Novo Fusion quer aproveitar a alta do mercado de luxo no Brasil

 

A Ford, quarta maior montadora do país, apresentou nesta terça-feira (27) o novo Fusion, produto desenvolvido para atingir o mercado emergente de luxo do Brasil. Com preço de R$ 112,990, o sedã esportivo é o produto mais caro vendido pela montadora no país — que espera ver o modelo batendo de frente com marcas já reconhecidas no segmento, como BMW e Mercedes-Benz. Apenas 400 unidades estarão disponíveis no mercado brasileiro. O modelo começa a ser vendido em dezembro, simultaneamente às vendas nos Estados Unidos.

De acordo com a Ford, o grande diferencial do novo Fusion está no combo tecnologia e design. Entre as funcionalidades do produto estão regulação automática de velocidade e sensor de estacionamento automático. “Esse carro irá gerar um debate com marcas tradicionais de luxo que não entregam o mesmo conteúdo que nós fazemos em matéria de tecnologia”, acredita Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford para a América do Sul.

A plataforma foi desenvolvida em Michigan, nos EUA, para ser um produto global e é uma reformulação completa das antigas plataformas europeia e norte-americana do carro, assegura a companhia. O novo Fusion foi testado em vários mercados e será vendido na Ásia, na Europa e na América Latina, além dos EUA. A meta é que ele seja um carro de alto volume. Assim, o modelo segue os passos de seu irmão mais popular, o EcoSport, plataforma brasileira globalizada pela montadora neste ano.

Luxo

A tentativa da Ford de entrar no mercado de luxo brasileiro é compreensível: o segmento já movimenta cifras bilionárias. De acordo com estudo da GFK, os milionários brasileiros movimentaram R$ 20 bilhões no ano passado. Levantamento do Credit Suisse aponta que, a cada 50 minutos, uma pessoa torna-se milionária no país hoje. “Em 2013, será um a cada 27 minutos”, prevê Claudio Diniz, especialista em mercado de luxo.

Entre os que mais gastam estão os novos ricos, que fizeram fortuna em segmentos pouco tradicionais, como a agropecuária, o futebol e celebridades. Segundo Diniz, o processo de enriquecimento e de consumo acontece em três fases: a de consciência do enriquecimento, quando poupam; a da ostentação, quando esbanjam; e a da saturação, quando acostumam-se com sua nova posição social. “Como país, estamos na segunda fase, que é a da ostentação. Países tradicionais, onde o luxo já está estabelecido, nos veem como um povo ostentatório”, analisa.

Entre as características positivas do mercado nacional para as empresas de olho no consumidor de luxo está o comportamento de parcelar as compras. “Um carro de R$ 120 mil no Brasil não custa esse valor, mas sim 60 parcelas de R$ 2 mil — e isso cabe no bolso de quem ganha um salário de R$ 10 mil. Faz parte da nossa cultura parcelar e os nossos consumidores, mesmo os milionários, gastam assim”, observa.

De acordo com Golfarb, o novo Fusion encaixa-se nesse contexto econômico, de desenvolvimento, alta mobilidade social e democratização do crédito para todas as camadas sociais. “Com mais crédito, muito mais gente poderá comprar carro. Mas os consumidores não querem só um meio de transporte hoje. Há conteúdo emocional forte e o carro é a afirmação do que você deseja transmitir. Na indústria automobilística, dizemos que as pessoas não compram, mas vestem o seu carro”.