Presente em 50 países, marca apresentou estudo de tendências em evento realizado em Buenos Aires, Argentina

Uma das maiores fabricantes de insumos de alimentos do mundo, a multinacional belga Puratos, está presente em cerca de 50 países, incluindo o Brasil, onde tem uma fábrica e uma cozinha experimental, em São Paulo. Anualmente, a Puratos realiza o “Taste Tomorrow”, pesquisa sobre tendências de consumo nas áreas de panificação, confeitaria e chocolates.

O estudo é considerado um dos mais completos do mundo no setor. A edição deste ano foi apresentada no último dia 7, em Buenos Aires, na Argentina – foi a primeira vez que o evento ocorreu em um país latino-americano.

A costa-riquenha Evelyn Gonzalez, VP de marketing da Puratos para a América Latina, fala que isso ilustra a importância cada vez maior que o continente tem para a empresa e ao mesmo tempo mostra o protagonismo do consumidor latino-americano na vanguarda de certas tendências de consumo alimentar, como na busca de produtos cada vez mais saudáveis com bases vegetais, chamados no estudo de plant based.

Veja a seguir os principais trechos desta entrevista.

O “Taste Tomorrow” é um estudo global da Puratos. Por que este ano está sendo apresentado na América Latina? Qual a importância da região neste estudo?
O “Taste Tomorrow” é o maior sistema global de conhecimento das tendências dos consumidores nas áreas de panificação, confeitaria e chocolate. A América Latina é uma área muito importante para a Puratos, por isso, agora, temos sete países que fazem parte desta pesquisa. A América Latina é uma região onde nós encontramos muita inovação, muita inspiração e muita aceitação para as coisas novas. Então nós ficamos supercontentes em utilizar essa região como uma base de inspiração e de provas. Estar nestes sete países, que marcam uma diferença com as tendências que estamos vendo no resto do mundo, é uma oportunidade para criar e inovar.

Você pode citar alguns diferenciais destes países em relação aos outros mercados onde o “Taste Tomorrow” fez o estudo?
Eu posso citar duas das tendências que estão marcando uma grande diferença. A primeira é muita busca pelo que conhecemos como movimento plant based. Os consumidores da América Latina estão buscando muitos produtos baseados em plantas, eles gostam muito disso e tivemos porcentagem de crescimento mesmo, nos Estados Unidos está crescendo e também no resto do mundo. Em linha com isso temos um programa de plant based ou produtos de origem vegetal, temos também o good felling, onde nove em cada dez consumidores estão interessados em consumir produtos que ajudam o sistema gastrointestinal. Então, digamos que são duas tendências que são superiores ou diferentes do resto do mundo. O continente está na vanguarda nesses quesitos.

E que países se destacam?
Por exemplo, o Brasil, o país se destaca muito quando falamos de saúde gastrointestinal. Mais do que uma preocupação, trata-se de uma conscientização cada vez maior do consumidor brasileiro em unir saúde e alimentação. E por isso muitos consumidores estão buscando mais soluções que ajudem nesse relacionamento duplo, porque associam com o que chamamos de saúde holística, que inclui o sistema imunológico e a saúde mental.

Evelyn Gonzalez, VP de marketing da Puratos para a América Latina (Divulgação)

Há quanto tempo vocês averiguaram esse novo comportamento do consumidor, notadamente do Brasil?
Nosso estudo vem sendo realizado há dez anos. Mas notadamente a relação saúde e alimentação cresceu com a pandemia. Podemos dizer que a tendência se acentuou de três anos para cá.

O Brasil, em termos de mercado, representa quanto no universo Puratos?
O Brasil é um dos países mais importantes. Não só pelas vendas atuais, mas também pelo potencial, porque temos muito o que crescer ainda no país. É um mercado estratégico para nós.

A pesquisa global ouve quantos consumidores?
Cerca de 20 mil consumidores em 50 países.

E Latam?
Em Latam, ouvimos cerca de 5 mil consumidores.

Brasil e quais outros países?
Chile, Peru, Colômbia, Costa Rica e México.

E quantos foram ouvidos no Brasil?
No Brasil, fizemos cerca de mil entrevista em todas as regiões do país.

Como está no consumo de mercado de pães no Brasil?
Estamos explorando a oportunidade de negócio, de penetração na categoria pães no Brasil, onde detectamos uma oportunidade grande para crescer, principalmente em insumos para massas de fermentação natural.

O consumo de chocolate no Brasil está baixo?
O consumo de chocolates não é tão alto como no resto da região. Não é baixo, mas não tão alto como em outros mercados e com o potencial que tem o país. Por exemplo, países como o Chile estão consumindo em torno de dois quilos. No Brasil não chega a um quilo, todavia, pode crescer mais.

A primeira fábrica da Puratos de emissão zero de carbono vai ser a fábrica brasileira, a de Guarulhos. Quando isso acontecerá?
Já acontece. Guarulhos já é uma fábrica livre de carbono.

Há algo de diferente na pesquisa deste ano identificado com consumidor latino-americano?
A tecnologia nos alimentos evoluiu muito. A preocupação com a saúde e a valorização das receitas clássicas, aquelas que passam por gerações na família, ganharam força com o fim da pandemia. Os consumidores estão querendo voltar a consumir o que consumiam antes, deixar de depender tanto do delivery.

Esse clássico de que você fala é a receita tradicional de família?
A que a avó e a mãe preparavam? Está havendo um retorno a isso?
Sim. O consumidor está querendo voltar a sabores emocionais, familiares.

A pandemia levou muita gente para o delivery, agora está havendo uma reversão desta tendência, ou melhor, uma necessidade, as pessoas agora estão voltando à rotina de antes na alimentação?
Sim, mas eu diria que é diferente porque os consumidores estão comprando mais coisas fora, mas também estão querendo ter o pão da mãe, o bolo da mãe, as coisas que comiam antes, as coisas que recordam a sua infância. Então isso é muito importante para eles.

A fermentação natural no Brasil está fazendo sucesso?
A fermentação natural cresce muito no Brasil, os consumidores estão cada vez mais interessados nisso. Eles querem encontrar coisas boas, novas, não só por sabor, aroma ou por textura, mas também para benefício da saúde. Por isso, tem aumentado o interesse por produtos à base de fermentação natural.