Uma ressaca econômica pode chegar para os fabricantes, revendedores e fornecedores de bebidas alcoólicas dos Estados Unidos. Estudo desenvolvido pela The Nielsen Company mostra que a crise financeira está alterando os hábitos de consumo e compra de bebidas alcoólicas dos consumidores americanos.
Eles estão sendo mais rigorosos no gasto de seus dólares, pesquisando mais, comparando nas prateleiras, aproveitando promoções, preferindo produtos americanos e até deixando de ir a restaurantes ou mudando os seus hábitos ao jantar fora de casa. O estudo, tema de reportagem na Adweek, foi apresentado semana passada na conferência Nielsen’s Consumer 360, em Nova York.
Os resultados mostram as mudanças atuais e ainda a intenção dos consumidores de mantê-las quando a recessão passar. Segundo o estudo, que é baseado em entrevistas com 5 mil americanos consumidores de bebidas alcoólicas, 56% deles estão jantando em casa com maior frequência e 37% estão indo menos a bares e clubes.
Com isso, eles agora buscam cada vez mais o melhor valor e menor preço ao adquirir um produto. Metade dos consumidores disse que está comparando preços e aproveitando as vantagens de promoções especiais ao invés de comprar por impulso. Quase a metade deles – 42% – também informou que está comprando em grandes quantidades, quando o preço é válido.
O vice-presidente de bebidas e álcool da The Nielsen Company, Danny Brager, disse que o consumidor está claramente focado no valor e, em muitos casos, mudando hábitos de compra para ter o melhor para o bolso. “Temos que ver se as mudanças são temporárias ou exatamente quanto tempo demorará a ressaca econômica depois que sairmos desta recessão”, disse.
Fornecedores e revendedores têm que garantir a força de suas mensagens, com variedade de produtos e preços, para atender a uma gama de consumidores com diferentes condições financeiras. “O valor atrai a atenção do consumidor neste cenário e as promoções e ofertas especiais podem ser uma forma eficaz de levar consumidores para as lojas ou a experimentar uma nova marca”, afirmou. “Com os consumidores comparando os preços, os fornecedores de bebidas tem que garantir que seus produtos estejam com o preço correto, se comparados com os concorrentes”, avaliou.
O estudo mostra ainda que 28% estão comprando produtos americanos ao invés de importados e que 25% preferem os fabricados localmente; já 23% dos consumidores estão buscando comprar marcas que já experimentaram, com o melhor preço. Quando estão em um restaurante ou bar, 24% dos consumidores de vinho estão trocando a bebida por drinks mais baratos enquanto um terço dos consumidores que consome bebidas destiladas está diminuindo a quantidade de drinks que bebe. Em todo o grupo, os consumidores mostram que estão com restrição em comprar marcas em lugares mais altos e melhor localizadas nas prateleiras dos supermercados.
A pesquisa da Nielsen também mostrou que os gastos com álcool serão mais restritos após a recuperação econômica. Apenas 24% dos entrevistados anteciparam que vão aumentar seus gastos com vinho, 21% com destilados e 18% com cerveja. O retorno nos gastos com bebidas será maior nos consumidores entre 21 e 34 anos, que estão mais otimistas com a recuperação econômica, já que não passaram por outras crises. Os maiores de 55 anos mostram que mesmo com a recuperação econômica, vão economizar para garantir seus planos de aposentadoria. Mas de todos os pesquisados, 75% disseram que não planejam mudar os hábitos depois da recessão.
por Teresa Levin