Uma sigla composta de três letras tem sido cada vez mais comentada entre empresários e investidores brasileiros. Trata-se da ESG, abreviação do termo em inglês Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), que engloba conceitos cada vez mais estratégicos na medição de sustentabilidade e impacto social de um investimento, seja em empresa, negócio ou produto. Agora em março, o tema será assunto central de um fórum organizado pela XP Investimentos e terá conteúdo específico nas plataformas digitais do Lide – Grupo de Líderes Empresariais.
O ESG incorpora fatores ambientais (uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa, eficiência energética, poluição e gestão de resíduos e efluentes); sociais (políticas e relações do trabalho, inclusão e diversidade, direitos humanos, relações com comunidades, privacidade e proteção de dados); e de governança (compliance) como critérios de análise de investimento, indo, portanto, além das tradicionais métricas econômico-financeiras. Ele surgiu impulsionado pela crescente conscientização de questões como mudanças climáticas, diversidade de gênero e proteção ao meio ambiente.
Globalmente, mais de US$ 30 trilhões em ativos são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis como critério fundamental para alocação dos recursos. Isso representa um aumento de 34% em relação a 2016, de acordo com a Global Sustainable Investment.
Desse volume, US$ 14,1 trilhões estão na Europa, o que representa mais de 50% dos investimentos do continente. Nos Estados Unidos e Japão, por sua vez, a representatividade dos investimentos sustentáveis é menor, girando em torno de 26% e 18%, respectivamente. Mas a taxa de crescimento tem-se acelerado significativamente – nos EUA, esse mesmo percentual era de 22% em 2016, enquanto no Japão era de apenas 3%, ou cerca de 400% de crescimento no país asiático.
A Black Rock, maior gestora de recursos do mundo, com US$ 7 trilhões em ativos sob gestão, tem a sustentabilidade como parte central da estratégia de investimentos, com 100% de integração dos critérios ESG. Larry Fink, CEO da Black Rock, fala que “os fatores ESG estão se tornando cada vez mais dominantes, e não somente no que se refere à sustentabilidade, mas também sobre como as empresas evoluirão para se tornarem muito mais engajadas socialmente”.
Consumidores
O engajamento crescente dos consumidores em questões de sustentabilidade tem pressionado as empresas a melhorar seu posicionamento em relação aos fatores ESG. Pesquisa Nielsen realizada em 2017 com consumidores em todo o mundo mostrou que 81% deles acreditam fortemente que as empresas devem ajudar a melhorar o meio ambiente e mais de 60% dos entrevistados estão muito ou extremamente preocupados com a poluição do ar, da água, uso de embalagens, resíduos de alimentos etc.
A pesquisa ainda destaca que os consumidores mais jovens tendem a ser mais receptivos e dar maior importância às questões ambientais e sociais do que consumidores com idade superior: 80% dos respondentes da Geração Z e 85% da Geração Y dizem que é extremamente ou muito importante que as empresas possuam programas que visem melhorar o meio ambiente, percentual este que se compara a 65% no caso dos respondentes acima de 65 anos.
Os indivíduos da Geração Z, nascidos após 1990, já representam um quarto da população global e possuem papel importante em meio à mudança ambiental, tecnológica e social, bem como em suas famílias. Embora a Geração Z seja jovem e, portanto, tenha renda inferior à média, eles têm uma influência mais ampla. De acordo com uma pesquisa feita pela IBM e a National Retail Federation, também em 2017, 70% dos integrantes da Geração Z têm influência em como sua família gasta o dinheiro.
XP e Lide
Entre os dias 2 e 5 de março, a XP Investimentos, uma das maiores gestoras de fundos de investimento do Brasil, organiza a segunda edição da Expert ESG. O evento, que será 100% digital, como no ano passado, contará com nomes como Yuval Harari (historiador, filósofo e autor de best-sellers), John Elkington (especialista em sustentabilidade, conhecido mundialmente como “pai da sustentabilidade”), Raj Sisodia (fundador do Conscious Capitalism Inc. e professor da Babson College), Fiona Reynolds (CEO do PRI – Principles for Responsible Investment), Jean Case (chairman da National Geographic Society e CEO da Case Foundation), Rachel Maia (fundadora da RM Consulting e presidente do Conselho Consultivo da Unicef) e Paul Polman (ex-CEO da Unilever e fundador da Imagine).
“Acreditamos que ‘ESG’, da junção das palavras Ambiental, Social e Governança em inglês, são 3 letras que trazem protagonismo para as empresas e para as pessoas. Por essência, essa é uma jornada que deve ser construída de forma colaborativa e plural. Gerar debate no mercado e entre stakeholders sobre a responsabilidade e o potencial de cada um como agente da mudança é essencial nesse aspecto. O caminho pode não ser novo, mas ainda há muito a ser percorrido”, diz Marta Pinheiro, diretora ESG da XP Inc.
E também em março, o Lide – Grupo de Líderes Empresariais – terá comunicação específica em suas plataformas, com conteúdo qualificado para auxiliar as empresas na jornada de adoção dos princípios. O conteúdo tem curadoria do presidente do Lide Sustentabilidade, Roberto Klabin. Para ele, toda empresa que quiser se manter viável tem de estar alinhada aos princípios de sustentabilidade.
Entre as ações programadas está a Pesquisa Lide ESG, feita com exclusividade junto aos filiados da entidade (cerca de 1.700) para detectar o impacto deste tema nas empresas, a integração dos princípios aos negócios, engajamento e outros. Em 17 de março próximo, um encontro virtual promovido pelo Lide abordará o tema de como as mudanças climáticas se tornaram um risco para as empresas.
Entre os palestrantes estarão representantes da ONU, de fundos de investimento e de empresas com forte atuação nos critérios ESG para falar da experiência. De acordo com Celia Pompeia, vice-presidente executiva do Grupo Doria e integrante do comitê de gestão do Lide, o ESG é uma gama de princípios que todas as empresas deveriam seguir. “Não são só as grandes companhias que devem adotar o ESG. As pequenas devem também ter este olhar interno, em todos os processos e ações, gerando melhor governança.”