Evento foi realizado nesta terça-feira (3) em São Paulo e promoveu conversas sobre ancestralidade, a pele negra e seu reflexo na tela

Nesta terça-feira (3), foi realizada mais uma edição do Festival Negritudes Globo, que tem como objetivo colocar em foco narrativas negras no audiovisual, abrindo espaço para conversas sobre ancestralidade, a pele negra e seu reflexo na tela, música preta e trajetórias negras na educação.

O evento ocorreu na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, de forma gratuita, além de ter sido transmitido ao vivo no Globoplay.

O primeiro painel do festival, intitulado “Conexão com a criação (África-Brasil): Conteúdo que vem da Ancestralidade”, foi mediado pela jornalista Maju Coutinho e contou com a participação da escritora, mestre e doutora em literatura Conceição Evaristo; o ator angolano, cineasta e cofundador da Wolo TV Licínio Januário; e da atriz Taís Araújo.

(Imagem: Globo/Humberto Souza)

Maju e Taís se emocionaram no painel, a jornalista, por ter sido escolhida para mediar a conversa; e a atriz, ao recordar sua trajetória como atriz preta. "Eu demorei a ter essa consciência, eu já tinha mais de 15 anos de carreira e chegou o momento que eu me perguntei o que me diferenciava das minhas colegas. Aconteceu depois de 'Viver a Vida', quando fui fazer uma peça. Eu pensei: 'eu tenho de começar a construir as minhas personagens através da minha negritude'. A partir daí, as construções foram diferentes, mais ricas", declarou Taís.

A artista também se emocionou ao lembrar de “Mister Brau”, série com Lázaro Ramos, que foi ao ar entre 2015 e 2018, e a importância da produção para o protagonismo preto.

(Imagem: Globo/Humberto Souza)

Já no painel intitulado "A pele negra e seu reflexo na tela", conduzido pela jornalista e apresentadora Valéria Almeida, a figurinista Luana de Sá, a diretora Mayara Aguiar, o ator Samuel de Assis e Daniele Mattos, cofundadora da 'Indique Uma Preta', se engajaram em uma discussão sobre a estética afrodescendente nas telas. Eles abordaram temas como figurino, maquiagem e a construção de personagens que contribuem para desafiar estereótipos e revitalizar uma beleza ancestral.

“Eu tenho um compromisso com nosso povo, com nossa pele e com nosso tom. Antes de qualquer coisa, eu busca entender o que podemos fazer para colaborar com essa entrega estética”, declarou Mayara.

Samuel de Assis, conhecido por interpretar Ben na produção da Globo “Vai na fé”, conta que não existe ninguém melhor para falar sobre os corpos, alegrias e dores da comunidade negra do que eles mesmos. “Como atores, o mais importante é trazer a nossa história para os textos, para que outra pessoa não direcione a nossa história”.

Mayara e Daniele enfatizaram que falta subjetividade para narrativas negras nas produções. “A construção que foge de estereótipos nos ajuda a olhar para a gente com um olhar mais gente e humanizado sobre nós mesmos”, concluiu Daniele.

O Festival Negritudes ofereceu um total de nove meses de programação distribuída em três palcos simultâneos, apresentando mais de 40 palestrantes. Todo o evento foi transmitido ao vivo pelo Canal Futura, com disponibilidade também no Globoplay.