Poder de conexão entre a comunidade fomenta o surgimento de influenciadores digitais locais, aponta pesquisa do Data Favela

Uma pesquisa do Data Favela, encomendada pelo Digital Favela, buscou entender o ecossistema de empreendedorismo nas favelas brasileiras e as condições para que aconteça. A internet, por exemplo, aparece como um meio importante para 58% dos empreendedores, que usam a rede como fonte de informação sobre a atividade em que atuam. É a partir dela, principalmente pelas redes sociais, que 76% das pessoas divulgam os seus produtos e serviços.

“O dado mostra como a favela está conectada, engajada e sendo uma grande fonte de influência de dentro para dentro. Mais do que ninguém, os próprios moradores sabem qual é a linguagem ideal para atrair seus clientes e o tipo de conteúdo que aquele determinado assunto precisa", afirma Guilherme Pierri, co-CEO da Digital Favela. A pesquisa ouviu 1.250 pessoas de favelas de todo o Brasil, de 16 a 78 anos, ao longo do mês de março.

Segundo o executivo, esse poder de conexão entre a comunidade fomenta o surgimento de influenciadores digitais locais, que podem representar marcas e estabelecer diálogos genuínos com as favelas.

A análise é sustentada por alguns outros cenários apresentados pela pesquisa. O tradicional "boca a boca" aparece como fonte de divulgação para 56% dos proprietários. Além disso, 88% das pessoas que vivem nas favelas afirmam confiar mais nas recomendações de influenciadores locais, da própria comunidade, do que nas indicações de celebridades, 12%.

“O senso de comunidade e pertencimento é muito latente", diz Pierri. "Por isso, a representatividade e a legitimidade acabam sendo os grandes fatores de sucesso nessa comunicação”.

Quem é o empreendedor na favela
O levantamento registra também que necessidade e falta de oportunidades de trabalho formal são os motivos principais para o empreendedorismo nas favelas. Entre os  entrevistados, 41% têm um negócio próprio - para 22% deles, é a principal fonte de renda.

57% dos empreendedores afirmaram que investiram por ausência de oportunidades no mercado formal e 54% declararam ter recorrido a horas extras e 'bicos' para complementar a renda durante o último ano. Além disso, a maioria atua na informalidade, 63% não têm CNPJ.

Celso Athayde, co-CEO da Digital Favela e CEO da Favela Holding, explica que empreender é, em muitos casos, questão de sobrevivência. “Sem emprego, as pessoas se veem obrigadas a procurar alternativas e optam por investir em habilidades que podem virar serviços, como alimentação, estética e manutenção de eletrônicos, por exemplo”, complementa.