Na tarde desta quinta-feira (8) durante a apresentação do MG4, complexo de três unidades de gravação que passam a integrar os Estúdios Globo, resultado de um investimento superior a R$ 200 milhões, o executivo Jorge Nobrega, presidente executivo do Grupo Globo, afirmou que os canais de mídia da organização estão flexibilizando a forma de atuar com o mercado publicitário.
A ideia é não ter tabelas fixas e trabalhar de forma similar às companhias aéreas, que adotam um sistema diário e volátil de formulação de preços, para cima ou para baixo. “Recentemente fizemos uma alteração na área comercial que passou a atuar de forma integrada. A ideia é oferecer soluções mais efetivas para os nossos clientes”, explicou Nóbrega.
O processo de transformação do Grupo Globo contempla também uma nova métrica de alcance e do volume de pessoas atingidas pelos seus conteúdos. “Não são mais 100 milhões de uns. Agora são 100 milhões de Globos para cada um desses 100 milhões. Estamos mudando o modelo de radiodifusão tradicional para adotar um jeito B2C. Já temos 30 milhões de cadastros que nos permitem novas ofertas”, acrescentou Nóbrega.
Esse número de 30 milhões, porém, já é consolidado. É resultado de um filtro feito a partir de 70 milhões de cadastros. Carlos Henrique Schroeder, diretor-geral da TV Globo, disse que o refinamento dos dados eliminou redundâncias. “Tivemos muito trabalho para termos essa base. Usamos dados dos veículos do grupo, cadastros feitos no Globoplay e nos canais da Globosat. Poderia ser um número maior, mas as operadoras de TV a cabo não passam as informações sobre a Globo”, acrescentou Schroeder.
A inauguração dos três novos estúdios fechados MG4, agora um total de 13 unidades, consolida uma área de 12,5 mil metros quadrados de área construída. Porém, os Estúdios Globo ocupam 1,73 milhão de metros quadrados no bairro de Curicica, no Rio de Janeiro, com cidades cenográficas, prédios de escritórios, estacionamentos, áreas de circulação, espaços de lazer, jardins e floresta da mata Atlântica.
Por que o investimento de R$ 200 milhões é tão importante? Schroeder responde: “Cada vez mais a geração de conteúdo é fator de diferenciação. 70% das novelas são feitas nos estúdios. Temos que olhar para o futuro e dar qualidade de vida para os artistas. Antes eles rodavam de cenário em cenário devido ao impedimento técnico de transportar as câmeras. Com a tecnologia, o processo se inverteu. 80% do conteúdo da Globo é feito in house. Temos parcerias externas e vamos manter relações com produtoras como a Mixer, O2, Conspiração e Maria Farinha Filmes, mas com curadoria da Globo”, afirmou Schroeder.
O ambiente concorrencial de plataformas como Netflix, Disney, Apple e Google, por exemplo, estão no radar da Globo. De acordo com Schroeder, a resposta é disponibilizar mais conteúdo. E, nas suas palavras, esse direcionamento requer planejamento. O grupo de autores da emissora chega a 250 profissionais. Para garantir que novelas, minisséries e outros formatos não sejam afetados por qualquer tipo de interferência. “Temos uma agenda que já está em 2021. A ideia é ter tudo sob controle pelo menos com três anos de antecedência. Se não tivéssemos essa estratégia, teríamos tido problema com a exibição de “Verão 90”, que foi adiada porque o Fernando Collor era pré-candidato à presidência e era citado no texto. Além do conteúdo proprietário, investimos mais de R$ 4 bilhões na compra de material para a programação”, detalhou Schroeder.
As receitas do Grupo Globo somaram R$ 15 bilhões e um lucro operacional de R$1,5 bilhão. Mas para acompanhar o ritmo da transformação é necessário investir R$ 1 bilhão por ano em tecnologia. “Para manter esse ritmo temos que fazer sacrifícios e ajustes do resultado operacional. Também é preciso trazer gente e se reinventar”, ponderou Nóbrega.