O secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, foi acusado de copiar uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um pronunciamento. Após a repercussão negativa, o presidente Jair Bolsonaro decidiu demiti-lo. Segundo o Estadão, a situação ficou “insustentável”.
Nó vídeo, divulgado pela Secretaria Especial de Cultura para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, Alvim afirma: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.
Segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich, o líder nazista afirmou: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
Alvim nega e diz que tudo não passou de coincidência.
O episódio joga luz em figuras marcantes da recente história da humanidade. Goebbels era braço direito de Adolf Hitler. Ambos foram constantemente utilizados pela propaganda, servindo como pontes criativas para argumentos diversos. Afinal, é fácil utilizar a figura do ditador mais famoso do século XX para chamar a atenção do público.
No Brasil, a peça mais famosa, decerto, é o filme “Hitler”, feito pela W/GGK (futuramente W/Brasil, atual WMcCann). A agência havia acabado de conquistar a conta da Folha de S. Paulo. Certo dia, o então jovem redator Nizan Guanaes entrou na criação com a ideia pronta na cabeça. Enquanto o desenho de um homem ia tomando a tela, uma voz em off diria frases como “este homem salvou seu país”, “reduziu a inflação de um milhão por cento para 25% ao ano”, entre outras virtudes que só terminariam quando o espectador percebesse de quem era o rosto do desenho: Adolf Hitler.
O comercial culmina com a assinatura: “É possível contar um monte de mentiras só dizendo a verdade. Por isso, é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe”. A assinatura funciona como a cereja do bolo: “Folha de S.Paulo, o jornal que mais se compra e o que nunca se vende”.
A percepção das pessoas sobre Hitler é constantemente utilizada nas peças. Surpreender a audiência com um “Hitler do bem” é algo feito constantemente. Como neste anúncio para TV de LED anti-reflexo. Criação da McCann de Mumbai, na Índia, para a marca Onida. O ditador surge com uma auréola de anjo.
Aparentemente, muitos estão esquecendo os males que o nazismo causou ao mundo. Por isso, a Ogilvy indiana resolveu colar o produto em cima de uma foto de um campo de concentração com a frase: “Não esqueça”. Afinal, é preciso lembrar sempre do Holocausto e dos mais de seis milhões de judeus mortos. Criativo ou de mau gosto?
Já no anúncio abaixo, a F/Nazca lembrou que, apesar de ser um dos maiores monstros do século XX, o ditador perdia para o cigarro quando o assunto era quem matava mais. A imagem, aliás, é formada por cigarros.
Aliás, as falácias de Hitler são tão atuais que vivem pipocando na internet. Uma campanha da DDB Espanha ressaltou tal fato. O filme mostra um atleta negro passando pela Berlim de 1936 e sofrendo racismos diversos. No fim, vem a surpresa: todos os insultos mostrados no vídeo foram tirados das redes sociais.
Falando em atualidades, o projeto “Eva Stories” resolveu contar o holocausto via stories. Cerca de 70 curtos vídeos compõem os stories e foram baseados em um diário escritos por Eva Heyman, que na vida real foi morta em outubro de 1944, no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. A mãe da adolescente, Agnes Zsolt, sobreviveu ao Holocausto e encontrou o diário da filha quando voltou à Nagyvarad, onde cometeu suicídio.
Recentemente, uma ação da Tech and Soul para o Corinthians colocou uma estrela no escudo do time, algo que não acontecia desde 2012. Só que era uma estrela diferente: a de Davi.
O projeto foi realizado em parceria com o Memorial do Holocausto, localizado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.