1. Nesta última semana cheia de março, boa parte do trade reclama do baixo faturamento do mês, em contraponto com janeiro e fevereiro, considerados acima da média pela grande maioria.
Há que se levar em conta nessa questão o Carnaval, que este ano caiu em março, encurtando sobremaneira o mês que costuma marcar o reinício dos negócios no Brasil.
Não foi por outra razão que o primeiro bimestre do ano foi motivo de comemoração. Tratou-se apenas de uma inversão do calendário, que de tempos em tempos faz Momo reinar um pouco mais tarde.
A grande questão prevista para 2014 prossegue na dúvida de como aqui no Brasil iremos atravessá-lo. O fator Copa do Mundo, que, desde quando foi decidida que seria em nosso país, alegrou todo o mercado da comunicação do marketing, pode se converter em uma inesperada dificuldade, revertendo todas as expectativas até aqui criadas a seu respeito.
As manifestações populares contra a Copa (e a favor de mudanças significativas no país) têm se constituído em grande preocupação para o mundo empresarial, que teme pela exposição das suas marcas durante as mesmas, além de entender que os 32 dias de duração do evento serão marcados por feriados em cidades-sedes dos jogos e por uma previsível lassidão durante todo o período.
Há ainda outra ameaça: e se o Brasil não ganhar a Copa?
Em qualquer país do planeta, ocorrendo a desclassificação da sua Seleção, isso seria encarado como um fato normal dentro de um torneio esportivo.
Em nosso país, porém, diante de todo o alarde até aqui percebido e dos investimentos feitos pelo governo em seus diversos escalões – considerados exagerados pela opinião pública brasileira –, tornou-se obrigação a vitória.
Na sua falta, a reação popular pode sair da esfera esportiva e alcançar a vida política do país, levando-se em conta, para aumentar esse risco, o fato de ser um ano eleitoral.
Resumindo, vivemos a possibilidade de irmos do céu para o inferno, ou vice-versa, na virada do semestre, o que pode ser a causa do período de incerteza que atravessamos, agravado pelos problemas que nada têm a ver com a Copa do Mundo, mas que contribuem para o aumento das apreensões gerais. Incluímos aqui a seca que castiga a região Sudeste brasileira (com predominância no Estado de São Paulo), os escândalos de transações oficiais nebulosas, como o caso da Petrobras e a usina de Pasadena, o aumento a níveis insuportáveis da criminalidade e a incapacidade das autoridades diante disso, no que colaboram nossas leis superadas pelo tempo e elaboradas sob o viés caolho de que a leniência legislativa leva em conta a miséria do povo, numa grave ofensa à grande maioria que luta e se esforça além da conta para manter uma vida digna.
O cenário acima é apenas um resumo do que ocorre e o que pode nos esperar lá adiante. Não se trata apenas de um olhar pessimista, desde que produzido pela soma de incontáveis opiniões.
Há também a grande possibilidade do reverso – e para isso estamos torcendo – cujo start poderá se dar com a conquista da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. E até mesmo se essa vitória não ocorrer, tudo poderá melhorar diante de outros fatos ainda não devidamente definidos, mas que farão possivelmente de 2014 um ano inesquecível para o país em outras comemorações.
O Brasil, como todos sabemos, é imprevisível. E é isso que o torna suportável e até atraente para quem nele vive.
2. Foi inaugurada na noite de quinta (20), na Faap, a exposição “Ideia e Forma”, com trabalhos publicitários de Alexandre Gama, diretor-presidente da Neogama/BBH e titular de uma carreira profissional e empresarial que pode servir de referência para quem já entrou ou esteja se preparando para entrar nela.
Além dos trabalhos criativos e pertinentes a cada situação de mercado que compõem a mostra, há que se elogiar a montagem da mesma, sob a responsabilidade de Fábio Florêncio Borges e Rafael Filipe da Silveira, do Museu de Arte Brasileira da Faap, além do generoso e bem construído espaço cedido para a exposição.
O conjunto de colaborações, além da qualidade criativa dos trabalhos expostos e de diferentes épocas brasileiras, possibilitando inclusive um passeio pelo tempo, resultou em uma atração que merece ser vista e desfrutada não apenas por militantes no ofício e estudantes prestes a abraçá-lo, como também por todos aqueles ligados às artes, na qualidade de executores ou admiradores.
3. Como falamos em ofício, não é fácil para nenhum profissional de marketing, aqui englobando todas as disciplinas desse amplo guarda-chuva, comemorar 50 anos ininterruptos na carreira, passando por diversas empresas e, nelas, por seus diversos setores.
É o caso de José Francisco Queiroz, hoje diretor de marketing da ESPM e que assina um artigo de reminiscências nesta edição (“Se me permitem…”), já postado nas redes sociais, mas que o propmark fez questão de veicular em plataforma impressa, como documento de prova de um exemplar desempenho na profissão.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2490 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 24 de março de 2014