“Um dos maiores fenômenos sociológicos do Brasil aconteceu entre abril e junho de 2013, reunindo milhões de brasileiros em várias cidades, na chamada ‘Manifestação pelos 20 centavos’.

Na verdade, esses brasileiros não estavam apenas contestando o aumento de 20 centavos nas tarifas de transportes públicos, mas sim representavam a nossa indignação com a situação política e econômica do momento, que ameaçava submergir e teve seu auge neste difícil 2015, que parece não acabar.

No recente 20° Festival Mundial de Publicidade de Gramado, promovido pela Alap (Associação Latino-Americana de Publicidade), que reuniu milhares de estudantes e profissionais da comunicação para discutir o business publicitário, o que mais se viu e ouviu foi a criatividade nos negócios e a mente imaginativa dos executivos brasileiros, acostumados aos desafios, relatarem casos de sucesso e de superação nestes momentos bicudos.

Casos como os da agressiva empresa aérea Azul e da JBS mostram que não existe outro caminho senão ousadia – e muita comunicação. Aliás, o relato do diretor regional da Associação dos Jornais do Interior do Brasil (ADJORI-BR), Fernando Bond, foi emblemático.

Segundo ele, existem hoje cerca de quatro mil títulos de jornais circulando para 165 milhões de brasileiros, na contramão de quem acredita que o mundo virou totalmente digital. Sempre acreditei que o conteúdo é a bola da vez, seja ele travestido de digital ou no meio físico. E que a comunicação é fundamental para as empresas manterem suas posições de mercado.

Voltando ao cabalístico número ‘20’, o que tenho escutado das lideranças de muitas grandes empresas nacionais é que ‘nossas vendas despencaram 20%’, ou ‘estamos cortado 20% da nossa força de trabalho’ e também algo como ‘vamos cortar 20% dos nossos projetos’. E por aí vai.

Considerando que o percentual médio sobre o faturamento bruto das empresas investidos em comunicação é de uns 3%, aconselho fortemente que a hora seja de não tirar o pé do acelerador, mas aumentar em 20% esse número, passando esse investimento para 3,6%, nesse exemplo citado.

A lógica faz sentido porque, se o mercado está caindo, as empresas são obrigadas a conquistar fatias que estão nas mãos da concorrência. E nada melhor do que apostar na comunicação para fortalecer a sua marca e conquistar um maior share of market.  #ficaadica”

*Publicitário e conselheiro da Alap (Associação Latino-Americana de Publicidade)