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Depois de deixar a vice-presidência de atendimento da DM9DDB em 2018, Marcelo Passos ficou fora dos holofotes do mercado durante um período. Agora, o executivo anuncia sua mais nova empreitada: a agência Flagship.

“Eu saí da DM9 em março passado, de lá pra cá entrei numa sociedade, uma empresa de eventos. Fiquei lá praticamente um ano e aí identifiquei uma oportunidade que é ter uma agência que não seja puro sangue live marketing, mas se posicionasse como brand experience. A Flagship, na essência, é uma agência de brand experience”, elucida Passos.

O executivo afirma que trabalha “em cima de três pilares”. “O de live marketing propriamente dito, que é produção e execução de eventos”, explica. Já o segundo é focado em brand experience. “Eu tenho muito mais o papel quase de consultoria, onde eu mergulho dentro do cliente, daquela parte específica e ali eu vou perceber o que a marca quer gerar de experiência para o consumidor”, comenta. A ideia é analisar a jornada e qual é o ponto de intersecção que existe entre marca e o público. “Dali eu tiro uma grande ideia e proponho um plano de execução para os pontos de contato”, comenta.

Já o terceiro pilar é de eventos proprietários da própria Flagship. “Nós concebemos algum evento e eu vou para o mercado vender patrocínios para viabilizar o projeto”, diz. O mindset, diz o fundador da Flagship, é 100% voltado para tal filosofia, alinhando tudo à tecnologia e com “overhead baixíssimo, pouco custo fixo”. “Não temos escritório e não pretendemos ter tão cedo”, diz. “Tem um cliente que estou trabalhando agora que montei uma equipe multidisciplinar que trabalha dentro. Isso dá dinamismo, dá envolvimento, de fato eu viro uma extensão do marketing, eu tenho compromisso muito maior, a gente consegue cumprir prazos de forma mais adequada”, comenta.

Passos comemora que tal modelo permite operacionalização sem custo fixo. “Que é a grande dor das grandes agências. Salários caros, aluguéis caros, manutenção de equipe que praticamente inviabiliza [o negócio]. Se você somar preço de salário com o de aluguel, por exemplo, nós estamos falando aí de mais ou menos 60/70% de todo o custo da agência. É praticamente inviável. Nos dias de hoje você tem que achar modelos diferentes pra poder sobreviver. Então, a Flagship já nasce com essa intenção”, celebra.

Para o executivo, há muitos profissionais, não só do mercado publicitário, mas de várias áreas que estão trabalhando de casa ou fazendo freelancer. Citando exemplos como Alexandre Peralta e Ken Fujioka, Passos diz que tais executivos entenderam que o mercado mudou. “Trabalham na agenda deles e no projeto que eles acreditam de fato, são remunerados por isso e, normalmente, ganham mais do que se tivessem sido contratados em agências”, diz. “Hoje em dia as agências são máquinas de triturar pessoas”, lamenta.

O diretor ressalta que sua preocupação é “cobrar o cara pelo que ele tem de melhor para me entregar”. “Pela hora homem de trabalho dele efetivo e não pela hora bunda dele sentado na cadeira fingindo que está trabalhando. Eu quero cobrar ele pela responsabilidade que ele tem que me entregar e não se ele chegou às 9h e saiu às 22h”, explica.

Fazendo uma comparação futebolística, Passos, que é corintiano, cita Vagner Love. “Na minha opinião, um dos melhores artilheiros que o Corinthians teve nos últimos tempos. Não quer dizer que é o ideal, mas é o que temos. Joga uma bola direitinho, faz gol. Ontem, o Vagner Love não precisava ter entrado em campo. Jogou pra caramba, mas não fez gol. Prefiro o Vagner Love jogando 20 minutos fazendo gol do que jogando dois tempos e não fazendo”, exemplifica.

O executivo ressalta que seria muito mais confortável e seguro voltar a uma agência. “Mas eu sabia que era uma coisa de curto prazo. Me questionei e pensei: cara, o mercado não está caminhando para o modelo que eu vivi até hoje, mas para o modelo que eu tenho que ajudar a construir. E eu não estou inventando a roda, estou surfando a onda. E é uma coisa que está aí para qualquer um fazer. O grande diferencial que eu acho que Flagship tem é meu network”, ressalta Passos.

As grandes agências estão se movimentando neste sentido, diz o executivo. “Mas a transformação é um processo, é mais lenta”, conta. “A hora que eu monto um time de pessoas especializadas para atender o cliente naquele segmento que ele atua e os caras são craques naquilo, gero tanto valor quanto uma agência grande. Consigo ser mais competitivo, porque não tenho custo fixo. Eu não tenho tantos clientes, então eu sou mais ágil. É um momento que qualquer um pode viver. Do mesmo jeito que o mercado de hotelaria, de carros, locação e todos os exemplos que a gente ouve por aí, evoluíram, nosso mercado tem que evoluir”, pontua. Passos é ciente de sua posição. “É fácil para mim por um lado porque eu estava no mercado solto e posso começar uma coisa do zero, mas é difícil porque não é o ambiente seguro, quentinho de um salário pingando”, explica.

Passos explica que está prospectando clientes para a produção de eventos e que já está prestando serviços para alguns clientes, mas que não pode revelar por termos de confidencialidade. Após explicar seu negócio e analisar o mercado atual, o executivo toca em outro tema polêmico: “eu não faço questão de comprar mídia, porque o meu modelo de negócio não está atrelado a compra de mídia nem a BV. Então, se num determinado projeto eu chegar à conclusão que não precisa ter comprado mídia, não tenho problema nenhum que a agência tradicional do cliente compre a mídia. Eu tenho a possibilidade de ser parceiro de todas as agências que hoje atuam com seus clientes”, explica.