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Um orçamento de R$ 7 bilhões, dos quais 60% vêm do setor privado. Se o olhar for para além das arenas e da infraestrutura olímpica propriamente dita, o investimento sobe para R$ 40 bilhões, sendo pelo menos 43% proveniente do setor privado. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirma que nunca houve, historicamente, tanto aporte privado numa Olimpíada: em Londres, por exemplo, a verba do setor privado foi de 18%. Destaca o fato de que gastou-se 30% menos nas Olimpíadas do que o previsto. Se o que faz sentido numa Olimpíada é o legado – e isso é praticamente uma unanimidade –, a Rio 2016 já valeu a pena em dimensões jamais imaginadas.

Na Conferência Beyond the Games Global Summit, realizada na semana passada, a opinião geral é de que o Brasil segue com a imagem atraente como polo de investimentos, apesar da instabilidade que chacoalha a convicção dos investidores de tempos em tempos, e da cultura do “toma lá dá cá” que impera nas relações de uma maneira geral, especialmente nas comerciais e políticas.

“Se pudéssemos colocar na cabeça de cada jovem que é possível colher frutos e fazer sucesso nesse país através do próprio esforço, teríamos um outro país. Precisamos de uma reforma cultural – que no fundo é uma reforma ética e de valores”, disse José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse Brasil.

O CEO da operação latino-americana do Itaú, Ricardo Marino, destacou que o Brasil pode obter outra projeção global caso cuide da educação (que passa por valores e princípios), elimine o excesso de burocracia envolvido em praticamente todas as áreas e resolva a corrupção. “Ética é algo inegociável”, disse ele.
No painel sobre tecnologia, do qual participaram executivos das empresas GE, IBM e EY, a visão geral é de que de fato o gap educacional no Brasil torna-o menos competitivo e eficiente no setor.
“Temos aqui os melhores talentos, comparáveis aos melhores dos países mais desenvolvidos. No entanto, falta a qualificação. É preciso focar na educação”, destacou Rodrigo Kede, presidente da IBM na América Latina.

WPP
Martin Sorrell, CEO do Grupo WPP, que participou da conferência e esteve no Rio também para a abertura dos Jogos Olímpicos, iniciou o painel do qual foi mediador, sobre consumidor e marcas, mostrando-se preocupado com o fato de que, em tempos de crise, o primeiro recurso usado pelas empresas que parece saltar aos olhos é tirar pessoas da força de trabalho.

“É um perigo. Como é um perigo continuarmos falando sobre nós mesmos, para nós mesmos. Precisamos olhar ao redor e enxergar tudo o que está ocorrendo no mundo. Somos um grupo seleto, corremos o risco de estarmos vivendo numa bolha”, destacou (leia entrevista com ele na página 8).
Sorrel bateu um papo com a Coca-Cola e com a Visa sobre investimentos na América Latina e desafios de crescimento, considerando as mudanças de hábitos do consumidor.

Eduardo Coello, group executive para a América Latina da Visa Inc, disse que a tecnologia aproxima países desenvolvidos de emergentes. E que o negócio da Visa está se digitalizando completamente.
“Nosso foco deixou de ser em produtos e passou a ser no consumidor”, falou ele.

Coello disse enxergar no Brasil tendências positivas e de recuperação. Alfredo Rivera, nomeado recentemente presidente da Coca- -Cola para a América Latina, destacou que a Coca-Cola é local na América Latina (base regional é no México) e prevê que o Brasil leve cerca de um ano e meio para se recuperar economicamente.