Lembram: “vocês só veem as pingas que eu bebo, mas não veem os tombos que caio…”, é mais ou menos por aí. Ou, ainda, o brocardo latino, “A maiori, ad minus”, tão usado no direito… Quem pode o mais, pode o menos… Ou ainda, como dizia o sábio e saudoso Joelmir Betting: “Na prática, a teoria é outra”. Competências, por maiores que sejam em termos de abrangência, e como é o caso do Google, buscador predominante e incontestável, não necessariamente revelam-se fortes para outras iniciativas.

Durante anos, o Google reinou de forma absoluta e, na época, supostamente imbatível e inexpugnável, como dono da rede social predominante. Só dava o Google. Rede social criada por um de seus diretores, de origem russa, que teve seu nome imortalizado na rede: Orkut. Orkut Büyükkökten. Como é do conhecimento de todos, hoje o Orkut é uma das milhares de almas penadas que vagueiam pelo espaço digital. E que no MadiaMundoMarketing denominamos de Digisfera. Foi devidamente defenestrado por um concorrente que chegou muito depois; mas, também, muito melhor.

E como temos repetido quase que todos os dias até porque é uma das mais importantes das lições e aprendizados do marketing, por maior que seja a admiração, amizade, apreço, amor e reconhecimento que um cliente tenha por uma marca, empresa ou produto, diante de uma alternativa que se revele melhor e em todos os sentidos, troca no ato! Ainda que com lágrimas nos olhos e suposta dor no coração. Vira as costas, dá tchauzinho e mergulha de cabeça na nova paixão. Não se trata de ingratidão. É que, felizmente, nós, seres humanos, somos assim. Diante do incontestavelmente melhor, não titubeamos um único segundo. Mudamos na hora. Thanks, God!

E assim, e muito rapidamente, os frequentadores e supostamente clientes fiéis do Orkut, mudaram para o Facebook. Mas, o Google não se conformou. Retirou-se de cena, respirou fundo e longo, planejou, caprichou e decolou, novamente, com uma rede social. Cometeu até desatino de batizar essa rede social de Google+, sugerindo uma espécie de um Google Melhor, tão grande era a certeza que ia deitar e rolar. Simplesmente, arrebentar. Tudo aconteceu com as devidas pompas e circunstâncias no ano de 2011.

Sete anos depois, mais que arrebentar, arrebentou-se. No dia 8 de outubro do ano passado, 2018, após sucessivas falhas de segurança, além de adesão praticamente zero dos “feicers”, que não viram nenhuma vantagem em migrar para o Google+, o Google assumiu seu segundo e monumental fracasso nesse território, e matou sua segunda rede social. Tentará uma terceira vez? De qualquer maneira, que ao menos aprenda a lição. Ditados, brocardos, adágios, anexins, provérbios, axiomas, máximas, sabedoria popular em geral, são ótimos para você comentar tudo o que já aconteceu e fazer cara de sábio. Jamais para prognosticar o que pode acontecer.

Assim, o Ministério da Saúde adverte: só use “Promessa é dívida”, “O ataque é a melhor defesa”, “As paredes têm ouvidos”, “Cão que ladra não morde”, “Mentira tem pernas curtas”, “Quando a esmola é muita o santo desconfia”, “Gosto não se discute”, “Pau que bate em Chico bate em Francisco”, e milhares de outros mais, só fale ou use depois do fato consumado. E aí assim, pode fazer cara e olhar inteligentes. Jamais use um ditado como prognóstico. Invariavelmente e porque, “quem com os cães se deita com pulgas se levanta”, ou “quem fala demais dá bom dia a cavalo”, ou “o amor é grátis, o sexo é pago”, e, por falar nisso, “não existe almoço grátis”. Assim, quem pode o mais podia o menos. Quem pode o maior podia o menor. E agora, e em tempos de disrupção, não mais e necessariamente. Ou, o Não Pode, Morreu! A propósito, só lembrando: “cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu…”.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)