A liderança feminina é um assunto que vem sendo discutido com cada vez mais frequência no mundo corporativo e, embora as mulheres brasileiras já alcancem um nível de formação superior ao dos homens, ainda são minoria no comando das empresas com 37,8% dos cargos gerenciais – segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2016. Diante de tanta discussão e mesmo com alguns avanços da população, essa é ainda uma realidade que aflige muitas mulheres que batalham todos os dias para conquistar seus objetivos e melhor colocação no mercado. Mas por que isso ainda acontece?
Viemos de uma cultura patriarcal, de aspectos culturais problemáticos, que ainda refletem nos dias de hoje – inclusive no mundo corporativo. Que mulher nunca se perguntou por que os homens ganham maior vantagem no mercado de trabalho? Porque nós, mulheres, engravidamos, temos licença maternidade, cuidamos de nossos filhos e casa – e, consequentemente, acabamos dando espaço para que o homem se desenvolva, conquistando posições de liderança com mais facilidade. Tudo isso porque nós temos essas “dificuldades”. Mas será que são de fato dificuldades?
Esse é um ponto que tem sido estudado no decorrer dos últimos anos, quando vemos mulheres em posições de liderança se destacando e tendo emoções tão bem mais trabalhadas do que os homens. Gosto de dizer que esse é o equilíbrio da vida da mulher. O que as pessoas viam como um decréscimo na vida profissional – que era esse tempo necessário para cuidar da família e para dar vida ao mundo – hoje é visto com mais propriedade, maturidade e intelectualidade. É um benefício.
Então hoje tenho uma corporação no Brasil de, aproximadamente, 30 a 40 pessoas, que desenvolvem as suas vidas comigo e escolheram a minha empresa como sua fonte de empreendimento e de crescimento, além da empresa nos Estados Unidos. Falo sobre sustentabilidade, inclusão e diversidade – porque eu acredito que é um valor. Ainda assim, tenho uma casa, animais de estimação, marido e filho. Ou seja, tenho diversos desafios a serem conectados todos os dias e ainda escuto as pessoas me perguntando como eu consigo me engajar em tantos temas e ter tempo para tudo isso. Eu não tenho tempo para tudo isso, mas aprendemos a olhar a agenda com importância. O que é aquilo que eu quero desenvolver?
Quero me desenvolver como mulher e pessoa, ser melhor para o meu marido, filho, instituição, para as pessoas que vivem e trabalham comigo, instituições que me contratam e para os clientes que acreditam na minha empresa. Quero ser melhor para a sociedade e deixar marcas nas pessoas. E você? Esse é o equilíbrio que estamos falando, que é tão fundamental para as mulheres e que acontece com tanta naturalidade. O mundo que vivemos hoje precisa de pessoas ágeis e flexíveis o tempo todo, com boas ideias e preços justos, pois estamos falando de um mercado competitivo. Então essa habilidade feminina de lidar com tantos temas é extremamente útil para o negócio e está sendo visto com mais facilidade pelo universo feminino e masculino – que está dando mais espaço e vez para isso.
Como eu comento em diversos fóruns que participo, hoje os grandes líderes são aqueles que conseguem lidar melhor com as suas emoções – de uma forma mais equilibrada – e não apenas com bons currículos. O equilíbrio e a sabedoria são os dois atributos que podem transformar a vida corporativa. Com todas as suas particularidades, as mulheres conseguem orientar, trazer novas direções e pensar horizontalmente, isso porque incluem e encorajam os filhos e colaboradores, porque compartilham poder e não são as detentoras. A mulher fortalece as identidades do grupo onde ela lidera e estamos pré-dispostas a mudanças o tempo todo, porque pensamos de forma inovadora, equilibrada, sensível e justa.
Mônica Schimenes é fundadora e CEO da MCM Brand Group