Com o declínio de negócios do mercado imobiliário, agências de comunicação especializadas nesse trade tiveram de, literalmente, se reiventar. Foi o que ocorreu com a Eugenio Publicidade. A agência chegou a ser listada entre as maiores do país, com o volume de trabalho realizado para clientes como Cyrella, Odebrecht Residencial e, por exemplo, Brooksfield. Nas palavras do empresário Maurício Eugenio, foi um momento de tsunami quase irreversível. A expertise em casa e construção tinha um peso tão grande na operação que Eugenio criou a Elite, uma empresa de vendas de imóveis com 1.500 corretores, e deixou o comando da agência por cerca de quatro anos. Retornou em 2013, no boom imobiliário, mas algum tempo depois passou a enfrentar a turbulência do setor. 

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“Tive de buscar uma nova solução para o negócio prosseguir. Simplesmente o mercado parou. Precisamos buscar inspiração nas ideias que tivemos no passado, como compreender que há sete formatos familiares, do tradicional ao GLS, para produzir uma comunicação mais assertiva. Agora, foi a abertura para um olhar mais digital. Foi por esta razão que a Thaiza Eugenio assumiu o comando da agência para coordenar esse novo direcionamento estratégico. Não queremos ser especialistas em ferramentas wwwdigitais, mas entender a cabeça dos consumidores e como eles enxergam o produto imobiliário”, explica Eugenio.

O processo disruptivo pelo viés digital não se aplica apenas à operação publicitária da agência. O live marketing é outro vetor que está na pauta de Eugenio. Ele criou o projeto Greenk Tech Show, uma combinação semiótica das palavras green com geek. A primeira edição do evento será entre os dias 23 e 25 do próximo mês de junho, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Para conceber o Greenk, Eugenio e seus sócios, Gustavo Damy e Gláucia Pelotta, uniram seus respectivos radares para formatar um produto cujo conceito central é a orientação do descarte do e-lixo. Na era dos devices multiconectados, não há um plano eficaz para recolher equipamentos recheados de chumbo, cádmio, lítio, mercúrio, carbono e belírio, além de vidro, plástico e metais preciosos, como a prata. O Japão vai produzir parte das medalhas olímpicas da Tóquio 2020 com o reaproveitamento desses materiais descartados pelos usuários.

O Greenk terá patrocínio máster da Motorola, gigante das telecomunicações, que nutre esse tipo de preocupação em âmbito global. Nos três dias do evento, os usuários terão containers para jogar fora o que não tem mais usabilidade. O e-lixo também será moeda de troca na compra de ingressos. O desconto é de 50%. Em vários pontos da cidade de São Paulo serão instalados postos de coleta durante o Greenk. A ideia, como explica Eugenio, é torná-los permanentes. A Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo tem interesse no sucesso da iniciativa e empresta apoio ao evento. O Brasil é o segundo maior produtor de lixo eletrônico das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.

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O ponto inicial de Eugenio para estruturar o evento foi a partir de observações pontuais. O insight veio de dentro da própria casa. Seu filho Bernardo, de 11 anos, é um geek assumido com vários monitores e teclados de uso simultâneo no seu quarto. No entanto, algo lhe chamou a atenção. “O apoio para seus pés era um computador velho, que não tinha mais uso funcional. Ele poderia ter simplesmente jogado o equipamento no lixo comum, mas encontrou um meio, por assim dizer, sustentável, para seu conforto. Foi aí que pensei: se os componentes internos dos computadores e celulares são tão nocivos ao meio ambiente, por que não criar uma forma capaz de receber o e-lixo? Foi assim que nasceu o Greenk”, detalha Eugenio.

Para ter a compreensão exata do comportamento geek e, consequentemente, montar o arcabouço ambiental e mercadológico do projeto, Eugenio marcou presença na Brasil Game Show, Anime Friends, Tech Week, Comic Con e Campus Party. “Esses eventos são lotados. E a linha de interesse envolve o ambiente geek, mas descobri que esse público é bem consciente. O Greenk é o primeiro evento proprietário da Eugenio e ele contempla muito do que vi. Vamos ter a primeira corrida de Cosplay e uma de drones”, argumenta Eugenio, querendo dizer que todas as tribos da era tecnológica e digital estão contempladas. “Os espaços serão variados, inclusive para educação. Robótica, programação e produção já estão no currículo de muitas escolas”, finaliza.