“Planos de negócios são fundamentais para determinar diretrizes de uma nova operação ou para a definição das metas operacionais de médio prazo em empresas. Neste artigo, o foco maior será nos planos de negócios para novos investimentos.
A elaboração do plano de negócio sempre se iniciará com o entendimento da operação proposta, possibilitando a estruturação do modelo econômico-operacional da nova linha de serviço, do novo produto ou da nova empresa.
A partir deste entendimento, todas as premissas poderão ser descritas, com as suas inter-relações e como se comportarão ao longo do tempo, considerando a estrutura macroeconômica de onde a operação ocorrerá.
Com isto, será possível definir o nível de produção, para o caso de empresas, quantos clientes serão atendidos, para os casos de prestadores de serviços, qual será o ticket médio por linha de produto e serviço, como ocorrerão os reajustes anuais – baseados em inflação ou correlacionados com o câmbio – e a estratégia base da empresa.
Por estratégia base, haverá a análise da iniciativa de marketing, da proposta comercial, de como a empresa atacará o novo mercado, se competindo por preço, por exemplo, além de se analisar como a concorrência responderá a este novo movimento.
Muitas vezes, a análise da concorrência se torna fundamental para o sucesso da operação, dada a possibilidade de uma resposta dura em termos de reprecificação de produtos, reduzindo margens, ou de aumento de investimentos em marketing, dificultando a entrada dos novos produtos.
As projeções das receitas da nova empresa já poderão ser realizadas, com as premissas definidas e com o entendimento do negócio. É importante, neste passo, certificar-se de abrir as diversas linhas de receitas, justamente para se ter o cálculo correto de deduções sobre a receita, como: PIS, Cofins, ISS, IPI, ICMS e devoluções.
Com estas projeções, estima-se também a receita operacional líquida e a projeta, conforme as premissas, para os próximos anos. Todavia, para cada plano de negócios, um prazo de projeção será demandado: investimentos possuem diferentes períodos de maturação e, para cada, haverá a necessidade de um prazo de projeção. Investimentos em infraestrutura normalmente precisam de longos períodos de projeção, enquanto novas linhas de serviços, com prazo de maturação menor, precisarão de apenas cinco anos.
Os custos operacionais deverão ser projetados conforme a produtividade das máquinas que farão parte da estrutura fabril ou da produtividade média dos funcionários da nova operação. A partir daí, estima-se o número de pessoas necessárias para cada período projetado e a quantidade de insumos para a produção.
As despesas comerciais serão intrínsecas ao segmento de atuação, já que poderá haver bonificação em relação às vendas para alguns casos ou contratação de funcionários para atendimento comercial. As despesas administrativas deverão considerar toda a estrutura necessária para a operação: contabilidade, financeiro, estrutura de atendimento, aluguel de escritório e despesas gerais. Cada uma destas despesas deverá ser projetada de forma independente, considerando as premissas que as levarão a variar e os reajustes anuais de preços que normalmente sofrem.
Com isso, o cálculo do Ebitda da nova operação poderá ser feito, mas ainda faltando estimar os investimentos necessários por ano, o capital de giro e a tributação sobre o resultado.
A tributação sobre o resultado deverá ser analisada por período e conforme a legislação vigente. Deve-se verificar a rentabilidade pretendida e o faturamento projetado da empresa, para se decidir entre os vários formatos possíveis: Super Simples, Lucro Presumido ou Lucro Real.
Para a estimativa de investimentos, será necessário detalhar todas as aquisições de imobilizado da empresa e investimentos de longo prazo, como máquinas, carros, equipamentos, mobílias, computadores, edifícios, centros de armazenagem, empilhadeiras, entre outros. Cada um destes investimentos terá uma depreciação específica, que será considerada no modelo econômico-operacional. Também serão analisados os investimentos em manutenção e ampliação ao longo dos anos, de forma a se relacionar com a variação da receita.
O cálculo da necessidade de capital de giro é fundamental para a projeção da empresa e poderá ser visto como investimento de curto prazo. Para estimarmos estes valores, precisaremos entender o fluxo de recebimentos e pagamentos: qual o prazo médio de recebimento dos clientes, quantos dias a empresa terá de prazo com os fornecedores e qual será o estoque necessário. Estes números possibilitam a projeção do balanço patrimonial da empresa, com as suas linhas operacionais, e a análise de quanto variarão o ativo circulante e o passivo circulante anualmente.
A estrutura do modelo econômico-operacional estará pronta com estes cálculos. Como próximo passo, alguns cenários operacionais de trabalho serão analisados considerando riscos intrínsecos ao negócio, como concorrência mais forte e novos produtos substitutos, e oportunidades, como novos mercados e alterações da demanda, justamente para analisar as diversas situações que a empresa poderá vivenciar.
Com isto pronto, diversas análises de forças de mercado, concorrência, estratégia de crescimento, precificação e rentabilidade adequada poderão ser elaboradas para se inserir no relatório. O relatório de plano de negócios deverá ser bem abrangente e realista, tentando não pender para o otimismo na operação e nem para o pessimismo.
Relatórios de planos de negócios, com análises completas e realistas considerando diversos cenários, são fundamentais para novos investimentos e para a correta tomada de decisão. Iniciar uma nova operação sem as ferramentas corretas é como cruzar uma floresta sem um mapa preciso: pode-se chegar ao objetivo, mas os riscos serão significativamente maiores.”
*Diretor da GlobalTrevo Consulting