Continua forte a discussão em torno da falta de segurança da publicidade digital e segue o boicote por parte de grandes grupos de comunicação ao Google e ao YouTube até que eles deem garantias de que grandes marcas não estarão patrocinando, sem querer, conteúdos ofensivos. O que provocou a crise foi a descoberta de que o adserver do Google estaria distribuindo sua publicidade em plataformas com conteúdo extremista.

O Grupo Havas UK decidiu tirar toda a sua publicidade no Reino Unido, bem como o próprio Governo do Reino Unido, a rede varejista Marks & Spencer, os bancos HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotlant e o jornal The Guardian.  Outros grupos como Interpublic e WPP vêm analisando a possibilidade de aderir ao boicote – provocado pela falta de controle de servers de mídia programática como o DoubleClick AdX, do Google, que espalha anúncios em milhões de sites e conteúdos do YouTube.

Sir Martin Sorrell, CEO do grupo WPP, afirmou em entrevista ao jornal The Guardian que vem afirmando que Google, Facebook e outras empresas de mídia têm as mesmas responsabilidades que outras empresas de mídia e não podem se “disfarçar” de empresas de tecnologia, especialmente quando veiculam publicidade.

Em carta dirigida ao presidente do Google para Europa, Oriente Médio e África, Matt Prittin, David Pemsel, CEO do jornal The Guardian, afirmou que a decisão de tirar o YouTube de sua divulgação trará consequências financeiras negativas para o jornal, e que é fundamental que Google, DoubleClick e YouTube adotem os critérios mais altos de abertura, transparência e medidas para evitar fraudes na publicidade e erros no futuro.

Durante a Advertising Week realizada em Londres, essa semana, Brittin, do Google, pediu desculpas pelos problemas de segurança que afetam anunciantes e reconheceu o problema como global, embora o início da crise atual tenha ocorrido no Reino Unido.

Em entrevista essa semana no Sky News sobre o que vem sendo chamado internacionalmente de “Brand Safety Crisis” (crise de segurança para as marcas), Johnny Hornby, da The&Partnership, do grupo WPP, disse que as grandes plataformas – leia-se Google e Facebook – têm reagido de maneira lenta aos acontecimentos, e não lhes falta recursos para tomarem atitudes concretas como, por exemplo, a contratação de terceiros para verificar a eficiência de seus adservers. Segundo ele, é preciso que se posicionem como publishers ou plataformas, e no caso de publicarem conteúdos duvidosos, criem mecanismos para evitar que tais espaços se tornem acessíveis à publicidade de seus clientes. O que não teria sido feito até o momento devido ao extraordinário volume de dinheiro envolvido.

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