Os próximos cinco anos para a indústria da TV paga no mundo tendem a ser no mínimo difíceis. Segundo o Pay TVIF (Fórum de Inovação de TV Paga, em tradução livre), divulgado em setembro deste ano, o setor continua, em muitos aspectos, sendo um sucesso e a crescer, apesar da crise econômica global. No entanto, esse crescimento deve ser lento e lutar contra três obstáculos: serviços OTT, como o Netflix, a exigência dos consumidores pela visualização multitela e maior flexibilidade em seus pacotes, e a pirataria de conteúdo.
Desenvolvido pela Nagra, divisão de TV digital do Grupo Kudelski que fornece experiência de segurança e multitela, e a MTM, consultoria internacional de pesquisa e estratégia, focada em mídia, tecnologia, comunicações, o estudo para executivos foi feito de março a agosto deste ano.
Segundo a pesquisa, a TV paga está passando em nível global por um período de interrupção e reflexão à medida que os prestadores de serviços enfrentam um crescimento lento, intensificação da concorrência e desafios de transformação empresarial. Uma das conclusões aponta que 82% dos executivos pesquisados esperam que a concorrência entre empresas de televisão por assinatura e os prestadores de serviços OTT aumente drasticamente nos próximos cinco anos. Além disso, 71% deles acreditam que seus serviços terão de “lutar” para crescer neste período.
Os três desafios fundamentais identificados pelos executivos ouvidos são: os gigantes digitais transformando o mercado de TV paga com serviços OTT, dispositivos e serviços, forte investimento em conteúdo, tecnologia e novos modelos de negócios; a exigência dos consumidores pela visualização multitela, maior flexibilidade em seus pacotes e experiências personalizadas, enquanto os padrões de visualização dos assinantes estão cada vez mais fragmentados; e a pirataria de conteúdo, que continua em crescimento, especialmente na América Latina e Ásia, resultando em perdas de cerca de US$ 7 bilhões por ano.
De forma geral, a pesquisa aponta um cenário de cautela para os próximos anos. Dentre as gigantes globais que precisarão ter paciência para enfrentar tais problemas estão a Viacom International Media Networks, dona de canais como MTV e Nickeledeon; a Turner Broadcasting System, que tem no portfólio os canais TNT, CNN e Cartoon Network; e a Sony Pictures Television International, que está presente em 178 países, tem 101 canais e 31 idiomas.
Além do próprio canal Sony, focado no entretenimento, que alcança 77 países e 126 milhões de domicílios, seu outro carro-chefe é o AXN, conhecido pelo conteúdo de suspense e investigação, disponível em 62 países, 19 idiomas e com mais de 260 milhões de assinantes.
Por mais que as empresas se preocupem em diversificar conteúdo, aprimorar tecnologias e fidelizar espectadores, a pesquisa aponta que 20% dos executivos acreditam que esses desafios farão com que as receitas diminuam e 61% que a maioria dos assinantes vai querer personalizar o que recebe “à la carte” em vez dos tradicionais pacotes grandes. Mas o maior problema talvez seja a pirataria do conteúdo. Segundo uma das opiniões citadas no estudo, “esse é o maior desafio da indústria”, porque “é difícil competir com o que é de graça.”