'O Salão vai mexer com você' é tema da campanha que divulga a 27ª edição

 

O Salão do Automóvel, a grande vitrine para as montadoras apresentarem suas principais marcas, chega a sua 27ª edição dividido entre a expectativa de crescimento do mercado automotivo brasileiro e a queixa das montadoras estrangeiras, que vêm pouca possibilidade de expansão no país. O evento começa na próxima quarta-feira (24) e contará com a presença de 49 montadoras. O número é maior que o da última edição, em 2010, quando 42 marcas participaram, mas tem redução do número de empresas estrangeiras: 22 montadoras sem fábrica no Brasil irão expor seus lançamentos, diante das 29 hoje que comercializam seus carros no país. Elas acumulam perda de 32% na comercialização de automóveis desde janeiro, resultado de um cenário de alta do dólar e da alta do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 30% para os carros importados, em vigor desde dezembro de 2011.

O saldo negativo levou marcas a cancelarem sua participação no Salão, como a britânica Bentley, que comunicou sua desistência nesta segunda-feira (15). As marcas Ferrari e Maserati, da Fiat, que se tornaram ícones do evento, também não terão estandes próprios este ano. “A casa importadora dessas duas marcas retirou a sua participação devido ao momento do mercado, ao sentir que seus negócios vêm sendo prejudicados por questões financeiras”, afirmou Ricardo Strunz, diretor financeiro da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores). Sobre a desistência da Bentley, Strunz disse que o motivo “é puramente financeiro”.

Strunz ressaltou que o objetivo de estar no evento é estratégico para fomentar vendas e que o ambiente difícil para as importadas não justificaria a presença na edição deste ano. “A participação tem um objetivo de marketing muito claro, de colocar o consumidor em contato com seu produto e influenciar sua decisão de compra”, disse. “A presença no evento gera custo e algumas de nossas associadas tiveram dificuldades financeiras em 2012 devido à retração de vendas no acumulado do ano”, reiterou. 

Aquecimento

Se o momento é de dificuldade para as importadas, as fabricantes no país têm motivos para comemorar. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta que as vendas em 2012 cheguem a 3,63 milhões de veículos, crescimento de 4% sobre o ano passado. No longo prazo, a previsão também é de alta. Estudo divulgado pela entidade aponta que o Brasil deve alcançar a marca de 5 a 6 milhões de carros comercializados anualmente até 2020, um alento para as grandes montadoras, que veem uma crise duradoura nos seus principais mercados, como Europa e Estados Unidos. “Há poucos lugares no mundo com esse potencial de crescimento”, assinalou Ademar Cantero, diretor de relações institucionais da Anfavea. 

A expectativa com o país explica a vinda dos principais executivos globais das montadoras para o evento. Pela primeira vez, os presidentes mundiais da Volkswagen, Martin Winterkorn, e da GM, Dan Akerson, irão visitar o Salão brasileiro. Também está prevista a presença de novas marcas. A Toyota irá trazer a Lexus, sua divisão de carros de luxo, e a chinesa Great Wall Motors também montará um estande pela primeira vez.

O Salão espera 750 mil visitantes até 4 de novembro, data de término do evento. Ele é o principal evento da capital paulista, tendo movimentado R$ 360 milhões em sua última edição, segundo dados da SPTuris. Lançado em 1960, o evento acontece a cada dois anos e é realizado pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, uma joint venture entre a promotora de vendas Reed Exhibitions e a Alcantara Machado Feira de Negócios. 

Uma campanha de divulgação está no ar, produzida pela agência Luminas, com comerciais e anúncios para mídia impressa. Com a assinatura “O Salão vai mexer com você”, as peças, em tom de humor, trazem a declaração de amor de um motorista a seu carro, lhe jurando fidelidade — mesmo após sua passagem pelo evento. De acordo com a organização, o investimento em comunicação é de R$ 5 milhões.