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Quem não tem uma história com o icônico Fusca? Por exemplo, em 1970, os amigos Rafael Sawaya e Ivan Charoux viajaram de São Paulo para Guadalajara em um modelo 1962 para assistir a Copa do México. Foram 25 dias na estrada e 15 mil quilômetros, parcialmente registrados por uma câmera adquirida durante uma parada no Panamá. As imagens foram recuperadas e fazem parte do documentário “Filhos da Pista”, rodado em 2014 durante a Copa realizada no Brasil e com direito a nova viagem de recordação para o México.

Esse carro começou a ser desenvolvido em 1934 por Ferdinand Porsche, a pedido de Adolf Hitler, para ser o carro do povo, significado da expressão Volkswagen, nome da montadora que lançou a pedra fundamental da sua linha de produção em 1938, mas no ano seguinte, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, teve que mudar seus planos para trabalhar na estrutura de serviços para o conflito.

A partir de 1951 começou a ser montado no mercado brasileiro pela Brasmotor, mas já circulavam alguns fuscas importados há cerca de um ano. Porém, no dia 3 de janeiro de 1959 a Volkswagen apresentou o primeiro modelo integralmente produzido no país.

A Almap, de Alex Periscinotto e José de Alcântara Machado, que já conduzia a comunicação da marca, fez a campanha de lançamento. Periscinotto, inclusive, passou uma temporada na DDB de Nova York para ver como eram criadas as famosas campanhas do Beetle, como o fusquinha era conhecido nos Estados Unidos.

“Minha carreira profissional tem dois marcos importantes. O primeiro deles foi quando visitei a DDB em Nova York no ano de 1958, no momento que a campanha ‘Think small’, para a Volkswagen, tinha sido concebida. Na reunião com Bill fiz muitas perguntas e ouvi tudo muito atentamente. Ensinamentos que trouxe para a Almap no início dos anos 1960, quando fui contratado para dirigir o departamento de criação a convite de José de Alcântara Machado e Otto Scherb. Ajudei a Almap a ganhar uma concorrência feita pela Volkswagen e, claro, coloquei em prática tudo que vi na DDB, mas com tempero da ‘erva brasilis'”, contou Periscinotto a este repórter.

A DDB, iniciais de Doyle, Dane & Bernbach, revolucionou a propaganda de automóveis nos EUA, país que se orgulhava dos seus carros enormes, confortáveis e gastões, com a campanha “Think small”. O resultado foi grande e surpreendente. O pequeno Beetle ganhou espaço com um orçamento minúsculo de US$ 600 mil contra os US$ 30 milhões da gigantes Ford e GM. Davi venceu a batalha contra Golias e firmou a Volkswagen no mercado norte-americano.

Com produção descontinuada no Brasil em 1996 e encerrada globalmente em 2003, o Fusca alimenta sonhos de colecionadores que não descartam experiências com o modelinho por meio de clubes. Foram mais de três milhões de fusquinhas produzidos no Brasil e mais de 21 milhões globalmente.

Há, se meu Fusca falasse!

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