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Se há um nome polêmico na comunicação atual, é Gary Vaynerchuk. O empreendedor faz sucesso há anos criando conteúdo e divulgando o próprio trabalho à frente da VaynerMedia, uma das pioneiras quando o assunto são mídias sociais e que atende clientes do calibre de Hulu, Diageo, Toyota, Shell, AbInbev, entre outros.

Sem papas na língua, o CEO palestrou em Cannes, arrancou risos e aplausos de uma plateia que parecia petrificada pelas verdades ditas pelo executivo (que de executivo não tinha nada, já que usava boné virado para trás e Havaianas).

Confira um compilado dos temas abordados por Vaynerchuk:

Cannes

“A natureza do meu framework me faz pensar marketing de uma maneira um pouco diferente. Essa indústria é uma das que tem mais câmara de eco que eu já vi. Isso não é ruim, é só uma observação. Estamos prestes a aplaudir e dar prêmios para um monte de gente e trabalhos que nenhum humano nunca viu de verdade. Me pergunto o que os prêmios que ganhamos esta semana significam. Não tenho contexto sobre o ambiente, não conheço o nome dos grandes executivos ou dos diretores de criação. A coisa toda é comandada por CFOs e por grandes holdings. Pessoal, quantas pessoas normais do dia a dia sabem que essa semana ao menos está acontecendo? Zero! Consumidores finais não fazem ideia sobre este mundo. Eles apenas vivem”.

Comerciais

“É 2019 e estamos aqui esta semana e o pedestal dessa indústria ainda é o comercial de 30 segundos. Todo o resto é secundário. Acredito que essa é a indústria menos centrada no consumidor em todo o mundo. […] É claro que você vai vender [horários na] televisão e banners programáticos, é onde a margem está, isso é um negócio. Não tem nada a ver com ser centrado no consumidor. Tem um monte de reuniões rolando nesse exato momento lá fora com um monte de CFOs das holdings que estão olhando suas planilhas que representam os seres humanos nesta sala e porque eles perderam uma conta, eles vão despedir o membro 39 da planilha”.

Marcas

“A única coisa que vai restar são as marcas. Para as coisas que eu me importo, eu vou tomar decisões baseadas na marca. Mas todo o resto vai virar comoditie. O varejo vai dominar esse mundo, pois iremos priorizar o tempo no lugar de fricção, exceto se nos importarmos com aquilo e uma das coisas que iremos nos importar são as marcas em diferentes categorias. Alguns podem se importar com a marca de batom que utiliza, ou não. Alguns vão se importar com o cereal que comem, ou não. Não importa o quão forte a grande mídia tente forçar, nós não ligamos para a privacidade. Nos importamos com tempo. Nos importamos com comunidades. 

A razão pela qual sou obcecado por marcas: em escala, daqui a 15 anos, quando estivermos comprando coisas por ativação de voz, se eu disser ‘Alexa, me manda um cereal’, a Amazon vai fazer muita grana. Se eu disser, ‘Alexa, me manda Kellogg’s Corn Flakes’, a Corn Flakes ganha. Marcas são as únicas coisas que irão sobrar”.

Inteligência Artificial

“Toda a conversa que estamos tendo sobre Inteligência Artificial agora é uma perda de tempo. Vai chegar… amanhã? Isso lembra meus amigos falando sobre VR três anos atrás. Me diga uma pessoa no planeta terra que passa uma hora por dia utilizando VR com o capacete e tudo? Exato! Falar com criativos e anunciantes e pessoas de agência sobre IA tem sido a coisa mais agradável para mim. Ninguém sabe que porra eles estão falando. Eu estava sentado no Carlton ouvindo uma pessoa dizendo: ‘Nesta mesma época ano que vem, as máquinas irão fazer o trabalho criativo’. Eu pensei: de que merda essa pessoa está falando?”

Desapegue

“Essa noção de que há a Vayner, Anomaly, Crispin, Wieden ou Chiat, não, não há! Há seres humanos. Esse pensamento de que no alto nível da relação entre a agência e marca há uma continuidade maluca que você não quer perder quando a relação é colocada em revisão é uma ótima propaganda. Do lado das agências. Mas não é a verdade se analisarmos a maneira como navegamos todos os dias. Você pode dizer que os CEOs são amigos, isso eu entendo. Mas essa noção de ‘não vamos dispensar a Vayner porque vamos perder a continuidade’. Isso é fake, é tudo fake!”

Inovação vai vencer

“A beleza da inovação e da verdade é que elas vencem: não importou o que os taxistas pensavam sobre Uber em Nova York, aconteceu. Não importou o que outras redes pensavam sobre Netflix, aconteceu. Não importou o que Walmart pensou sobre a Amazon, aconteceu. Eu não venho aqui para recrutar novos talentos, venho aqui para que se inspirem e abram seus próprios escritórios e agências independentes para que eles possam construir os trabalhos que eles querem fazer, contra o que eles têm que fazer. Assim que iremos mudar a indústria e isso vai acontecer com ou sem mim”.