O mercado de trabalho mudou muito. Se o adolescente lá atrás – e não tanto tempo assim – se angustiava na hora de escolher a carreira, as transformações frenéticas pelas quais passam as ofertas de vagas, impulsionadas pela
tecnologia e a globalização, podem tornar o horizonte ainda mais nebuloso. Não tem volta: a inovação afeta as profissões, criando demandas inéditas. Mas a roda gira suavemente com base na análise das novas exigências
ou necessidades do tal mercado.

 

Pensando nessa congruência, o disputado campus de São Paulo da Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM, repensa recorrentemente os conteúdos que disponibiliza para a formação superior. A casa, que abriu suas portas em 1951 para ensinar conceitos de publicidade, propaganda e marketing, expandiu seus horizontes e hoje oferece outros sete cursos de graduação: administração, ciências sociais e do consumo, cinema e audiovisual, design, jornalismo, relações internacionais e sistemas de informação. Todos dialogam entre si a fim de preparar (e bem) o estudante para o mercado, que escolhe cada vez mais com mais rigor.

 

A reportagem da revista Marketing passou uma semana na ESPM em busca de informações que possam dar luz às profissões que prometem a garantia de um futuro mais satisfatório.

A boa notícia é que até cursos tradicionais, como PP ou relações internacionais, foram repaginados para atender aos paradigmas existentes e aos que estão por vir. Mas a melhor de todas é que a ESPM tem uma taxa de empregabilidade alta em todos os cursos. O que, afinal, a escola pensa e faz em termos de educação para ser um nome de excelência em disseminação do conhecimento? Nesta edição, você vai ter a resposta a esta e a outras perguntas em dois programas, o de publicidade e propaganda e o de sistemas de informação, provas de que o tradicional e o atual podem (e devem) conviver em harmonia. “Nas próximas edições da Marketing, abordaremos os outros cursos da Escola”.

 

Tradição atualizada

Para os jovens que estão começando uma carreira agora, o futuro ocorre cotidianamente. A maioria, sem dúvida, não usou uma câmera analógica nem fez álbum com fotos em papel ou chamou um táxi estendendo o braço. A revolução tecnológica chegou, e chegou para ficar. Muitos softwares prometem dar fim a atividades tradicionais. O fato é que nenhuma (preste atenção: nenhuma) carreira vai escapar dos avanços que aportam nas nossas vidas. Mais do que isso: as empresas vivem dessa visão de futuro com uma luneta de enorme alcance. Não se trata de futurologia, mas de investimento em pesquisa e desenvolvimento. E o mundo promete mudar cada vez mais e com agilidade surpreendente.

 Diante desse quadro, o formato de distribuir conhecimento também precisou evoluir e a Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM, entendeu essa evolução já faz um tempo. Um dos métodos usados na concepção da escola é “escutar” o mercado, esse complexo mundo que parece entender os caminhos do que vem pela frente e está sempre à procura de profissionais com competências amplas. Em outras palavras, um estudante que opta por publicidade e propaganda na ESPM até pode não sair da escola como o cara da criação ou o promissor diretor de arte. Mas, certamente, vai receber o canudo entendendo toda a cadeia produtiva dessa indústria da comunicação.

 

“Sempre nos perguntamos como determinada carreira pode se beneficiar do DNA ESPM”, afirma Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico da concorrida escola. Mas qual é o DNA ESPM? “Mentalidade inovadora, empreendedora, conhecimento do mercado e do consumidor, voltado para o marketing. Procuramos áreas aderentes à nossa marca e, por essa via, oferecemos cursos únicos que só a ESPM pode desenvolver”, explica.

 O coração da escola é o curso de publicidade e propaganda, PP, onde tudo começou. O chamado Tech, de sistemas de informação, é bem mais recente na ESPM, teve início prático há quatro anos — a primeira turma está se formando agora. Mas o que uma carreira tem a ver com a outra? Gracioso explica: “Quando optamos por desenvolver o curso de sistemas de informação, pensamos em disseminar a competência de tecnologia para outras carreiras. Essa polinização é fundamental porque todas as áreas vão ser afetadas ou já são afetadas pela tecnologia em maior ou menor grau — e mesmo em menor grau, é elevado. Os nossos formandos precisam ter esse letramento digital. Tem de ser um curso inovador, também oferece o benefício de permitir que as outras carreiras se fortifiquem por essa competência”.

 

O esquema, em qualquer curso da ESPM, funciona assim: nos dois primeiros anos, os estudantes ficam em período integral, de manhã e à tarde, tempo de concentração de conteúdo. No fim do quarto semestre ou no início do quinto, passam para a noite para que possam começar a encarar o mercado de trabalho.

 

Indústria da comunicação

Coordenado há cinco anos pelo publicitário carioca Paulo Cunha, o curso de PP é o mais tradicional da ESPM. Foi com esse assunto que toda essa construção de disseminação de conhecimento começou, ainda nos anos 1950. Por isso, Cunha também sabe que tem uma grande responsabilidade nas mãos. Obviamente, o mestre se orgulha da alta taxa de empregabilidade dos estudantes de PP, que gira entre 85% e 90%. “Temos um volume grande de ex-alunos em postos de empresas com perfis diferentes. É um compromisso e tanto porque ajudamos literalmente a estruturar o mercado de trabalho com excelência na formação.”

 

Os 10%, 15% restantes, Cunha afirma, não estão em desalento. “Há aqueles que estão trabalhando como consultores. Mas a visão deles sobre estar empregado não é um trabalho de consultoria. Então, quando fazemos a pesquisa, eles respondem: ‘Não estou trabalhando agora ou eu não estou numa empresa como eu imaginava’. Outros fizeram estágios, mas não estão formalmente empregados porque querem dar início às próprias empresas. Outros ainda estão se encaminhando para as companhias de suas famílias. Há também os que optam por fazer uma pós-graduação antes de entrar no mercado.” Mas é fato que, de acordo com o acompanhamento anual feito pela ESPM, a grande maioria dos estudantes sai da escola com uma atividade garantida.

 

E é claro que PP está alinhado com o DNA ESPM. “Olhar para a frente é um dos deveres fundamentais de qualquer instituição de ensino porque, no mínimo, estamos preparando alguém para daqui a quatro anos. Ter essa visão, avaliar e analisar tendências não é bola de cristal. Existem variáveis que são estudadas e acompanhadas de perto por nós”, Cunha afirma.

 

Atém das transformações provocadas pela internet, as redes sociais e as ferramentas tecnológicas, o mestre de PP salienta as mudanças do próprio mercado. “Sabemos que muitos fatores mostram uma reorganização no mercado de comunicação no mundo inteiro. A tecnologia sempre foi um fator de movimento. Moisés abriu o Mar Vermelho com Charlton Heston no fim dos anos 1950 intencionalmente, porque a indústria do cinema precisava garantir espectadores. Mas há outros fatores, como a reorganização dos setores em termos de expectativa de lucratividade, em termos de expansão ou não dos negócios.”

 

No mundo conectado e quase sem fronteiras, o curso de PP pode até formar um promissor profissional da área de criação ou um genial e talentoso diretor de arte – sonho de muita gente que escolhe essa carreira. Mas Cunha avisa que é totalmente “old school” imaginar que, no mundo corporativo, criatividade está centralizada nessas áreas. Por isso, ele faça que o curso da ESPM não pode se dar ao desfrute de explicar a comunicação de forma reducionista. “É preciso encarar o desafio de fazer entender o mercado e suas transições. Hoje é fundamental ter conhecimento de audiovisual, por exemplo, por causa da lógica de produção de conteúdo. É uma realidade muito mais ampla do que foi no passado. Existe um foco de especialização, porém é necessário ter a visão do todo.”

 

O que significa reforçar a importância de explicar como funciona o mundo corporativo, o business. “Em publicidade e propaganda, existe uma cadeia gigantesca de produção. Por isso adotamos como conceito, inclusive envolvendo treinamento de professores, a lógica da indústria de comunicação, com empresas que fazem contratos, planejam estratégias, criam, comercializam espaços, preveem lucro.” No entanto, o mercado, Cunha esclarece, tem estruturas tradicionais, que são mais ousadas e flexíveis. “O importante, para nós, é entender como essa cadeia se relaciona e como essas relações vão sendo alteradas para que possamos estimular a percepção de cada aluno e, por meio de suas competências, poder ter aderência ao mercado. Mas vai haver especialização, não tenho a menor dúvida. Se o trabalho é de atendimento em agência, ele terá essa especialização em negócios e chances enormes de se tornar um excelente atendimento. Se é um aluno com perfil para o marketing, precisa ter conhecimento da cadeia produtiva, com toda a visão da empresa.” A percepção de negócio é ferramenta forte na ESPM em todos os seus cursos. “Aqui os alunos aprendem a ser gestores.”

 

Anos atrás, algumas áreas da comunicação, como publicidade e jornalismo, não se misturavam na prática, mas hoje existem zonas de
proximidade. “O mercado permite essa organização, mas é importante sinalizar que nós estamos falando de uma visão que está acontecendo hoje e projetarmos para o futuro. No entanto, o mercado ainda é regido, na sua maioria, por grandes empresas, grandes volumes de investimento, grandes estruturas que funcionam também no modo tradicional. Então, temos de mostrar o novo, indicar para onde está caminhando o mercado, acompanhando passo a passo. Explicando, inclusive, o que isso significa em termos de negócios, em termos de circulação de dinheiro.”

 

Cunha cita um exemplo: “Vinte anos atrás, talvez nem tanto,
os jornalistas que cobriam cinema, área de entretenimento, iam a uma exibição fechada para, depois, fazer o comentário sobre o filme. Ninguém contava o final. Hoje o spoiler é parte da estratégia de negócio. Ou seja, a cultura do spoiler foi absorvida pela comunicação como uma maneira de ampliar a experiência, engajando espectadores, consumidores.” Ele aposta que essa nova maneira de comunicar um assunto teve a colaboração da indústria
de games. “Ao analisar os anos 1990 e a primeira década do século 21, com o crescimento dos jogos, havia uma quantidade significativa de publicações ensinando o consumidor a mudar de fase em cada jogo. Uma hipótese, não uma verdade absoluta, é que era o início dessa cultura.”

 

Publicitário de formação, Paulo Cunha, que também é psicanalista, trabalhou 20 anos como executivo na área de atendimento em agências de propaganda. Há cerca de pouco mais de 15 anos, fez a transição para a vida acadêmica, mantendo-se no mercado com trabalhos de consultoria. Chegou à ESPM quando procurava parceiros para desenvolver projetos. “Nós sabíamos da relação intrínseca da ESPM com o mercado”, diz. Acabou ficando na casa, primeiro como professor, depois como supervisor da área de comunicação integrada e agora como coordenador. “É um grande desafio, mas é delicioso. Sou um apaixonado por comunicação e assistir a todas essas transições, ver como o mercado responde e ensinar os mais novos é um privilégio.”

 

De ponta

Em 2013, a ESPM obteve aprovação do MEC para a abertura do curso de sistemas de informação, chamado na escola de Tech. Mas os catedráticos começaram a desenhar a estrutura dessa graduação anos antes, em 2009. “Identificamos que a ESPM atuava em todas as áreas da economia criativa em maior ou menor grau, de acordo com dados da ONU, mas faltava a área de tecnologia. Então, pesquisamos o que havia no mundo sobre o assunto e passamos a seguir os países que estão liderando esse processo, como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Austrália”, afirma Rodrigo Tafner, um dos mentores do programa e coordenador do curso. “Esses países têm muito a ensinar a respeito de tecnologia aplicada à gestão, à comunicação e ao entretenimento, áreas da economia criativa.”

 

Tafner afirma que a escola se adequou às necessidades impostas pelo MEC, mas flexibilizou a grade curricular, agregando conhecimentos para “escapar” dos tradicionais cursos de graduação de sistemas de informação, que hoje “basicamente formam profissionais que vão trabalhar em departamentos de TI”. Como de costume, a ESPM imprimiu sua identidade ao criar um programa em que alunos saem capacitados para outras áreas, como marketing, comunicação, business intelligence (BI) e analytics, entre outras. “Esse curso foi desenvolvido com o nosso DNA”, salienta Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico. No entanto, o aluno sai da ESPM como bacharel em sistemas de informação – a primeira turma se forma neste primeiro semestre de 2018.

 

Seguindo a metodologia da escola, os estudantes passam os dois primeiros anos em período integral, manhã e tarde. “É assim quase todos os dias da semana, com disciplina e muito café, que não pode faltar”, diz Tafner. “O resto, a gente se vira. Nem computador é imprescindível porque eles conseguem fazer acesso remoto, trabalhar pelo celular, pelo tablet.” No fim do quarto semestre, eles vão para o período noturno e começam a entrar no mercado de trabalho, como todos os demais alunos da ESPM. “Já temos um índice de empregabilidade maior que 95%”, orgulha-se o coordenador. “Eles estão em instituições financeiras, companhias de alimentos, laboratórios médicos, empresas de pesquisa e de publicidade.”

 

Na prática, é a aplicação das tecnologias para diversos setores. “Antigamente, era comum ver nas empresas duas pessoas pensando em análise de dados, um cara técnico e outro que fazia a análise mercadológica dos dados. Hoje você tem o data science, que é um cara formado aqui. Ele consegue extrair o dado, limpar o dado, enxergar onde ele pode coletar dados, maneiras para coletar dados, gerar insights do ponto de vista de negócios. Consegue ir de ponta a ponta”, explica Tafner.

 

Desde a primeira turma, que começou em agosto de 2014, até agora, o número de alunos nessa graduação só cresceu: oito turmas, cerca de 200 estudantes. Tafner afirma que a iniciativa da ESPM em criar o curso é pioneira porque “não há nada parecido e a escola forma as pessoas que estão sendo procuradas no mercado”. Quem são
esses profissionais? “Cientista de dados não é uma carreira formalizada no MEC, não existe um curso de graduação que forme esse profissional. Para tanto, ele precisa fazer uma pós nesse assunto. Mas aqui, na graduação, eu encontro esse profissional”, ele garante.

 

É um conjunto de diferencias que a ESPM oferece, sempre com foco no mercado. Um aluno que se interessa por games, por exemplo, precisa entender que trata-se de um negócio e a ideia precisa dar lucro. “As empresas precisam de gente que entenda toda a cadeia produtiva: a criação, o desenvolvimento, a publicação do jogo e as transações.” Jogos eletrônicos estão cada vez mais baratos e a tendência, diz Tafner, é que eles sejam gratuitos. E aí, como fica o negócio? “Já estão surgindo as microtransações dentro dos jogos. Ter essa visão de futuro é fundamental.”

 

Formado por executivos de empresas de tecnologia ou grandes demandantes de tecnologia, o grupo chamado GPS reúne profissionais que dão suporte à escola. “Há gente de agência, da indústria de games, de tecnologia, de bens de consumo… Nós nos reunimos duas vezes ao ano para eles mostrarem as tendências da área. Não adianta olhar o hoje. O aluno que entra agora vai se formar daqui a quatro anos e, nesse tempo, muita coisa vai mudar. Preciso que esse grupo nos informe, na visão das empresas, como vai ser a tecnologia daqui a cinco, seis anos.”

 

Sim, trata-se de uma luneta futurista que indica os caminhos, que não tem nada a ver com bola de cristal, mas com investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento. “É nosso dever estarmos antenados”, afirma Tafner. “A tecnologia não tem mais fronteiras. As grandes empresas sabem o que estão pesquisando, para onde seguem as tendências.”

 

 Ele cita como exemplo o carro autônomo e afirma, sem pestanejar, que em cinco anos, mais ou menos, o Uber será diferente do que conhecemos. “Ele já se associou ao Google para desenvolver seu carro autônomo e nós vamos andar de Uber sem motorista. Essa mudança de comportamento vai gerar outras porque a tendência é nós não termos carro próprio. O que eu penso do lado de cá? Que impacto o carro autônomo vai ter em outros negócios? O que será que vai acontecer com as empresas de seguro, se não vamos mais ter automóvel na garagem? Com certeza, isso vai gerar um impacto grande nas seguradoras, no business dessas empresas. Já existe uma tecnologia, que é um protocolo baseado em confiança, em que não há necessidade de ter uma entidade centralizadora, que autentique uma transação comercial, capaz de fazer contratos inteligentes, o que pode ajudar a fazer seguro, por exemplo. Isso é importante e real. Por isso estudamos essas questões nos cursos tech, administração e publicidade.”

 

A revolução tecnológica caminha em ritmo alucinado e vamos ter de nos adaptar a novos comportamentos, como fazer compras sem ter de enfrentar filas em caixas de supermercados ou conversas com atendentes. Já existe no Brasil, em Vitória, uma loja em que o usuário entra, pega os produtos, coloca em sua sacola e sai. Trata-se da Amazon Go. O comprador precisa ter o aplicativo da loja no celular, que pode ser qualquer smartphone, para que o valor da conta seja debitado no cartão de crédito. “Isso é a realidade.”

 

Para Tafner, a tecnologia vai acabar com a parte “braço” para dar espaço ao homem de pensar mais e mais. “O trabalho manual deixa de existir, mas o intelectual será mantido. O ser humano não foi feito para fazer trabalhos mecânicos.” O mestre sabe o que diz. Publicitário formado pela ESPM, Tafner tem MBA em
marketing, mestrado em gestão internacional de negócios e pós-graduação em administração. Além disso, é programador profissional desde os 17 anos de idade, quando recebeu seu primeiro salário. Com educadores tão capacitados, a ESPM se mantém no topo da montanha quando o assunto é buscar profissionais jovens com currículos de dar inveja.

 

 

 

 

O novo mundo
é filho do velho

por Armando Ferrentini*

 

As profissões do futuro serão aquelas que o futuro exigir e isso já começou. Na verdade, começou desde que o mundo é mundo.

A cada avanço científico e tecnológico do ser humano, surgiram novas atividades (profissões) e aperfeiçoaram-se as existentes, inclusive com a criação de especializações.

O clínico geral que os nossos pais consultavam quando sentiam algum abalo na saúde, foi aos poucos desaparecendo (ainda há alguns abnegados), para dar lugar aos especialistas, cada vez mais “craques” em função do avanço da tecnologia.

Se a humanidade não parou de evoluir na procura de novas atividades profissionais, decorrentes do próprio avanço, não restam dúvidas de que, de tempos em tempos, surgem tecnologias que rapidamente se espalham pelo planeta, influenciando e modificando a vida dos seus habitantes.

Basta imaginar a invenção do motor a explosão, adaptado aos meios de transporte que em terra firme eram conduzidos pelo esforço do ser humano e dos irracionais. O salto que então se deu foi gigantesco para o progresso da humanidade, resultando inclusive (embora bem mais tarde) nos voos dos mais pesados que o ar, que consagraram Santos Dumont (para nós) e os Irmãos Wright (para os norte-americanos).

Na área do marketing, se considerarmos que o “colocar no mercado” inclui de forma decisiva a comunicação, temos de nos render ao fantástico universo digital, hoje introduzido e utilizado por praticamente todas as atividades humanas.

Diante disso, precisamos considerar para o melhor exercício das profissões do futuro, principalmente as que já estão entre nós, a necessidade de um conhecimento avançado da tecnologia digital.

Se o analógico dominou nossas atividades e de forma imperiosa até de duas a três décadas atrás, hoje o digital o substitui, mesmo que ainda não o exclua (ainda) totalmente. É um processo que não mais se detém e por isso mesmo estará presente 100% em todas as profissões do futuro. Tanto naquelas já existentes e se aperfeiçoam com a inclusão do digital, como as que estão por vir e virão já exclusivamente impregnadas pelo digital.

Assim, para não alargarmos o alcance da antiga sabedoria do “tudo parece novo para quem não conhece o existente”, é cada vez mais necessária a qualquer profissional, novato ou já experiente e mais ainda aqueles que se dispõem a iniciar em uma nova atividade, conhecer de forma ilimitada os recursos do mundo digital.

Quanto mais amplo esse conhecimento, mais oportunidades surgirão nas chamadas profissões do futuro, que a rigor tiveram seu início no passado, quando tudo realmente começou.

 

 

 

 

 “Tudo esta mudando
e vai mudar muito mais”

por Dalton Pastore*

Não sei dizer se foi sempre assim, mas nas últimas décadas nós todos desenvolvemos uma paixão compulsória pela mudança, que foi se aprofundando a cada momento.

Fulano tem resistência a mudança? Pena capital: rua!

Para logo adiante: Fulano não tem desejo de mudança? Sentença definida.

E foi por aí: Fulano não está preparado para mudança? Tá fora!

E assim chegamos ao hoje: o profissional não pode ter resistência, precisa ter desejo, estar preparado e ser um agente ativo de mudança.

 “Adoro sair da minha zona de conforto!”

Mentira, gosta nada! Ninguém quer sair do cantinho quentinho seguro e gostosinho.

Mas, sabe o quê? Tudo está mesmo mudando e vai mudar muito mais. Mas muito, muito, muito mais.

A revolução industrial do século 19 foi um poderoso agente de mudança, que colocou toda a humanidade num estado de excitado desconforto e alarmante insegurança. E aquela foi uma revolução que substituiu humanos automatizando operações mecânicas. Agora estamos dando apenas os primeiros passos de uma revolução muito mais poderosa, atômica, nuclear, com as máquinas substituindo humanos em operações da inteligência.

Agora a coisa aperta de vez!

Não sabemos onde isso vai parar, mas já sabemos que não vai parar.

Essa é, talvez, a característica mais sensacional do ser humano: nós mergulhamos de corpo e alma no desconhecido. E foi isso que nos trouxe até aqui. Para o bem e para o mal.

Mesmo estando ainda nos primeiros passos deste novo caminho, algumas coisas nós já sabemos. Muitas das profissões atuais não existirão daqui a alguns poucos anos, o que impõe um desafio especialmente espetacular para as escolas.

Na ESPM pensamos, estudamos e discutimos sobre isso todos os dias. Temos um enorme compromisso com nossos estudantes e temos consciência de que não estamos vendendo cursos. Estamos comprometidos a entregar, para a sociedade e para o mercado profissional, uma pessoa melhor, mais bem preparada, um agente de mudança competente. Um transformador.

Esse objetivo e os caminhos para levar a ele estão definidos em nosso PDA – Plano Diretor Acadêmico desde 2012.

Sabemos que o domínio da tecnologia, em especial de informação, já é condição de entrada no mercado de trabalho e empreendedorismo e estamos nos assegurando que este conhecimento e habilidade sejam familiares a nossos estudantes de todos os cursos.

No mês passado, inauguramos a ESPM Tech. Um novo campus completamente diferenciado de tudo o que existe no Brasil, preparado para o aprendizado através de metodologias ativas, aprendizado com pares, trabalhos por projeto, cursos blended (online somado ao presencial) e cursos de atualização e pós-graduação com parceiros como a IBM e o ITA.

Desde o seu nascimento, em 1951, a ESPM sempre foi um centro de transformação e de inovação. Isso, de alguma forma, é mais forte do que nossa vontade. Está em nosso DNA. E se reflete em nossos cursos, em nossas metodologias de aprendizado, em nossas atitudes e em nossas instalações.

O futuro, como se sabe, tem o mau hábito de ainda não ter ocorrido, de forma que é sempre desafiador trabalhar com ele e se preparar para ele. Mas os estudantes saem da ESPM voltados para negócios, focados no mercado, confortáveis com tecnologia e com habilidades criativas.

O futuro será deles.

 

 

O futuro combina criatividade, tecnologia e mentalidade empreendedora

por: Alexandre Gracioso

 

Se há algo que podemos falar sobre o futuro é que é muito difícil prevê-lo.  Isso é verdade quando se trata do mercado financeiro e também quando se trata do mercado de trabalho. Os últimos cinco a dez anos foram palco de mudanças aceleradas em todas as dimensões das nossas vidas e os negócios e o trabalho também tiveram de se reinventar.

Porém, esse processo de reinvenção ainda não terminou.  Pelo contrário, parece que ele está apenas começando. Ao menos é o que garantem os especialistas em tendências e, principalmente, desenvolvedores de tecnologia.

Tecnologia: esta palavra parece ter revolucionado a realidade. Tudo é tecnologia, todas as carreiras dependem de tecnologia, desde as mais operacionais até as mais intelectualizadas. Aliás, muitas carreiras estão ameaçadas pela tecnologia.  A transformação tecnológica fará com que muitas carreiras surjam, mas também com que muitas outras desapareçam.

O que as pessoas precisam fazer, portanto, para se destacar e se manter competitivas e relevantes nesse mercado de trabalho em profunda mudança? Bem, dado o impacto da tecnologia em todas as carreiras, ter amplo domínio tecnológico, um elevado nível de Letramento Digital, parece ser um bom ponto de partida.  Porém, esse é apenas o ponto de partida, mas é insuficiente para uma trajetória de sucesso, no longo prazo.

Adicionalmente, e não menos importante, me parece que duas competências continuarão a ser valorizadas, até pelo fato de diferenciar o ser humano da máquina: capacidade criativa e habilidades de liderança.

Ainda não se conhece um computador capaz de criar como o ser humano cria, não se sabe nem se chegaremos a esse ponto. Certamente, caso isso ocorra, não será no horizonte visível.  A criatividade ainda é, e talvez continue a ser por muito tempo, um importante diferencial do ser humano. Portanto, ao longo da formação profissional e pessoal, as pessoas precisam se atentar ao desafio de desenvolver as suas capacidades criativas. Ter uma visão aberta e curiosa para a vida e o mundo que nos cerca é fundamental. Curiosidade, esse aspecto que muitas vezes consideramos irritante em crianças, está no cerne da criatividade.

Outro importante aspecto é demonstrar uma mentalidade empreendedora. Sabemos que nem todos têm o anseio de empreender, mas a mentalidade empreendedora, quando bem compreendida, traz benefícios para qualquer profissional. O empreendedor procura oportunidades, é inovador, aprende com os erros, aceita correr riscos e coloca todo o seu empenho em concretizar ideias e projetos. 
Essas características são importantes tanto para aqueles que desejam fundar os próprios negócios quanto para aqueles que se vêem trabalhando em organizações existentes. O mercado contemporâneo pede inovação e, por outro lado, reconhece e remunera muito bem os que são capazes de inovar.

Finalmente, pode-se perguntar quais áreas são as mais promissoras. Correndo o risco de ser superficial na resposta, eu diria que são aquelas em que o ser humano tem maiores possibilidades de se expressar na plenitude.  Áreas que exigem que as pessoas aprendam continuamente, se desprendam de conceitos aprendidos que tenham se tornado obsoletos. Isso exigirá que as pessoas estejam em constante movimento, contínuo autodesenvolvimento e aprendizagem. Há um ditado que fala que vida é movimento e quem fica parado envelhece e morre. Isso certamente descreve bem a necessidade de mudança constante para dar conta de trajetórias profissionais longas e diversas como as que esperam os jovens e as crianças de hoje e do amanhã.

 

*Vice-presidente acadêmico da ESPM