O Google publicou em seu blog oficial nesta segunda-feira (22) um novo posicionamento quanto ao imbrólio com o governo chinês, que se intensificou desde o início do ano. Ao contrário do que vinha sendo anunciado até então, a empresa não deve – ao menos por vontade própria – sair do país, mas começa a se libertar, lenta e gradativamente, da censura que até então limitava o acesso dos computadores chineses a conteúdos considerados “sensíveis” pelo regime.

A gigante americana apurou que o cyberataque em massa realizado em janeiro deste ano, o qual prejudicou, além dela, cerca de 20 empresas americanas e apontou graves falhas de segurança do navegador Internet Explorer, foi direcionado especialmente contra ativistas de direitos humanos ligados à causa no país.

Na ocasião, diversas contas do Gmail foram violadas – para muitos a única forma de troca de informações na China, já que redes sociais como Twitter, Facebook e YouTube são totalmente bloqueadas.

A partir de hoje, os servidores do Google no país foram direcionados para o www.google.com.hk, em Hong Kong, localidade livre das restrições aplicadas pela república. De imediato, passam a funcionar sem qualquer censura os serviços Google Search, Google News e Google Image, em chinês simplificado.

“Nós queremos oferecer o acesso ao nossos serviços ao maior número possível de pessoas no mundo, incluindo os usuários na China continental, mesmo com o governo chinês deixando claro que nosso pedido de auto-censura não é negociável”, destaca David Drummond, vice-presidente sênior, de desenvolvimento corporativo e chief legal officer do Google, autor do comunicado.

O executivo ainda se declara esperançoso de que os governantes respeitem a decisão da empresa, mesmo ciente de que, caso contrário, pode ter seus serviços totalmente bloqueados a qualquer instante.

Drummond ainda enfatiza que todas as decisões foram tomadas por parte da alta cúpula da instituição nos Estados Unidos, eximindo de qualquer responsabilidade – ou culpa, passível de punição – os funcionários do escritório chinês.

Também está confirmada a continuidade a venda e veiculação de publicidade, fazendo esta parte de todo o pool de serviços auto-libertados da censura. “Apesar de toda incerteza e dificuldade que enfrentamos desde nossos anúncios em janeiro, nós devemos continuar focados em servir os usuários e clientes chineses. Nós estamos imensamente orgulhosos deles”, completa.

O Google está no mercado chinês dede 2006. Estima-se que a China, maior mercado de internet do mundo, possua número maior a 380 milhões de usuários.

por Karan Novas