O jornal O Estado de S.Paulo, representante oficial do no país, reuniu em um almoço na tarde desta terça-feira (31), em São Paulo, os jurados que irão representar o Brasil nas três competições do encontro, em junho, na Riviera Francesa. O evento aconteceu sob o comando de Flavio Pestana, diretor de mercado anunciante do veículo. O tradicional Cannes Lions, principal evento da comunicação mundial ocorre entre os dias 21 e 27 de junho. Já o Lions Health, que está em sua segunda edição, irá avaliar as peças da área de saúde e bem-estar nos dias 19 e 20. E o estreante Lions Innovation, área criada em 2013 dentro da programação do Cannes Lions e que este ano estreia como um festival à parte, será realizado nos dias 25 e 26 de junho.
Este ano, além dos jurados, o Cannes Lions conta pela primeira vez com dois presidentes de júris brasileiros –João Daniel Tikhomiroff, sócio-fundador da Mixer, que irá comandar as avaliações do trabalho de Film Craft, e Joanna Monteiro, VP de criação da FCB Brasil, presidente do Mobile Lions. Também figuram no júri da principal competição do Lions Festivals: Fernando Nobre, VP de criação da Borghi/Lowe (na área de Film); Sergio Gordilho, co-presidente e diretor-geral de criação da Africa (Cyber); Guilherme Jahara, CCO da F.biz (Press); Álvaro Rodrigues, VP de criação da Africa Rio (Outdoor); Philippe Degen, diretor de criação da Talent (Radio); Alexandre Ugadin, VP de mídia da FCB Brasil (Media); Julio Anguita, sócio-diretor da Babel (Promo & Activation); Alexandre Ravagnani, diretor de criação digital da Havas (Direct); Giovanni Rivetti, sócio-diretor da New Content (Branded Content & Entertainment); Glen Valente, diretor comercial e de marketing do SBT (Creative Effectiveness); Ana Couto, CEO da Ana Couto Branding (Design); Leonardo Massarelli, sócio-diretor da Questo/Nó (Product Design); e Kiki Moretti, fundadora e CEO da In Press Porter Novelli (PR).
Já nas outras duas competições, os jurados brasileiros são Ricardo John, CCO da J. Walter Thompson, e Emerson Braga, CCO da Revolution Brasil, ambos no Lions Health; e André Pasquali, VP de criação da Rapp Brasil, no Lions Innovation.
Ideia
“A ideia é majestade”, disse Tikhomiroff em uma mini palestra aos presentes no encontro (leia abaixo).
Independentemente da disciplina – e agora do festival –, a ideia sempre prevalece para se chegar aos trabalhos vencedores. “Estou 28 anos nesse negócio e sempre foi assim. Se antes um comercial era algo de 30 segundos, hoje ele pode ser um viral, um filme online, os próprios 30 segundos, um branded content”, opina Fernando Nobre.
Sergio Gordilho, da Africa, um dos mais reconhecidos diretores de arte do país e que estará julgando a área de Cyber – iniciada nos anos 90 como sendo “a categoria do digital” -, aponta a diversidade da área, mas que, desde seu início, é a ideia que sempre prevaleceu. “Lógico, hoje temos dados, mais tecnologia e outros elementos a serem avaliados. Mas o fim é sempre o mesmo”.
A ideia é o ponto forte inclusive para os outros festivais. Ricardo John, que já foi jurado de Press no Cannes Lions, em 2013, vai levar sua experiência em 2015 para o Lions Health. “Vai ser algo interessante. Não é fácil chegar a um critério sobre o que premiar em um encontro que conta com trabalhos de saúde. Como avaliar? Por isso que eu terei como critério justamente a ideia – que é algo universal, justo e seletivo”, afirma.
“A ideia é importante, desde que não seja vista de uma forma vaga, forçada. Lógico que é o ponto principal em um festival de criatividade. E isso pode parecer o óbvio, mas também, além de ser criativo, temos que dar relevância à ideia que se mostre pertinente, que comprovadamente se encaixe na proposta do trabalho”, diz Joanna Monteiro.
Tikhomiroff
O encontro ainda contou com uma palestra de João Daniel Tikhomiroff. O experiente brasileiro, um dos profissionais que mais conquistou Leões na história do Festival de Cannes, é pela sexta vez jurado no evento. “No Brasil, ninguém conhece melhor aquelas salas de jurados do que o João Daniel”, disse Flavio Pestana, do Estadão, antes de entregar a palavra ao presidente de júri da categoria Film Craft.
Segundo o sócio-fundador da Mixer, para representar bem o país, os jurados brasileiros devem assumir uma postura simpática, porém com personalidade.”Impor naturalmente os pontos de vista e critérios de avaliação, além de buscar fazer comentários que vão cair bem entre os demais membros do júri. Isso faz você ser olhado com mais respeito e ajuda a influenciar na hora de definir os ganhadores”, diz.
Perguntado sobre as mudanças que presenciou no Festival desde sua primeira participação como jurado, Tikhomiroff destacou o auxílio da tecnologia na avaliação das peças. De acordo com o criativo, hoje tablets oferecem informações adicionais sobre as peças como a relevância atingida por meio do número de vendas ou de views na internet, por exemplo.
A última dica é que os jurados avaliem os trabalhos a partir de grandes ideias e que isso seja o ponto fundamental das análises. “A primeira coisa a se julgar é a ideia e depois a excelência da execução”, afirma Tikhomiroff.
Antes de finalizar, ele ainda revelou que está sugerindo uma conversa em Cannes com todos os presidentes de júri para afinar o que estará acontecendo em todas as salas. O objetivo é interagir com as categorias mais próximas umas às outras para não haver interposições desnecessárias ou, quando houver a necessidade, que uma ajude a outra na decisão que valorize de fato a melhor peça.