Cofundador da agência Pereira & O’Dell, com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, o publicitário brasileiro PJ Pereira está escalado para presidir o júri da competição Social & Influencer do Cannes Lions 2019. É a terceira vez que ele vai liderar um corpo de jurados no tradicional festival de criatividade. Em 2005, comandou o Cyber Lions; e em 2017, o Lions Entertainment, festival paralelo à agenda do Cannes Lions. Além de ter participado como jurado de várias áreas do festival, entre as quais Titanium. Um dos profissionais mais premiados em Cannes, PJ também exibe na sua prateleira troféus do Emmy Awards com cases para a Toshiba Intel. Confira a sua entrevista.

EXPECTATIVA
O Cannes Lions é um festival excitante porque todos os anos apresenta novidades consistentes. O que isso significa? Que ele oferece para a indústria da comunicação os assets de mudança; pelo viés da relevância. Esse festival mostra quais caminhos serão observados nos próximos anos. E saber para onde a indústria está indo é fundamental para os players da publicidade.

JÚRI
Ser convidado para a presidência de um júri pela terceira vez é um privilégio. Mas comandar o Social & Influencer Lions é algo diferente, porque não envolve apenas criativos de agências de propaganda. Por exemplo, a Bia Granja, do Youpix, que vai representar o Brasil nesse júri, não é uma publicitária. Mas a publicidade não pode ignorar o potencial dos influenciadores nas estratégias de comunicação. É uma abordagem nova e ampla. Essa combinação é instigante e seu conjunto traz algo que ajuda as marcas na conexão com sua cadeia de consumidores. Mas necessariamente não é uma propriedade das agências.

TRANSFORMAÇÃO
O olho de um furacão não tem vento. Mesmo sendo um fenômeno com ventanias de velocidades extremas. Quero dizer que estamos vivendo um momento de transformação radical e muito importante. É uma virada da cabeça para baixo. Por isso é importante ter a tranquilidade que está no olho do furacão. Os ventos fortes dessas tempestades não devem derrubar o mercado, mas mudar muita coisa. O senso de reconstrução deve ser permanente para que impactos sejam benéficos a uma transformação consistente, sem abalos. A social media e os influencers estão ajudando nessa transformação, que está apenas no início. Muita coisa ainda vem por aí. O importante é falar com os consumidores no seu tempo. Na Pereira & O’Dell estamos sempre em busca da transformação, mas sem perder o olhar para fazer trabalhos relevantes para as marcas.

EMMY
Já conquistamos três prêmios nesse festival, que não está no foco da publicidade. O case The Beauty Inside, para a Toshiba e Intel, foi um deles.

PERSPECTIVAS
A principal delas é saber comprar o tempo das audiências. Não importa o meio escolhido para a inserção da mensagem. Esse desafio não é novo, mas continua sendo algo que a publicidade precisa estar sempre antenada. O tempo tem uma verdade própria. Já não são mais 30 segundos, como ficou clássico o tempo para a exibição de comerciais na TV. Mas se for algo muito relevante, o consumidor vai destinar tempo para assistir. O que quero dizer é que, se não for algo envolvente, 30 segundos do tempo das pessoas pode ser bem caro.

SOCIAL
Faz parte do momento atual. Como construir marca fazendo posts nos feeds de social media? É um grande desafio. Mas com o uso do entretenimento certamente há possibilidade de sucesso.

TENDÊNCIAS
O Cannes Lions não é um festival de tendências. Mas elas sempre aparecem durante o festival. E direcionam a indústria.

PREPARAÇÃO
Tenho experiência em Cannes como jurado, delegado e presidente. Mas a busca pela qualidade é a única certeza que posso considerar. É essa busca que me move, na agência e como observador. Presidentes de júri não julgam, mas podem interferir com voto de minerva. Quero estar preparado para não deixar escapar a qualidade.

MÉTRICA
Os organizadores têm uma orientação padrão para os jurados. Esse sistema é bem seguro e garante votação isenta. Mas acho que se o jurado já sabe o que vai julgar, está com a cabeça errada. A surpresa é bacana.

LGPD
Pessoalmente tenho ideias sobre privacidade. Mas isso não deve interferir no júri.