“Crie suas filhas para que elas possam fazer as mesmas coisas que os homens”. A frase é de autoria de Andreia Barion, diretora de criação da WMcCann, e uma das participantes do painel “Por que somos tão poucas na criação das agências?”, que abriu o segundo dia de evento do Festival do Clube de Criação, que acontece até segunda-feira (12), na Cinemateca de São Paulo.
A criativa ainda completou sua frase brincando que “o que o homem tem mais que nós, mulheres, é músculo”.
Mediado por Joanna Monteiro, CCO da FCB Brasil, o debate foi ainda além e discutiu as diferenças de gênero no ambiente de trabalho e na própria formação profissional. Juliana Constantino, creative strategist do Instagram, falou sobre as diferenças que existem, por exemplo, nas universidades.
“O modelo das faculdades, das universidades, ainda é masculino, e tudo começa lá”, disse. “A maioria dos professores, por exemplo, são homem”, completou.
Gabriella Marcatto, assistente de arte na J Walter Thompson, endossou o discurso. Ela, que deixou recentemente a faculdade, disse que precisou buscar referências femininas no mercado. “No fundo, o que existe, na minha opinião, é uma briga interna da mulher, de você buscar um crescimento sabendo das adversidades que temos pelo caminho”, afirmou.
Já Laura Esteves, diretora de criação da Y&R, levantou a questão da diferença nas tarefas domésticas, como a criação dos filhos. “Eu preciso me policiar para sair do trabalho a tempo de chegar em casa e ver minha filha ainda acordada”, disse.
Andreia Barion, por sua vez, contou que ficou nove anos longe do mercado. “E um dos motivos para isso foi que eu queria educar minhas filhas de perto”, revelou. Ela ainda citou como exemplo as leis da Suécia, na qual dá ao homem o mesmo tempo de licença paternidade que a da mulher.
Juliana Constantino acredita que essa é uma das saídas para a situação. “A licença obrigatória seria uma forma para garantir a igualdade dos gêneros”, disse.