Reprodução/Acervo MIS

Em tempos de paquera via aplicativos como o Tinder é bem fácil aproximar, ainda que por pouco tempo, pessoas com interesses em comum. No final da década de 1970, no entanto, quando celulares não faziam parte da rotina e a paquera era no tête-à-tête, Silvio Santos – nome artístico de Senor Abravanel – revolucionou e colocou no ar o Namoro na TV, programa que propunha que duas pessoas se conhecessem e ali mesmo, no palco,  formassem um casal – com plateia e tudo. Além de cupido pioneiro, o fundador do SBT já lançou aviõezinhos de dinheiro no ar, deu prêmios em barras de ouro – que, sim, valem mais – e ainda realizou o sonho da casa própria com o Baú da Felicidade. Tudo isso e bem mais no horário nobre da televisão brasileira.

Foi Silvio Santos, aliás, quem deu cara nova, no Brasil, aos programas de domingo, que antes era considerado um dia nulo em termos de audiência. Para se ter uma ideia, em 1969, o Progama Silvio Santos era o mais visto em São Paulo, enquanto ele produzia, simultaneamente, 40 programas que iam ao ar por três emissoras. Nessa mesma época, devido ao enorme sucesso, ele sentiu a necessidade de ter seu próprio canal de TV. Em 1975, então, Silvio firmou contrato de concessão do canal 11 Rio de Janeiro e deu início à TV Studio Silvio Santos Cinema e Televisão, hoje o SBT.

Como o início deste texto tenta explicar – de forma breve, já que o desafio de enumerar os feitos de Silvio é imenso -, o dono do Baú é um dos maiores comunicadores e um dos maiores empresários da história brasileira, sobretudo da televisão. Para celebrar este legado, o MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, abre para o público a exposição Silvio Santos Vem Aí, que, mais do que contar a trajetória do personagem, pretende levar o visitante a um passeio pela história da TV no Brasil. 

Nesta terça-feira (6), o Museu recebeu a imprensa para uma coletiva e visita guiada ao acervo da mostra, que oficialmente será aberta nesta quarta (7). Na exposição, estão reunidas peças de colecionadores e de algumas emissoras como Record e TV Cultura, além de aproximadamente 40% de materiais cedidos pelo próprio SBT.

A organização do evento é toda do MIS e, como detalhou na coletiva o diretor executivo do Museu e secretário de Cultura de São Paulo nomeado pelo prefeito eleito João Doria para a próxima gestão, André Sturm, Silvio Santos deu carta branca para a produção – mas teve pouco envolvimento no processo, já que não “é muito chegado à homenagens”. Ele aceitou fazer parte deste momento, segundo a organização, por se tratar de uma homenagem à história da televisão no país.

Quem visitar a mostra, que fica em cartaz até março de 2017, fará uma imersão pela trajetória de Silvio, que tem início em preto e branco, no Rio de Janeiro, onde foi camelô, e aos poucos vai ganhando cores – da passagem como o maior revendedor de cervejas Antarctica do Rio até a chegada a São Paulo, onde começou no rádio.

O público terá também a oportunidade de interagir com diversos programas que estão vivos no consciente de quem consome televisão, entre eles o Topa Tudo por Dinheiro, o Domingo no Parque, o Show do Milhão, a Porta da Esperança e muitos outros. Nos espaços dedicados às atrações de maior sucesso do SBT, o público pode brincar e até mesmo interagir com frases clássicas de Silvio no comando de, por exemplo, Qual é a Música. Uma oportunidade única de materializar o que para muitos foi – e ainda é – sonho: estar no palco do dono do Baú e responder aos seus desafios.

Outra oportunidade de interação da mostra foi disponiblizada pelo Spotify, que conta em sua plataforma com um canal especial do MIS onde o visitante pode optar por uma visita com trilha sonora – uma forma a mais de entrar no universo SBT. O serviço de música digital também disponibiliza wifi gratuito em todo o percurso da exposição para facilitar o acesso ao conteúdo interativo.