da Pereira & O’Dell, em São Francisco (EUA). ”O choque entre culturas e os diferentes conhecimentos, capacidades e interfaces enriquecem o processo criativo. Picasso mudou sua arte depois de entrar em contato com a cultura africana. Mudou a história da arte. O deslocamento e o movimento, gera criatividade multi-cultural”, disse da Hora.

O debate girou em torno, principalmente, das experiências internacionais dos participantes e de como o “choque cultural” acabou servindo de matéria prima para aprendizado e amadurecimento na profissão. ”Quando fui para Dubai, onde trabalhei durante quatro anos, havia pelo menos 22 nacionalidades diferentes trabalhando, o que era muito rico. Porém, no início, praticamente tudo chocava minha dupla, que era muçulmana.”, contou.

Fernanda Romano disse que é mais fácil se trabalhar na própria cultura, mas por outro lado menos desafiador. Para ela, o trabalho que sai de uma experiência multicultural tende a ser melhor. ”Uma vez tive que fazer um vídeo de cinco minutos para definir a palavra ‘amazing’. Eu, brasileira, numa equipe que havia italiano, polonês, francês, indiano. Imagine as possibilidades de interpretação dessa mesma palavra para cada um deles? É preciso ser muito generoso e aberto nessas horas”, disse.

Doria relembrou que, quando foi morar nos EUA, levou alguns meses para se acostumar com o jeito dos americanos e acredita que “é uma grande vitória quando finalmente se compreende que há interpretações e hábitos muito diferentes  dos seus”, comentou. Da Hora concluiu dizendo que é necessário usar as próprias habilidades criativas, enfrentar o choque de mergulhar de cabeça numa nova cultura para chegar à fórmula ideal da “Cultural Mixed Creativity”.

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