Em tempos de crise, tomar decisões rápidas pode fazer a diferença entre se manter no mercado ou ficar para trás. Para agilizar os processos dos clientes, a Epigram Brand Union adotou o design sprint, um modelo de aceleração de projetos concebido pelo Google. Com a mudança, a agência tem colhido bons frutos, de acordo com Marcelo Bicudo, CEO da empresa de comunicação e branding, que tem como foco experiências de consumo.
“Na crise, a necessidade de colocar projetos na rua é maior, mas, muitas vezes, a cadeia produtiva não permite. O design sprint é uma maneira de acelerar tudo isso. Eu brinco que nas empresas há muita iniciativa e pouca ‘acabativa’”, conta Bicudo. Segundo o executivo, pesquisas mostram que 31% dos projetos são cancelados logo que eles nascem, sem nem sair do papel. O custo médio de execução dos projetos hoje ultrapassa em 189% o orçamento inicial e o tempo médio, em 222%.
Foi vendo esses números que a agência decidiu mudar. “A gente trabalha tanto para empresas mais tradicionais como para empresas mais disruptivas e percebemos que a estrutura de comando, o organograma e o comportamento da empresa não são os mesmos. A cadeia decisória é diferente”, diz. O CEO conta que nas empresas mais tradicionais os níveis hierárquicos causam uma maior demora na execução dos projetos. “Isso faz com que as empresas mais tradicionais não consigam competir com essas empresas mais disruptivas”, afirma.
Tradicionalmente um projeto nasce com uma ideia, seguida pelo desenvolvimento, pelo lançamento e, no fim, são feitos os ajustes e as mudanças necessários. O design sprint cria uma maneira de encurtar o processo. “Se empresas tradicionais levam dois anos para colocar um novo produto no mercado, e as empresas do Vale do Silício levam quatro meses, fica clara a diferença competitiva”, conta. Com o modelo implementado pela agência, é usado um pensamento mais integrador e interdisciplinar. Cliente e agência sentam juntos por alguns dias e reúnem todas as informações disponíveis, criam juntos e já escolhem as melhores ideias, saindo de lá com o protótipo em mãos. “Em cinco dias, você tem mais informações do que em meses e anos de projeto”.
Entre os clientes que já participaram do novo modelo de criação estão Giraffas, The Beauty Box, Hering e Adiamo. “A nossa estrutura também virou de startup, implodindo um pouco os feudos: criação, mídia, planejamento… não é fácil. Tive de montar uma equipe de operação dentro da área de atendimento para manter o cronograma. Isso fez toda a diferença porque hoje a gente é muito mais proativo”, explica.
Com as mudanças, a agência também determinou que na última sexta do mês os funcionários apresentariam projetos fora da caixa. “Eles fazem projetos a partir de problemas que eles sabem que existem, mas que não estão no briefing do cliente”, conta. O resultado são projetos inovadores, como o Pacto Alvinegro, para Puma. “Como lançar uma camisa para o Botafogo no ano em que o time caiu para a segunda divisão?”, questiona. A campanha apostou na ideia de que quem ama o time sente na pele, não precisa de camisa. “Colocamos tatuadores para desenhar a história na própria pele porque, se você ama o Botafogo, a sua pele é o manto sagrado. Resultado: em três dias acabaram 20 mil camisas. Isso ganhou os estádios, virou uma febre”, conta.