Divulgação

Emprego não dá em árvore. Não cai do céu. Não brota por geração espontânea. Sem um maluco alucinado e movido por uma santa energia empreendedora, empregos zero. E todo tempo as pessoas discutem e defendem a proteção absurda do Estado aos empregos. Que assim seja. Continuem protegendo os ovos, enquanto as galinhas vão tombando pelo caminho. Depois que as galinhas morrerem, quero ver o burocratas botando ovos. Pensando melhor, emprego dá em árvore. Numa árvore chamada empresa.

Todo esse introito para falar sobre a santa energia empreendedora que dia após dia manifesta-se nos jovens de nosso país. E aferida, metrificada e conferida pela Conaje (Confederação Nacional de Jovens Empreendedores) em parceria com a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Foram entrevistadas 5.060 pessoas entre 18 e 39 anos, de 26 estados, que já empreenderam nessa segunda rodada da pesquisa. A primeira foi realizada em 2014, e alguns dados se assemelham: 71% de homens, 86% com falta de preparação formal para empreender, e até nove postos de trabalho para cada empresa aberta.

Mas, boas surpresas na segunda rodada da pesquisa. Um aumento significativo no número de negócios que faturam mais de R$ 360 mil/ano – de 37% para 41% -, uma presença maior dos bancos apoiando os jovens empreendedores, e, melhor que tudo, as empresas apresentam um índice de sobrevivência bem maior: 50% dos entrevistados são responsáveis por negócios com mais de cinco anos de vida. Não faz muito tempo, segundo dados do Sebrae, de cada 100 empresas novas apenas três sobreviviam dez anos depois.

Outro ponto positivo é o crescimento de empreendedores com diplomas. 42% têm, no mínimo, o diploma de curso superior. E 39% concluíram uma especialização (as mulheres, minoria, na proporção de três para sete, são melhores qualificadas no que se refere ao quesito formação – 43% possuem curso de pós-graduação). Outro ponto mais que positivo da pesquisa é que apenas 9% foram levados a empreender por necessidade – falta de emprego. 25% chegaram lá porque sempre quiseram ser empreendedores; outros 25%, porque a energia empreendedora se revelou diante de uma oportunidade; 18%, pela ambição à independência; 12%, dando continuidade ao negócio da família; 11%, por qualidade de vida e flexibilidade de horário.

Se as mudanças não são gigantescas no curto espaço de dois anos, são revolucionárias se voltarmos 20 anos atrás, quando a internet engatinhava. Sem a menor dúvida, a acessibilidade universal e democrática que a plataforma do admirável mundo novo possibilitou tem tudo a ver com o despertar, com a explosão da energia empreendedora, que permanecia encantada nos jovens de todo o mundo e, de forma especial, em nosso país. Traduzindo a constatação da pesquisa, Pequenas Empresas & Grandes Negócios afirma: “A turma que não desgruda da internet”. E, detalha, “quando se trata de buscar conhecimento para empreender, a internet é a ferramenta apontada como mais útil e mais procurada pelos jovens, deixando para trás consultorias, incubadoras e as próprias faculdades…”.

Isso posto, mãos à obra. No processo de reconstrução do Brasil pós-saída de seus atuais e medíocres governantes, a prioridade zero, como temos repetido à exaustão em todos os últimos anos, é a inclusão digital de todos os brasileiros e com qualidade. Padrão Coreia do Sul. Se já era um movimento essencial e óbvio antes da pesquisa, agora é dramaticamente urgente. Quanto mais tornarmos acessíveis informações e conhecimento à totalidade dos brasileiros, mais e mais árvores empresas brotarão em nosso país. Já era tempo! Isso mesmo, aquela única árvore que dá empregos.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing