Pela primeira vez, a diretoria do Clube de Criação do Rio de Janeiro (CCRJ), presidida atualmente por Flávio Medeiros, comenta a polêmica que envolveu a última eleição da entidade, realizada neste mês e que garantiu a vitória a Tadeu Vieira.

Em carta aberta, Medeiros defende a instituição, dizendo que o processo foi democrático e que seguiu as regras estabelecidas pelo CCRJ.

A eleição gerou polêmica após o candidato da situação, Alexandre Motta, creditar a vitória da chapa de oposição ao expediente de venda de anuários que habilita a participação de publicitários no colégio eleitoral. Vieira teve 54 votos e Motta 36.

Leia a carta do CCRJ na íntegra:

O CCRJ esteve calado. Talvez por tempo demais. E não tem a ver com os últimos acontecimentos. Ao longo dos últimos quatro anos, conquistamos muitas coisas. E perdemos outras tantas. Mas nunca fez o estilo da atual gestão contar as suas vitórias ou comentar as suas reuniões antes de concretizar algum projeto. Reconhecemos, sim, as nossas derrotas. E procuramos aprender com as sugestões e críticas. As duas sempre foram bem-vindas. São a matéria prima de qualquer entidade de classe.  

Eleições do Clube acontecem de dois em dois anos, todo sócio sabe. Tempo suficiente para montar projeto, exercer a situação e a oposição. A próxima será em agosto de 2011.

O resultado dessa eleição foi dentro das regras convencionadas pelo atual estatuto, criado em 1991 e ratificado em 2001, e pela jurisprudência do mercado carioca. Os candidatos à presidência, Tadeu Vieira, e à vice-presidência, Marcelo Santos, foram sufragados democraticamente nas urnas e, portanto, reconhecidos pelo Clube de Criação do Rio de Janeiro como os novos representantes legais da entidade. Com o ônus e o bônus que todo processo traz.

O CCRJ esteve calado. Por reconhecer que as críticas, as discussões,  as opiniões, as cartas abertas, as desfiliações, as reuniões, as indignações de ambas as partes e as manifestações, independente de cargo, atuação ou projeção, que aconteceram nas mídias sociais e na imprensa especializada, são válidas e democráticas. Fazem parte do processo.

O CCRJ esteve calado. Porque ao longos dos últimos quatro anos, sempre privilegiou o silêncio e os principais projetos do Clube: o anuário, o Clube do Futuro, o Young Creatives e o Festival Melhor do Rio. E, na medida da participação dos sócios, o CCRJ se empenhou em ampliar a atuação da entidade.

Apesar da crise do mercado carioca, conseguimos realizar três festivais, quatro anuários, quatro edições do Young Creatives e do Clube do Futuro. E, institucionalmente, conseguimos outras conquistas.

Sobre a relação com outras entidades.

Desde que assumiu a gestão do Clube de Criacão, a atual diretoria tem promovido intercâmbios com várias entidades representativas dos mercados carioca e brasileiro.

Hoje, o CCRJ faz parte do Conselho Permanente do GAP-RJ. O Clube também faz parte da diretoria de Inovação do Grupo de Mídia do Rio e é um dos patrocinadores do Encontro de Redação Publicitária de Paraty, promovido pela ALAP, ajudando inclusive na sua concepção.

O CCRJ também participou da campanha contra a corrupção promovida pela ABAP Brasil e Instituto Ethos e tem representado o mercado do Rio nos júris do Profissionais do Ano, Prêmio O Globo, Prêmio Abril e Festival da ABP. Além disso, o CCRJ passou a fazer parte do conselho da Memória da Propaganda, sendo um dos seus mantenedores, e participa do painel “Cinema, que mídia é essa?” do Festival de Cinema do Rio de Janeiro.

Há duas edições, os anuários do CCRJ têm sido registrados na Biblioteca Nacional e doados para outras bibliotecas do Estado do Rio de Janeiro.

Sobre os outros Clubes de Criação.

Muito se discute se o anuário do Rio de Janeiro deveria ser nacional ou regional. Idéias como abrir a inscrição para profissionais cariocas radicados em outros estados fizeram parte do cotidiano do CCRJ há tempos.

Por decisão da atual diretoria, há três edições do anuário, o CCRJ tem registrado peças nacionais. Usando um critério democrático e de incentivo à participação local, a atual diretoria do Clube do Rio tem convidado os Clubes de Criação de outros estados para enviar as peças mais significativas de cada cidade, valorizando os profissionais regionais e estreitando os laços da entidade carioca com outras entidades similares em todo o país. Foi a forma encontrada para nacionalizar o anuário carioca sem abrir mão da valorização do nosso mercado e do espírito do “Melhor do Rio”, criado pelos ex-presidentes Fernando Campos e André Eppinghaus.

Além disso, o CCRJ também tem participado de eventos realizados nos mercados de Natal, no Rio Grande do Norte, e em Juiz de Fora, em Minas Gerais. E tem relação próxima com os Clubes de Criação de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina.

Sobre a relação do CCRJ com estudantes.

Ao longo dos últimos quatro anos, o CCRJ tem mantido o concurso Clube do Futuro, dando oportunidade neste período para mais de 60 estudantes ingressarem na criação das principais agências do Rio de Janeiro.

Por decisão das últimas diretorias, os júris do Clube do Futuro foram formados, em sua maioria, por profissionais que normalmente não participam do júri do anuário. A idéia foi dar a chance para estes profissionais ganharem experiência em exercer critério e atuação em júris. Ao todo, aproximadamente 30 profissionais fizeram a sua estréia neste júri.

Além disso, o Clube de Criação participa de seminários promovidos pelas escolas de comunicação de várias universidades do estado e do Brasil. Nos últimos anos, participamos do Interseção, realizado pela Escola de Comunicação da UFRJ, da Semana de Comunicação da PUC e do Curso de Portfólio promovido pela ESPM-RJ, entre outros eventos. Há três anos, o CCRJ vem promovendo, em parceira com a Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, o Portfólio Hour.

Sobre representatitivade das agências nos júris do anuário.

Desde que atual diretoria assumiu, dois modelos para escolha dos jurados do anuário foram adotados: por votação e por escolha da diretoria. Os dois formatos já foram utilizados por outras entidades e têm argumentos a favor e contra cada um. Foi também uma preocupação da atual gestão que nenhum diretor do CCRJ fizesse parte do corpo de jurados: quem decide as regras não faz parte do jogo.

Na prática, mais de 30 agências foram representadas pelos seus profissionais nos júris formados para a escolha das peças nas quatro últimas edições do anuário. Entre elas, Agência3, Staff, NBS, Quê, DPZ, W/Brasil, Contemporânea, F/Nazca, McCann, DM9/DDB, Duda, Publicis, Artplan, Giovanni, FCB, CGCOM, Binder, VS, JWT, Script, 100%, Young & Rubicam, MG, Thinkers, Praia de Comunicação, Loja, Ogilvy, Casa da Criação, Percepttiva, Heads e 11|21. Além dessas agências, profissionais de agências de comunicação online e designers também foram convidados para compor os júris de material promocional e internet.

Muitos profissionais estrearam em júris do CCRJ na atual gestão. Ao todo, ao longo dos últimos anos, mais de 50 profissionais diferentes participaram dos júris do Melhor do Rio. Com os júris do Clube do Futuro e do Young Creatives, a conta chega a mais de 80 profissionais. Um número absolutamente significativo para representar todo o mercado carioca.

Sobre o Young Creatives  

Durante os ultimos quatro anos, um contrato registrado em cartório com a Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, com direitos e deveres de ambas as partes, garantiu uma vaga por ano para o mercado carioca, sendo que, no ano de 2007, foram duas vagas.

Os profissionais indicados para representar o Rio de Janeiro nestas edições foram escolhidos por um júri formado por ex-youngs e profissionais das principais agências do Rio de Janeiro e sempre contou com a parceria e a supervisão do responsável pelo concurso no Brasil, o professor Emanuel Públio Dias.

Sobre o resultado das eleições e a participação no CCRJ

Quem foi atuante e participou do Clube de Criação nos últimos anos sabe que o CCRJ sempre esteve aberto às opiniões e aos projetos de todos os sócios. Desde que, claro, com a sua viabilidade comprovada.

Foi na atual gestão que a lista oficial de sócios começou a constar no site da entidade e impressa nos anuários, ratificando o número de profissionais atuantes e que têm contribuído anualmente para o Clube.

Desde que a lista de sócios passou a ser divulgada, a maior participação de profissionais e estudantes foi nos anos em que o júri do anuário era escolhido por voto, e não por indicação, chegando a 192 sócios em dia com as suas obrigações consolidados no anuário “Exercício” e 196 sócios consolidados no anuário “Caos”. Na última eleição, a lista final tinha 140 sócios, dos quais 91 compareceram à votação.

Para finalizar, a atual diretoria do Clube de Criação do Rio de Janeiro agradece à oposição e à situação, os elogios e, principalmente, as críticas. Esses binômios mantém qualquer entidade e mercado vivos. Acertamos e erramos. Um dos erros: ficar calados. Um dos acertos: trabalhar com discrição, correção e dedicação ao Clube.

Pessoalmente, quando assumi o CCRJ sabia que, como qualquer presidente, estava sujeito às palmas, aos humores e às críticas do mercado. Quem esteve próximo, acompanhou a lisura e o empenho. Dedicação reconhecida pelos Colunistas do Rio de Janeiro que, pela primeira vez, premiou o presidente do Clube como Destaque do Ano pela atuação e fortalecimento do CCRJ, em 2007.

Quem acompanhou soube de perto a preocupação em registrar as marcas CCRJ e Festival Melhor do Rio no INPI. Reconheceu as lutas encampadas, como a de ter um representante carioca no júri do Festival de Cannes, a criação de um site especial para o Melhor do Rio, com  inscrição e pagamento on line das peças, e a preocupação e o exercício hercúleo para manter saudável o fluxo de caixa do Clube.

Quem acompanhou de perto sabe que construímos mais manilhas que pontes. E manilhas não mobilizam,  não viram bandeira. Mas são fundamentais, estruturais.

Agradeço aos parceiros do Clube. Agradeço aos sócios atuantes em todos esses anos. Agradeço a quem, apesar do aplauso ou da vaia, contribuiu para o CCRJ e participou dele. Para saber quem são essas pessoas, basta olhar os nomes repetidos nas listas registradas nos anuários. E também agradeço aos sócios de ocasião. Da sua forma, também ajudaram o Clube.  

Agradeço aos diretores que me acompanharam: Jose Luiz Vaz, Bruno Pinaud, Marcio Juniot, Luiz Vieira, Rodrigo Westin, Dan Zechinelli, Luiz Claudio Salvestroni, Marcio Morgade, Ricardo Weitsmann, Alexandre Motta. Ao Paulo Castro, que não era diretor, mas encampou a missão como se fosse.

Agradeço ao Marcos Hosken, ao Marcello Noronha, ao Rodrigo Delamare e ao Luis Cláudio, mais uma vez, por terem criado os anuários e acompanhado a produção deles.

Agradeço ao Adilson Xavier por ter aceitado o convite para presidir o último júri. Ao Paulo Costa, à Marina Colassanti e ao Lula Vieira por terem ajudado a escolher e terem escrito os textos do Hall da Fama. Ao Renato Jardim que escreveu o texto de apresentação do último anuário. Agradeço aos ex-presidentes, principalmente ao André Eppinghaus, ao Fernando Campos e ao Álvaro Rodrigues por resgatarem o prestígio da entidade.

Agradeço, também, ao Ercílio Tranjan, ao André Lima e ao Cláudio Loureiro por entenderem minha jornada dupla nos últimos anos.

E gostaria de agradecer especialmente ao Igor Cunha e à Priscila Serra por terem sido a alma e os braços do Clube de Criação do Rio de Janeiro nesse tempo todo.

Para finalizar, a atual diretoria deseja boa sorte ao grupo que assumir o CCRJ. Deseja boa sorte para quem realmente quer trabalhar para o CCRJ, independente de ser eleito ou escolhido.

Desde já, a atual diretoria e o presidente em exercício se colocam à disposição para quaisquer outros esclarecimentos no processo de transição.

Que todas as opiniões, sem exceção ou julgamentos de certo ou errado, sejam respeitadas e que a democracia viva.

Sempre.

Flávio Medeiros

Presidente do CCRJ.

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