Reportagens com grandes personalidades, experiências gastronômicas em diversas partes do mundo, informações científicas, ciclos da vida selvagem e coberturas de importantes momentos políticos e de guerra são alguns dos assuntos que marcaram os 45 anos do programa Globo Repórter, da Rede Globo, que trouxe uma nova ótica para o telejornalismo brasileiro. Nesta entrevista, Silvia Sayão, editora-chefe da atração há mais de 20 anos, faz um balanço das mais de quatro décadas do programa, revela fatos curiosos, desafios em acompanhar a mudança de público e as novidades da nova temporada. Veja a seguir os principais trechos desta entrevista.
MARCA
Difícil fazer um balanço de quatro décadas e meia, mas podemos dizer que o programa tem a marca do jornalismo da TV Globo: ágil, inquieto, identificado com as preocupações do seu público. Temos a chance de aprofundar nossas reportagens, investigar temas que normalmente não são levados pelos telejornais. A evolução do telejornalismo brasileiro também está registrada nos programas do Globo Repórter. Nos anos 1970, quando começamos, era um programa feito, em grande parte, por cineastas, seguia os passos do documentário clássico, de cinema. Hoje pode ser definido como um programa de grandes reportagens. Nestes 45 anos, pusemos no ar mais de dois mil programas. Em sua maior parte, reportagens sobre comportamento, denúncia, informação científica, aventuras e vida selvagem.
CURIOSIDADE
São muitos fatos curiosos. Em tanto tempo, poderia citar centenas. Mas, entre os momentos inesquecíveis, lembro do programa sobre os Mamonas Assassinas. A tragédia aconteceu num fim de semana e exibimos um programa sobre o grupo na sexta-feira seguinte, com muito material exclusivo. Com esse programa, alcançamos uma audiência maior do que a da principal novela.
FRUTAS
Nos anos 1990, início dos anos 2000, também fizemos programas marcantes sobre alimentação saudável. Lembro-me de um Globo Repórter sobre frutas, grãos e seus benefícios para o sistema digestivo. Algumas lojas que vendiam produtos como aveia, linhaça, trigos integrais foram obrigadas a fechar mais cedo no dia seguinte porque os estoques acabaram. Mais recentemente, um programa sobre moradores de rua também nos surpreendeu. Acho que despertou a curiosidade das pessoas sobre como é viver nessa situação.
SIMPLES
Também recebemos muitas mensagens de espectadores que mudaram de vida seguindo dicas de saúde fornecidas pelo Globo Repórter. Acho que o segredo do programa está na simplicidade e na identificação com o público.
PÚBLICO
O nosso público-alvo já foi mais restrito. Nos anos 1970, o perfil era a típica classe média. Depois do Plano Real, e com o fim da inflação, ampliou-se a faixa da população com TV em casa, o que exigiu mudanças de conteúdo e linguagem.
ALCANCE
Temos de ser abrangentes, alcançar gente de todas as idades e níveis sociais, entender as dificuldades e o cotidiano dos nossos telespectadores e construir programas que entrem neste contexto, como economia popular e dietas saudáveis que evitam uso de remédios. Um exemplo, os benefícios e riscos de uma dieta radical. É o tipo de assunto que só revistas publicam e nossos telespectadores nem sempre podem comprá-las.
WEB
Na internet sobram informações, mas sem a credibilidade dos médicos consultados pelas nossas equipes. Uma das nossas prioridades, aliás, é saúde. Ouvimos médicos e adotamos como personagens pacientes dos melhores hospitais da rede pública.
TEMPORADA
São muitas novidades. Teremos muitas viagens internacionais para Japão, Rússia, índia, Portugal, Sri Lanka, além do interior da França e da Espanha. E um programa que vai atravessar desertos egípcios e grandes centros europeus, em busca das origens do alimento mais consumido pelos povos em todos os tempos, o pão.
ENCONTRO
Queremos continuar sendo um programa popular e querido pelo público. Como disse uma vez a nossa repórter Graziela Azevedo, o Globo Repórter tornou-se um espaço em que brasileiros se encontram nas noites de sexta-feira para trocar experiências.
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