O homem está se repaginando. Alguns emblemas característicos da sua personalidade estão caindo literalmente por terra. Estudar essa tendência é o que se propõe a revista GQ, do portfólio da Globo Condé Nast, no workshop O homem como consumidor, que será realizado na Casa Tegra, em São Paulo, no próximo dia 27.
O evento é fechado e a ideia é reunir profissionais de mar- keting, publicidade, pesquisa, anunciantes, empreendedores e estudantes de moda, como explica o diretor de conteúdo Dudi Machado. Estarão presentes nomes como Rachel Maia (Lacoste), Rony Meisler (fundador e CEO da Reserva), Paulo Matos (Tommy Hilfiger) e Romeo Bonadio (Hugo Boss).
Algumas mudanças expuseram o homem contemporâneo. O adjetivo despojado ganhou proporção sintomática por meio de atitudes como trocar o sapato por tênis, antes inadmissível. Aposentar a gravata no dia a dia profissional é outra ruptura. E o terno completo cedeu lugar a um blaser bem cortado. Ou camisa composta com jeans. Dirigida ao mercado de luxo, 78,8% das classes A/B, a GQ tem foco “na pluralidade das paixões masculinas”. São 519 mil leitores, nas versões impressa e digital, por mês, dos quais 40,8% de millennials entre 18 e 34 anos.
Segundo Machado, algumas atividades ainda mantêm o perfil da alfaiataria completa, principalmente entre advogados e profissionais do mercado financeiro. Mas, mesmo nesses segmentos, o casual lifestyle está ganhando aderência. Essa história começa com um jeitinho, por assim dizer, metrossexual cujo ícone é o jogador de futebol David Beckham, que desmistificou hábitos antes associados ao sexo feminino.
Por que esse novo molde? Machado responde: “Há um comportamento inédito no homem, que tem como principal valor aspiracional a qualidade de vida. Não significa que deixou de ser workaholic, mas quer mais tempo para si mesmo ter conexão com a natureza, praticar boa alimentação e bem-estar. Muitos trabalham em alguns dias de pontos remotos e cultivam atividades múltiplas. Esse novo modelo impacta a sociedade e a forma de consumir. O perfil James Bond está ficando para trás.”
O homem do século 21 não está ligado apenas na nova composição de vestuário. Estão na sua agenda tecnologia, viagens, serviços bancários modernos, carros, mobilidade e novos formatos de habitação. “Os anunciantes querem conversar com esse perfil. E as 140 páginas editoriais da GQ têm um outro grande volume de anunciantes desses segmentos, que vão da perfumaria aos relógios, por exemplo”, observou Machado.
Se o mainstream manifestava no passado pudor com tatuagens, atualmente não há veto. O diretor da GQ ilustra o momento com o estilo do apresentador e ator Felipe Tito.
“O workshop vai ajudar a investigar essas novas maneiras que fazem parte de um novo homem. Muitos casamentos são desfeitos e a criação compartilhada é uma realidade. Isso também envolve a questão gênero. O homem está dentro de todas as discussões. Não cabe mais ao homem se eximir de qualquer tipo de tema. O mundo pede que estejamos abertos e nos relacionemos com tudo. A onda é mais flexível. A moda está cada vez mais unissex”, frisou Machado.
Se a US Top pregava que liberdade é ter uma calça jeans desbotada, imagine agora que o design admite até rasgos disruptivos! “Mais do que nunca, ter liberdade significa construir estilo próprio, e descobrir os próprios gostos. O homem não é mais escravo e nem está acomodado aos uniformes prontos”, ponderou Machado, que vai exibir alguns cases, como GQ Vozes, que teve início na plataforma editorial e se transformou em evento (Man of the Year). Com direito a show de Caetano Veloso e seu filho Zeca, podcasts, playlist no Spotify e pocket shows de jovens artistas surgidos no YouTube, entre os quais a revelação Duda Beat.