Tudo começou no ano de 1971. A Intel revela e coloca disponível no mercado o microchip 4004 – unidade de processamento com 4-bits, criação de um de seus funcionários, Ted Hoff.
A partir daí, nunca mais, o mundo foi e será o mesmo.
Projetado originalmente para calculadoras, rapidamente o 4004 passou a ser utilizado para outras finalidades e em outros gadgets.
Nos anos em que antecederam a chegada do 4004, um dos fundadores da Intel, Gordon More, na época diretor de pesquisa e desenvolvimento da Fairchild, mais especificamente em 1965, concedeu uma entrevista à revista Eletronic Magazine, edição especial de 30 anos, em que arriscou seu prognóstico:
“O poder de processamento dos computadores dobrará a cada 12 meses, enquanto o tamanho dos processadores, assim como seus preços, cairá pela metade”. Acertou na mosca!
Naquele 4004, no espaço correspondente a uma unha, comprimiam-se 2.300 transistores. Hoje, pouco mais de 45 anos depois, o chip de um iPhone ou Samsung Galaxy é 1.300 vezes mais rápido que o computador presente na Apolo 11, que levou o homem à Lua em 1969.
Apenas dois anos antes do nascimento do Ultra Mega Master Super Definitivamente Disruptivo 4004.
E no correr desses 46 anos, o 4004 mais seus filhos, netos e bisnetos foram adentrando-se em todos os cantos e buracos possíveis e inimagináveis.
E dando vida a infinitos gadgets, aparelhos, equipamentos, mais recentemente às coisas, e, finalmente, começa a fazer parte do kit básico de todo o ser humano.
No ano passado, sem alardes, sem muitas discussões, finalmente, foi aprovado o implante de chips em seres humanos. Isso mesmo, no Brasil.
No projeto original, essa possibilidade só era prevista nos casos em que houvesse determinação judicial.
Assim, devidamente aprovado pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, passa pela aprovação da Comissão de Cidadania e Justiça, indo direto para o Senado, onde também deverá ser aprovado.
A partir desse momento, desde que autorizado pela própria pessoa, o microchip finalmente passa a ser implantado nos brasileiros, sob a pele, no espaço situado entre o indicador e o polegar, com o tamanho de um pequeno grão de arroz, no formato de cápsula, construída com vidro biodegradável para prevenir eventual rejeição.
Enfim, desde 2017, mais que na hora, superada a penúltima barreira para que o microchip passe a fazer parte de nossa rotina, testemunhe e registre os acontecimentos de nossas vidas.
Isso é bom, é ruim, é ótimo é péssimo? Tanto quanto todas as demais coisas. Dependendo exclusivamente de nós!
Da destinação que nossas cabeças derem a essa extraordinária conquista da humanidade.
Que o melhor juízo, a fundamental humildade e a inteligência sensível e socialmente responsável orientem todas as nossas decisões.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)
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