Flash encerrou parceria e até marcas que fizeram ações antigas pedem remoção de seus nomes do site do podcast
Poucos meses após perder o patrocínio do iFood, o Flow podcast está novamente no centro de polêmica e mais uma vez por falas de Monark, um de seus apresentadores.
No caso anterior o anfitrião havia falado sobre racismo. Pelo Twitter, após escrever que ‘é a ação que faz o crime e não a opinião”, o apresentador foi respondido por um advogado e fez um questionamento que gerou polêmica. “Ter uma opinião racista é crime?”, escreveu.
Dessa vez o assunto foi o nazismo. Na segunda-feira (7), ao receber os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB) no Flow, Monark defendeu a existência de um partido nazista no Brasil.
Entre os comentários, Monark disse "acho que tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", "dentro da [liberdade de] expressão a gente que liberar tudo" e "se o cara quiser ser um anti-judeu eu acho que ele tinha o direito de ser".
A repercussão nas redes sociais foi imediata e segue até o momento entre os Trending Topics no Twitter, com termos como Flow, Monark e nazismo entre os mais comentados. Além do repúdio do público e de usuários da plataforma, organizações relacionadas aos judeus no país se manifestaram.
O Instituto Brasil-Israel começou a cobrar marcas que aparecem relacionadas ao podcast. O coletivo Judeus pela Democracia também se manifestou na plataforma, marcou empresas que aparecem listadas no mídia kit do Flow e pediu apoio do movimento Sleeping Giants. E o Museu do Holocausto convidou Monark a conhecer o local em Curitiba (PR). "Aqui, você perceberá que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o 'direito de serem idiotas'", postou.
Assim como aconteceu no caso do iFood em outubro, dessa vez o podcast perdeu mais um patrocinador. A Flash estava com parceria ativa e decidiu encerrar o contrato. "Diante de absurdos como esse, é preciso agir e, desta forma, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow", escreveu em post no seu Instagram oficial.
Os comentários estão repercutindo tão mal que até marcas que não patrocinam o Flow atualmente foram envolvidas na polêmica. Puma e Bis, por exemplo, já se posicionaram, não apenas repudiando os comentários, como reforçando que fizeram ações pontuais e que já pediram a remoção de seus nomes do site da atração.
A Insider Store respondeu questionamentos de seus seguidores e informou que está aguardando a retratação do Monark e do Flow. Posteriormente, um dos fundadores apareceu em vídeo pedindo a saída do apresentador.
O iFood, que já havia encerrado a relação comercial no final do ano passado, também reforçou seu posicionamento.
Houve perda também de conteúdo para outros projetos da empresa Estúdios Flow. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro anunciou que não vai mais transmitir o Cariocão pela plataforma. E o Sportsbet.io também rompeu contrato com o Flow Sport Club.
Além da reação das marcas, personalidades também estão se posicionando. Uma delas foi o apresentador Benjamin Back, que pediu para que seu episódio seja retirado no ar. Já o humorista Maurício Meirelles declinou de participar e sugeriu um especialista no tema para contribuir com informação.
Em nota, o Fatal Model, site de anúncios de acompanhantes do Brasil, também comentou o caso. A marca afirma que "também é sinônimo de respeito, profissionalismo e empoderamento. Assim, como sempre em toda nossa caminhada, repudiamos e sempre repudiaremos qualquer forma de discriminação, preconceito e violência", diz o texto. Após o episódio #545, a empresa pediu o cancelamento do patrocínio.
A Wise Up também respondeu esclarecendo que não é patrocinadora do Flow Podcast e não mantém vínculos comerciais com o programa desde 2020. "A companhia repudia veementemente qualquer apologia ao nazismo e solicitou a retirada do seu logo do site do programa, que consta de forma indevida na lista de patrocinadores", informou a empresa.
A ViacomCBS, detentora da marca Rio Shore, afirmou que repudia toda e qualquer manifestação de apoio a perspectivas nazistas, antissemitas, racistas, preconceituosas ou discriminatórias. "A empresa ressalta que não possui contrato com o podcast citado e que a ação pontual de patrocínio ocorreu em outubro de 2021, por uma única vez. Em tempo, já solicitou a remoção da marca Rio Shore da lista de patrocinadores do podcast em questão", diz o texto.
Já a a Wise Up esclarece que não é patrocinadora do Flow Podcast e não mantém vínculos comerciais com o programa desde 2020. "A companhia repudia veementemente qualquer apologia ao nazismo e solicitou a retirada do seu logo do site do programa, que consta de forma indevida na lista de patrocinadores."
PROPMARK entrou em contato e aguarda posicionamento do Flow.
Atualização:
Em vídeo no Instagram, o Monark afirma que o trecho que está repercutindo foi tirado de contexto. Em seguida ele explica o que estava sendo discutido e o que ele quis dizer com suas falas. Além disso, o apresentador do Flow ressalta que a equipe da empresa é diversa. "Temos mais de 100 funcionários diversos, de todos os tipos de orientação sexual, de cor, de etnia e até de outros países. Não temos qualquer tipo de preconceito, somos uma organização livre e plural, aberta às ideias. Me dá um ódio tremendo ter que vir aqui ficar falando que eu não sou um monstro."
Em outro momento, ele reclama da pressão feita aos patrocinadores. "Essa galera que tá tirando de contexto, querendo desvirtuar a parada e indo atrás dos meus patrocinadores, atrás da minha vida, querendo acabar com tudo, você acha que isso é justo, legal e não tem consequência horrível para a sociedade no futuro? Vocês estão acabando com o debate", diz.