Os polêmicos Ad Blockers entraram na pauta do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), que lança o AdBlock Detector, uma ferramenta que permite aos editores de sites contabilizarem acessos feitos com software de publicidade instalado, e com isso entender melhor o impacto disso em sua estratégia de marketing. A novidade é o primeiro fruto da parceria recente com a entidade americana Alliance for Audited Media (AAM), fechada para ampliar as possibilidades de ferramentas de auditoria para anunciantes, agências e empresas de mídia. O produto será lançado pelas duas entidades, sendo que pelo AAM nos Estados Unidos apenas no ano que vem. O objetivo é que outros IVC’s pelo mundo também o disponibilizem nos seus mercados.
Pedro Silva, presidente do IVC, diz que o Detector é uma espécie de termômetro para indicar a temperatura de sites “com febre” (bloqueados). A partir disso, o anunciante toma suas decisões estratégicas e o site pode eventualmente mudar a situação ou não.
“Há falhas de entrega por vários motivos, e uma delas são os ad blockers. O fato é que o que o site não entrega, não pode ser transformado em receita para ele. A ferramenta esclarece onde há os bloqueios”, diz Silva.
O AdBlock Detector tem como base a “tag” criada pelo Instituto usada para auditar tráfego de websites, o Site Certifier. A partir de projeto-piloto com alguns dos principais sites de jornais e revistas do país, o IVC diz que já é possível assegurar que, em média, 15% das páginas brasileiras têm anúncios bloqueados e que 19% dos usuários de internet bloqueiam anúncios nos sites que visitam.
“Há dois problemas imediatos a serem entendidos: quanto do inventário de mídia do mercado realmente está sendo atingido e qual o volume da receita de mídia que não se materializa. O novo serviço dará um diagnóstico geral e individual, com relatórios semanais e de tendência. Os publishers poderão avaliar sua situação, tomar medidas e avaliar os resultados destas medidas nas semanas seguintes. O IAB Brasil já divulgou uma cartilha com recomendações, da mesma forma que outros IABs estão fazendo no mundo todo”, disse Pedro Silva, presidente executivo do Instituto.
Os resultados já apurados mostram que mercado e usuários não têm referência de como as ferramentas de bloqueio de anúncios interferem na real visualização de uma campanha publicitária. Entre outubro e novembro, o Instituto promoveu enquete com leitores de sua newsletter e no site (www.ivcbrasil.org.br) com a seguinte pergunta: “Quanto da população brasileira, que acessa a Internet, você acredita que usa ad block?”. Para a maioria dos respondentes, menos de 10% dos usuários usam bloqueadores.
“A percepção sobre os ad blocks é totalmente oposta aos resultados já aferidos pelo IVC, mostrando que o campo de trabalho para agências, anunciantes e publishers é muito grande. Em alguns sites encontramos índices de 6%, mas em outros o bloqueio de publicidade em suas páginas ficou acima de 30%”, disse Silva.
Quando foi lançado, o Ad Blocker era um instrumento usado para proteger a privacidade do usuário de internet ou simplesmente bloquear todo tipo de publicidade em sites, deixando a navegação mais “limpa”, digamos assim, livre de banners, pop-ups e outros formatos de publicidade digital. Com o tempo, os ad blockers se sofisticaram e os usuários passaram a poder escolher o tipo de publicidade que desejam ver, pois o bloqueio pode ser realizado por domínios. Vistos em alguns casos como inimigos e em outros como uma reação natural das pessoas à publicidade invasiva e de má qualidade que circula na web, os Ad Blockers se tornaram ainda mais polêmicos depois que alguns fornecedores passaram a cobrar de publishers e adservers uma espécie de pedágio pelo seu desbloqueio, monetizando sua base mais qualificada.