Fake news, excesso de informação, projeções. Esses foram alguns dos principais desafios elencados pelos jornalistas que participaram de um encontro promovido pelo Google na manhã desta quarta-feira (27) para falar sobre a cobertura das eleições de 2022. O destaque foi o Relatório de Transparência de Publicidade Política, que deve contribuir para tornar o processo eleitoral mais seguro no Brasil no próximo ano.
O Brasil será o oitavo país a disponibilizar a ferramenta, que a partir do primeiro semestre de 2022 exigirá a verificação da identidade de anunciantes. Informações relacionadas a peças com abordagem política de partidos, candidatos ou marcas deverão constar do relatório.
Será possível saber quanto um determinado partido gastou, opção de segmentação por faixa etária e idade, e volume de visualizações. Anúncios que violarem as regras por más práticas serão submetidos a avaliação podendo passar por correção ou suspensão.
Outro destaque foi o Google Trends, ferramenta que analisa o volume de buscas na tentativa de apontar as reais preocupações das pessoas. A base de dados cobre os últimos 17 anos, podendo oferecer comparativos das últimas quatro eleições. No total, são três bilhões de buscas ao dia, ou 1,3 trilhão ao ano.
Segundo Marcelo Lacerda, diretor de políticas públicas do Google Brasil, a questão não é apenas sobre audiência e clique, e sim sobre “conectar as pessoas com conteúdo útil e relevante para ajudar na tomada de decisão”. Embora não reproduza a intenção de voto, o Google Trends se consolida como um termômetro do interesse dos eleitores, Saúde, por exemplo, foi o tema político mais buscado nas últimas eleições municipais de 2020. Mas o recorde foi para a palavra “justificativa”, o que sinalizava um comportamento inclinado à abstenção.
Análises customizadas também estão à disposição da imprensa. Transformado em “checador de dado” devido à desinformação que inunda as redes sociais e grupos de mensagens instantâneas, o jornalista tem na busca do Google parte da solução para desmascarar mentiras propagadas a fim de desmoralizar reputações, desmerecer iniciativas e favorecer interesses que, muitas vezes, estão longe de atender as demandas do povo.
Nas últimas 48 horas, por exemplo, o Google registrou um pico de buscas sobre o vírus HIV, depois que o presidente Jair Bolsonaro mencionou em live uma infundada relação da doença com a Covid-19.
De acordo com a empresa, fontes jornalísticas, informações úteis e apuração profissional são os pilares do trabalho do Google na pandemia. E nas eleições de 2022, as bases serão sustentadas em parcerias, contexto e transparência.
Os projetos Comprova, feito em conjunto com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); o EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta, que renovou a sua parceria com o Google até 2023, totalizando um apoio que já atinge o valor de R$ 9 milhões; e a parceria com o TSE são as principais alianças para garantir a correta interpretação do contexto – âmbito que já soma mais de nove milhões de painéis com informações oficiais do TSE, incluindo o esclarecimento de dúvidas sobre como votar e emissão do título de eleitor.
O trabalho com o TSE vem desde 2014. “É a espinha dorsal da nossa atuação durante o período eleitoral”, frisa Lacerda. Já no escopo da transparência, estão relatórios emitidos desde 2010, denunciando anúncios maliciosos e vídeos removidos do YouTube por infringir as regras determinadas pela plataforma.