Na grade da Globo desde 1972, a F1 pode estar dando início a uma nova fase no país a partir de 2021. Fontes ouvidas pelo PROPMARK e envolvidas diretamente na questão, confirmam que a emissora entrou em contato com os patrocinadores das transmissões nesta quinta-feira (27) para comunicar a não renovação do contrato com a Liberty Media, detentora do torneio.
O comunicado foi feito apenas por telefone, mas não teve tom definitivo, o que deixa espaço para especulações sobre uma negociação futura. Procurada, a Globo confirmou por meio de nota oficial que a F1 estará fora de sua grade tanta na TV aberta quanto no SporTV em 2021. Até o fim do ano, no entanto, as transmissões seguem na emissora.
“Como parte da revisão de seu portfólio de direitos, um dos maiores entre emissoras de TV do mundo, a Globo optou por não renovar os direitos de transmissão da Fórmula 1 a partir de 2021. Mesmo sem a transmissão das corridas, a Globo continuará a fazer a cobertura da categoria em suas diversas plataformas”.
Ao PROPMARK, uma fonte sinalizou que o valor da negociação dos direitos é o principal entrave. Estima-se que o reajuste do contrato seja de pelo menos 35% superior, quantia que a Globo não estaria disposta a oferecer. A emissora vem repensando seus negócios ligados a direitos de transmissão. Recentemente, pediu a rescisão do contrato com a Conmebol para a Libertadores da América, deixando o torneio sem transmissão para a TV já a partir de setembro, com a retomada dos jogos.
Oportunidades
Agora, com a F1, tem postura semelhante, ainda que seu pacote comercial seja o mais sólido do mercado. Historicamente, as marcas que fecham o patrocínio costumam renovar todos os anos, deixando pouca margem para que novas marcas entrem. Cada cota para a temporada 2020 foi negociada com valor de tabela de R$ 98,9 milhões.
Cervejaria Petropólis (Itaipava), Nivea, Renault, Santander e TIM são as atuais detentoras do pacote comercial 2020. Fontes ouvidas pelo PROPMARK confirmam ainda que as negociações para 2021 não haviam começado. Isso acontece apenas após a definição do pacote comercial do futebol, que deve ser apresentado ainda em setembro.
Sem acordo definido para 2021, a mesa de negociações fica aberta para emissoras de TV e players de streaming interessados na propriedade. Profissionais de mídia ouvidos pelo PROPMARK afirmam que o torneio pode ser interessante para canais como o SBT e Band, por exemplo, pelo seu histórico com o esporte e com o automobilismo. A Record também poderia fazer bom uso da propriedade. Vale lembrar que o canal foi o primeiro a transmitir da F1 no Brasil em 1970, ao lado da TV Rio ao transmitir a estreia de Emerson Fittipaldi no Grande Prêmio da Grã-Bretanha.
Outro caminho bastante possível é a entrada da F1 ao mercado brasileiro com seu serviço de streaming. O torneio é conhecido mundialmente pelo trabalho feito em suas mídias sociais, pelo engajamento e interações com os fãs do automobilismo. A oferta das transmissões em português ampliaria a presença da marca no Brasil. Atualmente, a F1 TV está disponível por US$ 26,99 por ano, mas não contempla o idioma em português. A assinatura contempla competições da F1, F2, F3 e Porsche Supercup, além um arquivo histórico das corridas desde 1982.
Texto atualizado às 15h55.