Segundo Gomes, o objetivo do estudo foi traçar um perfil mais abrangente de parcela tão significativa da população

 

A Boo-box, em parceria com a Hello Research, realizou, no final do ano passado, uma pesquisa sobre a chamada “geração Y”, formada por jovens com idade entre 18 e 30 anos. De acordo com Marco Gomes, ceo da Boo-box, o objetivo do estudo foi traçar um perfil mais abrangente dessa parcela tão significativa da população, de uma forma diferenciada, do que já havia sido feito.

Apresentado na última semana, o estudo foi realizado pela internet, por meio de redes sociais, entre os dias 15 de outubro e 20 de novembro, por meio do sistema OnTarget Hello Research, com representatividade nacional. Foram ouvidas 3.427 pessoas, sendo 50% da região Sudeste, 20% da Sul, 17% da Nordeste e 13% da Norte e Centro-Oeste. O estudo também priorizou os jovens das classes B/C, que representavam 80% do total, composto ainda por 14% de jovens da classe A e 6% das classes D e E.

Segundo Gomes, o estudo trouxe alguns pontos relevantes e que não tinham aparecido em nenhum outro levantamento realizado sobre o tema. Como exemplo, ele citou que, apesar de ser um consenso aceito pela sociedade que essa geração dá valor à liberdade, na prática, esse conceito é confrontado com outro valor que eles admiram: conforto. O estudo apontou que 67% dos jovens de 18 a 25 anos moram com os pais. Essa proporção vai para 83% entre os mais jovens, com idade entre 18 a 20 anos e vai para 44% entre os mais velhos, de 25 a 30 anos. Outro fator que ficou evidente é a relação entre as classes sociais e a saída precoce da casa dos pais: enquanto 84% dos entrevistados da classe A ainda moram com os pais, esse número cai para 47% na classe D.

Mais um ponto que, segundo a pesquisa, contesta o que até então vinha sendo falado sobre essa geração, é o que os jovens pensam sobre as profissões. De acordo com o estudo, por mais que se diga que os Ys pensam diferente das gerações anteriores, a verdade é que sua relação com o trabalho é parecida com a de seus pais. Consoante à pesquisa, a maioria dos jovens ainda prefere segurança, dinheiro e tranquilidade em vez de assumir grandes desafios. 16% dos entrevistados disseram que a estabilidade econômica é um dos fatores que mais influenciam na escolha de um emprego. A remuneração também aparece, com 19%.

A maioria desses jovens trabalha (58%) e os homens da Geração Y estão mais inseridos no mercado do que as mulheres (63% e 52%, respectivamente). As áreas de maior concentração de trabalho desse grupo são: informática (19%), comércio (10%), administrativo (9%), educação (9%) e comunicação (7%). A pesquisa também aponta que 59% dos jovens disseram que têm religião, mas, ainda assim, esse número representa uma mudança de comportamento se confrontado com a análise de gerações anteriores. A classe econômica também tem impacto no tema: os jovens das classes C e D são os mais religiosos; os católicos ainda são maioria, com 48%.

Mais um ponto surpreendente do estudo, de acordo com Gomes, é que apenas 40% dos jovens dessa geração praticam atividade física regularmente. A atividade mais praticada é musculação (32%), seguida de futebol (21%). A pesquisa também apontou que a maioria desses jovens tem veículo próprio (67%), percentual que cresce conforme aumenta a classe socioeconômica.

Segundo Davi Bertoncello, diretor da Hello Research, o estudo não teve caráter de senso ou de produzir dados para um ou outro mercado especificamente. De acordo com ele, a ideia era entender os temas mais relevantes para esse jovem adulto. Um dado interessante foi que, de uma forma geral, não houve grande discrepância entre os dados de cada região. “Acabou aquela época em que jovens do Sudeste levavam uma vida completamente diferente da dos jovens do Nordeste, por exemplo”. Bertoncello acrescentou também que, por ser um público muito pesquisado ao longo dos últimos anos, a diferença básica entre essa pesquisa e os demais estudos foi a abrangência e o aprofundamento do debate.