Executiva fala sobre o momento da holding, as mudanças ainda previstas e assuntos como a IA no mercado
Há pouco mais de seis meses ocupando o inédito cargo de CEO do Publicis Groupe no Brasil, Gabriela Onofre fala na entrevista a seguir sobre a reestruturação ainda em curso da holding, que teve troca de lideranças das agências no fim do ano passado e, segundo ela, vai continuar em 2024, com mudanças do ponto de vista do modelo de operação.
“São questões como quais são as capacidades que ainda não temos e precisamos ter. Ou o tipo de liderança que a gente precisa para entregar determinada funcionalidade”. A executiva também relata sua experiência do outro lado do balcão, após uma carreira de 25 anos em clientes. “Estou aprendendo muito”, diz.
Além disso, Gabi, como é conhecida no mercado, dá sua opinião sobre as transformações que vão ocorrer com a IA, sua visão como liderança feminina e fala do poder da criatividade.
O que significa a reestruturação de lideranças do Publicis Groupe no Brasil? Você foi contratada para isso?
A minha grande missão é fazer do Grupo Publicis não um conglomerado de agências, mas trazer a força que o grupo tem em todos os lugares. O ‘Power of one’ é exatamente isso: trazer o melhor de cada especialidade que temos na comunicação para o cliente e trabalhar isso de uma maneira cada vez mais fluida. O marketing tem cada vez mais especialidades e o que o grupo pode oferecer é isso: o cliente pode ter todas essas especialidades dentro de um grupo sem ter de gerir essa complexidade dentro da empresa. Quando eu era CMO, queria que me ajudassem a resolver o meu problema, mas não queria falar com cinco agências. O grupo está se reestruturando para que seja mais fácil para o cliente, para que ele veja todas as especialidades que ele precisa no negócio. Eu digo que é a gente capaz de montar o Lego de acordo com o que o cliente precisa. Essa transformação no grupo já aconteceu, a gente agora faz parte da América Latina e essa estrutura já existe na região há mais de cinco anos. Nós estamos entrando nesse formato de operar do grupo que é um formato vencedor, como mostram os resultados no mundo: crescimento de 6,3% organicamente em 2023, sendo que o da América Latina foi de quase 9% (o Publicis Groupe passou a ocupar a segunda posição como maior grupo de comunicação do mundo, atrás apenas do WPP).
As mudanças que começaram no ano passado continuam em 2024?
Ainda temos mudanças do ponto de vista de como é que vamos operar. São questões como quais são as capacidades que ainda não temos e precisamos ter. Ou o tipo de liderança que a gente precisa para entregar determinada funcionalidade. As áreas que o grupo mais cresceu globalmente foram dados e mídia. Dados é um super power que o grupo tem porque comprou, nos Estados Unidos, a Epsilon, que adquiriu a Retargetly, que é uma grande empresa de dados na América Latina. Hoje eu tenho clientes para os quais fazemos cinco mil peças de um jeito muito mais automatizado. Parte dessa mexida também é para conseguir trazer essa fortaleza que o grupo tem, trazer esses diferenciais para o Brasil.
E como a criatividade fica nesse cenário?
O começo é a criatividade. Nós somos um business de comunicação e criatividade, principalmente aqui no Brasil, porque nossas agências são full service. Então, a gente está, sim, apostando muito em profissionais de criatividade, em novos jeitos de fazer criatividade. Por exemplo, uma das mudanças que foram feitas recentemente foi o lançamento da Le Pub como agência independente. Antes, ela era uma área dentro da Publicis, que começou junto com a Heineken. Agora, ela é uma agência separada, que olha a criatividade sob uma nova perspectiva. Não é só a agência da Heineken mais. A gente acabou de ganhar a conta da Heinz e fizemos um projeto maravilhoso com New Balance para a camisa do São Paulo. E estamos prospectando novos clientes porque estamos completando portfólio de um jeito diferente de trazer criatividade. Temos novos talentos liderando a área de criatividade dentro das agências. É impossível fazer uma coisa sem fazer a outra.
Com a saída de Claudia Fernandes do cargo de CMO, você planeja substituição?
A gente viu que na área de operações tem muita coisa que está interligada. É estratégia, é operação, é marketing. Então, foi uma reestruturação para colocar tudo isso mais alinhado no centro.
Leia a entrevista completa na edição do propmark de 04 de março de 2024