Demonstrando uma vez mais não acreditar na força da propaganda, o presidente da República preferiu usar o noticiário (gratuito) da mídia para aconselhar a imensa população brasileira a se precaver contra o novo coronavírus.

Assim, uma vez mais, fez questão de negligenciar quanto ao uso da mídia paga, dos órgãos públicos ligados diretamente ao governo federal que poderiam, como das vezes anteriores em outros governos, serem grandes baluartes no combate desta feita ao inimigo invisível, mas de grande poder de destruição, que é o novo coronavírus.

O Banco do Brasil, a Petrobras e a Caixa, entidades oficiais poderosíssimas, além de muitas outras de menor porte, mas que juntas poderiam apresentar uma força imbatível de comunicação, foram praticamente deixadas de lado no que seria uma campanha monumental de esclarecimento à população sobre os cuidados pré e pós-chegada do nada ilustre visitante ao nosso país.

O governo federal preferiu usar as fracas armas gratuitas que tem à sua disposição a serem usadas nessa guerra, como A Voz do Brasil e outros programetes de reduzido poder de fogo.

O que se vê, então, é o avanço da epidemia entre nós, cujo balanço final está ainda longe de poder ser feito. Dizem os mais experientes nesse tipo de trabalho de apuração que, se a epidemia se comportar e enfraquecer entre nós até 30 de abril, teremos, uma vez mais e apesar de tudo, novamente o país mais feliz do mundo, como cunhou o cineasta italiano que veio nos visitar, sem saber direito do que se tratava.

Porque, apesar de todo o estrago que está causando atualmente, ceifando vidas preciosas, tendo um prazo de duração previsto e comparavelmente curto em relação a outros países, podemos sim lembrar a frase que os nossos avós tanto repetiam: “Dos males, o menor”.

Voltando ao início deste editorial, temos a impressão de que S.Exa., o presidente da República, tem ojeriza por usar campanhas publicitárias do seu governo na mídia geral, talvez com receio de receber ataques dos seus inimigos, cujo grupo aumenta cada vez mais.

Por outro lado, porém, tendo em vista acreditarmos ser esse o principal motivo de negligenciar com a poderosa mídia não oficial brasileira, o país inteiro paga um alto preço pela demora da informação e principalmente na mídia particular, por se ocupar somente (o tema) dos noticiosos, que costumam não apresentar soluções, mas tão somente retratar o que está ocorrendo.

Uma vez mais, uma pena para um país que dispõe de um dos mais fortes e numerosos arsenais de mídia do planeta, não sendo devidamente usado por quem mais deveria se preocupar com o problema, além do próprio povo.

Bolsonaro que nos desculpe, mas a cada dia mais se assemelha àqueles enormes balões de material plástico, que uma vez carregados de gás elevam-se e encantam as multidões. Mas, com o esvaziamento natural do combustível, vão se desmoronando e caindo ao chão, perdendo totalmente a eficácia.

Completamos afirmando que se o governo federal, juntamente com os de estados mais poderosos, se juntasse em uma corajosa e forte campanha de esclarecimento público, o saldo negativo do novo coronavírus entre nós seria certamente menor.

Grandes epidemias também se combatem com um esforço descomunal de propaganda, esclarecendo a população de uma maneira geral, e mais em particular a de baixa renda, sobre os cuidados a serem tomados para minimizar os efeitos negativos do problema.

Já vimos dessa forma outras vezes, com resultados, se não ótimos, ao menos satisfatórios diante de previsões nefastas que acabaram não se concretizando.

A comunicação, quando forte, previne, evita e resguarda.

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Tratamos até aqui dos erros dos nossos governos em não usar o seu potencial de comunicação de forma maciça, através de todos os meios disponíveis.

O reverso da medalha está nas equipes de jornalismo dos meios, que não pouparam esforços em esmiuçar o vírus desconhecido, fornecendo à população condições, ainda que mínimas, de procurar evitar contraí-lo. Pena nesse embate, ter elegido, contrário senso, o governo federal para descarregar o fel das suas preferências contrariadas.

Em certos momentos, com a poderosa arma da comunicação em mãos, não se ensinava, ou se ensinava muito pouco, algumas medidas visando diminuir o alastramento do vírus. Em cada conversa com especialistas, havia um desvio de foco para a parte política, atrás de um proselitismo impróprio para um momento de gravidade como o que ainda atravessamos.

O governo Bolsonaro tem se mostrado pior do que imaginávamos no seu início, mas neste momento, deixando de lado a sua relutância em aproveitar as verbas publicitárias das entidades de governo acima mencionadas, o que poderia causar uma grande ajuda à fatia da população brasileira mais necessitada, não se comporta de todo mal, evitando a todo custo um alheamento do grave problema pelo qual todos estamos passando.

Pena, mas pena mesmo, que não consegue centralizar-se somente no tema novo coronavírus, hoje ainda acima de tudo em nosso país. Algumas vezes provocado, se desconcentra – o que é fácil nele – e traz à baila outros assuntos, que nada ou pouco têm a ver com o extermínio desse inimigo mortal que faz um estrago sem precedentes no planeta,  estando agora homiziado no Brasil e provocando vítimas fatais e um rebuliço na ordem das coisas como poucas vezes vimos acontecer.

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Quem ganha com o vírus – se é que assim se pode dizer – é a mídia eletrônica, que, embora sem ter provocado, tem obtido ganhos incríveis de audiência já bem antes do nefasto visitante aqui se estabelecer.

Proibidos que estamos de sair de casa – orientação que nem sempre se pode cumprir à risca –, aumentamos nossa obsessão pela mídia eletrônica, tornando-nos seus fãs nº 1 enquanto durar essa jornada tão infeliz para o planeta.

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A boa notícia é que finalmente a direção do Cannes Lions se definiu, prorrogando o evento deste ano para o fim de outubro.

Com isso, todos teremos tempo suficiente para nos ressarcir, cada qual à sua maneira, dos estragos provocados pelo terrível vírus, em todo o planeta publicitário.

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Não poderíamos encerrar sem um elogio aos dirigentes das agências e outras empresas que compõem o sempre elogiável mercado publicitário brasileiro.

O fechamento principalmente das agências trouxe uma segurança sem igual para todas as suas diversas equipes, que passaram a trabalhar no sistema home office, protegendo-se assim das aglomerações dentro e fora das mesmas.

Em decorrência, alguns clientes fizeram o mesmo nos seus departamentos respectivos, além de muitos outros fornecedores e players do mercado.

O prejuízo será com certeza recuperado no segundo semestre, quando vamos todos bombar, uma vez chutado o novo coronavírus para outro planeta, realizando em seis meses o que seria produzido pelo setor de janeiro a dezembro.

Pelo menos aqui no Brasil será assim, pois se possuímos algo sempre sobrando, é uma garra enorme voltada para o trabalho da comunicação. Estamos falando, que fique bem claro, do mercado publicitário, aqui incluídos todos os seus players.