Presidente-executiva da Ampro revela que teve sempre de mostrar suas habilidades  com esforço dobrado, pois não apresentava ‘os padrões estéticos’

Única publicitária na família, Heloisa Santana atuou em empresas de diferentes segmentos, passando por anunciantes, veículos e agências, como na extinta Transatlantica Turismo, Editora Abril, Folha de S.Paulo, Santander, AKM Performma, Repense Comunicação, McCann WorldGroup, FCB, Salem Propaganda e Grey Brasil, até chegar à posição atual, como presidente-executiva da Ampro (Associação de Marketing Profissional).

“E minha jornada foi a clássica: comecei como assistente de marketing e atualmente estou presidente-executiva de uma entidade e participo de grupos de networking, entre eles o Uma Sobe e Puxa a Outra, criado em junho de 2022, que já conta com mais de 240 mulheres brasileiras, espalhadas por todo o Brasil”, conta Helô, como é conhecida no mercado.

Entre os desafios citados por ela ao longo da carreira, o primeiro deles diz respeito ao fato de ter vindo de uma estrutura familiar humilde. “Além disso, os ambientes em que trabalhei eram carregados de preconceito racial e preconceito com mulheres em destaque.”

Heloisa Santana: “Aos 16 anos, já tinha a convicção do mercado que iria atuar” (Alê Oliveira)

A executiva relata que sua carreira sempre foi pautada em preconceito racial e, infelizmente, carrega experiências até os dias de hoje. “Em agências, sempre trabalhei na área de atendimento/negócios. Tinha sempre de mostrar minhas habilidades com esforço dobrado, pois não apresentava ‘os padrões estéticos’. Lembro que um dos meus clientes simplesmente pediu para não ser atendido por mim, pois ele ‘não sabia explicar, mas não gostava de pessoas negras’. Essa situação ficou bem marcada pra mim”, revela Heloisa.

Helô comenta que sempre teve um olhar voltado para comunicação, conteúdo e referências visuais. “Eu não sabia direito, porque vinha de uma família onde os que tinham formação técnica/superior, tinham profissões clássicas como direito, administração, pedagogia. Mesmo com a chegada de outras gerações, ainda sou a única publicitária na família! Eu fiz técnico em publicidade e propaganda, com destaque para criação. Aos 16 anos, já tinha a convicção do mercado que iria atuar”, relembra.

Em sua opinião, a dificuldade de ingressar no mercado sempre existiu. “Na época que ingressei, o mercado de comunicação oferecia menos verticais. Não falávamos de digital e tampouco em experiência do consumidor! Com garra e determinação, era possível entrar em grandes marcas (seja agência ou anunciante). Hoje, o mercado oferece mais posições/oportunidades, porém a oferta de profissionais é expressivamente maior que no passado”, reflete ela.

Para enfrentar os medos e os desafios, a presidente-executiva da Ampro afirma que só mesmo tendo muita paixão pela profissão, curiosidade em aprender, atuar em diferentes verticais da comunicação e, sobretudo, gostar de pessoas.
“Também tive a sorte de trabalhar com gestores/gestoras que me inspiraram e abriram portas para desafios que se tornavam oportunidades. Mais recentemente, na Ampro, fui surpreendida por empresários, acadêmicos e colegas de outras entidades que me acolheram e me apoiam de forma extraordinária”, destaca Helô, que assumiu a Ampro em abril de 2022.

Para o futuro, ela espera continuar sendo uma das agentes de evolução no mercado de live marketing, juntamente com o time da Ampro e empresários voluntários nos grupos de trabalho (conselho, comitês etc.), para colher resultados em curto e médio prazo. “E seguir um caminho que se abriu há menos de um ano: ser facilitadora de conversas para falar sobre representatividade. Aprender e se divertir na jornada, sempre!”, afirma.

Em relação às expectativas para o mercado de live marketing neste ano, a executiva ressalta que gostaria de ver o segmento se movimentando mais rápido, no quesito sustentabilidade entre anunciantes e agências. “Esse é um dos pilares da Ampro – promover bons diálogos e cases para a nossa indústria, além de também olhar o pilar educação/capacitação. E ver a retomada do nosso setor e um mercado que acredita e aplica as cotas de representatividade”, finaliza ela.