Vince Gilligan, criador e produtor de Breaking Bad

 

Estratégias de conteúdo foram o principal assunto do segundo dia da programação do Festival of Media Global, que acontece desde o último domingo, em Roma.

Direto de Los Angeles, através de um vídeo, Vince Gilligan,  o criador e produtor executivo do programa “Breaking Bad”, fenômeno internacional de audiência, abriu a programação do dia para uma entrevista ao vivo com Charlie Crowe, diretor de redação da editora C Squared e chairman do festival. Gilligan destacou o trabalho “colaborativo” de sua equipe de roteiristas – “Somos sete escritores, contando comigo”, ele disse – e atribuiu ao “talento em grupo” o sucesso da narrativa e da criação dos personagens da série.

Ele disse que é difícil prever se um determinado conteúdo pode fazer sucesso ou não e que não há “fórmula certa” para agradar críticos ou audiência. Gilligan contou que até a terceira temporada de “Breaking Bad” – o total foi cinco – ele ainda estava inseguro sobre a aceitação do trabalho e temia que o mesmo pudesse ser cancelado da programação do canal de TV por assinatura AMC, onde a série foi inicialmente exibida, em 2008.

Crowe e Gilligan conversaram sobre liberdade de criação , as diferenças entre produzir um programa para TV fechada e para a TV aberta, e também sobre a atual variedade dos canais de distribuição de conteúdo. Confirmando com Gilligan que cada episódio da série custou, em média, US$ 3 milhões, Crowe o questionou sobre a veracidade de uma suposta oferta feita pela DreamWorks Animation, de pagar US$ 75 milhões para três episódios extras, que seriam produzidos antes do capítulo final, que foi ao ar, nos Estados Unidos, em setembro do ano passado.

A estratégia da DreamWorks seria a exibição dos três novos episódios em canais online por assinatura. Gilligan confirmou a veracidade.  A pirataria online e uma estimativa de mais de 500 mil downloads irregulares de “Breaking Bad”, somente na Austrália, também foram mencionadas na conversa com Gilligan.

O produtor disse que toma conhecimento da interatividade que a série provoca nas redes sociais, mas afirmou que as mesmas não interferem no seu trabalho. “Particularmente, não uso Facebook nem Twitter” , disse.

Siliwood

Conteúdo também foi tema de uma apresentação de Jonathan Taplin, da Annenberg Innovation Lab, e de Dominique Delport, diretor do Havas Media Group. Os dois falaram sobre cinema e sobre as transformações na indústria de filmes com os novos canais de distribuição, principalmente pela internet.  Tapling destacou as novas possibilidades que a tecnologia oferece para que as produções de Hollywood extrapolem, cada vez mais, as tradicionais salas de cinema. Delport ressaltou que a realidade da mídia social e de diversas plataformas online criou um novo padrão de consumo de cinema, que ele batizou de “Siliwood”, união das palavras “Silicon” (do Vale do Silício, berço das novidades tecnológicas) e Hollywood, a meca do cinema.

A programação desta terça-feira também contou com apresentações sobre a Bitcoin Foundation e sobre dados de consumo de mídia dos Estados Unidos, além de painéis sobre privacidade, estratégias em tempo real, tecnologia vestível e vídeo online.

O Festival of Media Global termina hoje à noite com a premiação de cases inscritos na competição deste ano. Um júri formado por 25 profissionais, reunido em Roma neste último final de semana, avaliou 191 trabalhos classificados como shortlist para definir Grands Prix e prêmios de ouro, prata e bronze. O Brasil classificou apenas um finalista, o case “The Walkers”, da Riot e Neogama/BBH para o uísque Johnnie Walker.