A Fábrica, uma das maiores agências do marketing direto brasileiro, chega aos seus 18 anos promovendo uma reestruturação na sua composição acionária. Sidney Ribeiro, fundador da agência ao lado de Marisa Furtado, deixa a longa parceria para se dedicar a projetos independentes, especialmente na área de branded entertainment, trabalho que já vinha desenvolvendo como head da área na agência. “Só tenho a agradecer à Fábrica (meu farol), aos amigos de lá e, claro, aos meus companheiros Marisa e Luiz Buono. Sigo agora pra encarar o novo desafio, que, na verdade, sempre foi um sonho”, disse. “Eu encaro isso como algo normal dentro da vida de um profissional de criação. Tem uma hora que o lado criativo fala mais alto do que o empresário, e é hora da pessoa se dedicar ao que gosta”, completa Marisa, que, ao lado de Sidney, liderou a criação da agência em diversos prêmios nacionais e internacionais conquistados. Ambos, aliás, já representaram o Brasil no júri de Direct no Cannes Lions. Ele em 2005, e Marisa em 2010.
Com isso, a Fábrica inicia seu novo ciclo com os outros dois sócios – Marisa e Buono, que também respondem pelas vice-presidências de inovação e planejamento/atendimento, respectivamente. “Eu e a Marisa, de dois anos para cá, também estamos em um momento no qual buscamos novos caminhos, tendências, oportunidades de mercado, mais qualidade, treinamento do pessoal. Enquanto isso, temos profissionais no comando de áreas chaves, que tocam o dia a dia da agência com mais ênfase”, diz, se referindo ao gerente-geral Daniel Gabriolli, ao diretor de criação Daniel Santander e à digital intelligence Carol Gleich.
Com cerca de 80 profissionais e clientes do porte de Febraban, FSB Foods, Hospital Sabará, HSBC, Leroy Merlin, Lojas Marisa, MasterCard, Nestlé, Serasa e Votorantim, a empresa espera um crescimento de 25% para este ano. Dá suporte a toda esta estrutura também a Salsa Brand Experience, unidade independente de ativação comandada pelas sócias Luana Buono e Manuela Gantous.
Outra novidade deste novo ciclo é o lançamento da plataforma FAB (Fábrica Avança Brasil), uma iniciativa que reúne o lado social da agência em projetos que podem abranger de crowdsourcing a entretenimento. “Será algo a mais do que entregar um trabalho de qualidade. Vamos promover desde concursos dentro da agência, para gerar ideias bacanas, até seminários no estilo do TED”, diz Marisa. Dentro desta plataforma foi lançado o blog atitudefab, que substitui o antigo Le Hot Dog.
Novo momento
Este ciclo da Fábrica, com uma estrutura fortalecida e posições bem-definidas, também irá permitir uma atenção mais individualizada por parte dos dois sócios junto dos clientes, acredita Marisa. “Sabemos que abaixo de nós tem o pessoal que entrega e o que antevê a entrega”, diz. “E isso permite que a gente coloque em prática com mais força uma decisão estratégica que já tomamos há uns cinco anos: a de focar mais no desenvolvimento dos clientes da casa do que se expor em prospecções e concorrências”, afirma Buono. “O mundo da comunicação está muito canibalizado em torno das concorrências. Manter e crescer dentro de nossas contas é bem mais saudável”, acredita.
Para Buono, não existe empresa de sucesso onde não se olha para o dia a dia. “Somos nativos da comunicação dirigida, do marketing de relacionamento. O que nos dá uma grande vantagem competitiva, pois exercemos as mesmas funções, só que com outras ferramentas, com mais conteúdo e dentro de ambientes digitais.”
Marisa diz que se for pensar que a boa comunicação é baseada em relacionamento e dados, hoje a Fábrica só potencializa tudo que usou desde seu início. “Não acreditamos em modelos especializados em ferramentas, que não se relacionam e orientam o cliente. Insight e dados têm que andar juntos. Pois, no passado, apenas dados bastavam. O cenário era mais pragmático, e a chance de sucesso, baseada em estatística, era grande. Hoje a rede é orgânica, se movimenta e muda a todo momento”, diz.
Um outro ponto que os sócios tocaram é em uma possível parceria da Fábrica com um grupo internacional, assunto que sempre foi “meio fechado” dentro da agência. “Nem é tão fechado. É que nunca teve alguma proposta de parceria ou venda que nos seduziu. Pois, percebendo a tendência atual do negócio da comunicação, no universo colaborativo em que vivemos, seria interessante participar de uma grande rede. Mas desde que case com a nossa cultura. Acho que ganharíamos em network e técnicas de gestão”, completa Buono.