Um dos maiores diretores de arte da história da publicidade brasileira, Gerhard Wilda, falecido em 2005, teve seis de seus quadros (óleos sobre tela) adquiridos, na semana passada, pela ESPM. Os trabalhos serão incorporados ao acervo do Instituto Cultural da escola de comunicação. As obras foram concedidas por Annette Wilda, filha do publicitário, com a presença de João Natale Netto, “amigo e discípulo” de Wilda, e de membros da escola – o presidente da diretoria-executiva J. Roberto Whitaker Penteado; o vice-presidente de marketing, José Francisco Queiroz, e o diretor da Graduação SP, Luiz Garcia.
Nascido em 1915, na Alemanha, Wilda chegou ao Brasil em 1936, fugindo da perseguição nazista. Além do importante trabalho como publicitário, ele também foi professor e um artista plástico renomado, e é este patrimônio que a ESPM pretende resgatar para a memoria da propaganda brasileira.
A ESPM, em comunicado, diz ter um “carinho especial pelo professor Wilda”, como era chamado. Sua ligação com a escola vem desde antes de sua própria fundação: foi Wilda quem organizou, em 1951, a pedido de Pietro Maria Bardi, o 1º Salão Nacional da Propaganda, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), onde a arte publicitária era a grande estrela. Esta exposição foi a semente que gerou a Escola de Propaganda do Masp, que se tornaria a ESPM de hoje. Desde essa época, Wilda jamais se afastou da instituição, até falecer em 2005 como o decano dos professores do local.
Esta não é a primeira vez que a escola presta uma homenagem ao publicitário. Em 2011, por ocasião do 60º aniversario da ESPM, foi instituída a Medalha de Merito Acadêmico Gerhard Wilda, concedida a funcionários e colaboradores da instituição que tenham se destacado por um histórico de relacionamentos e serviços. Este ano, também será comemorado o centenário de seu nascimento.
Wilda também foi um dos fundadores, em 1937, da Associação Paulista de Propaganda – a APP, hoje Associação dos Profissionais de Propaganda. No Brasil, atuou pela NW Ayer & Son, filial de uma agência americana que tinha no país clientes como Ford, General Electric, Gessy e Kibon – foi Wilda, aliás, quem criou o primeiro logotipo da marca de sorvetes para o mercado nacional.
Também atuou na Lintas até se transferir, em 1945, para a McCann-Erickson, agência que tinha como clientes Coca-Cola, Goodyear, General Motors, Du Pont, entre outros. Segundo o próprio Wilda, foi onde ele “alargou seus horizontes na publicidade”. Ele ainda voltaria a trabalhar na Lintas e na PA Nascimento-Alcar. Em 1973, começou a atuar de forma autônoma.