A máquina substituirá o homem nos próximos anos? Em muitos casos, sim. Mas não na criatividade. Foi o que afirmaram alguns dos palestrantes do Cannes Lions.
Em The Cognitive Creativity Playbook, realizada em parceria pelo editor da Contagious, Alex Jenkins, e Cristopher Follet, diretor criativo da SapientRazorfish, ficou clara a intenção de demonstrar que, apesar do avanço incontestável da inteligência artificial e da capacidade, cada vez maior, das máquinas em processar informações em tempo real e gerar peças “criativas”, quem dará as cartas será o homem que usará esses recursos.
Segundo eles, máquinas jamais serão capazes de fazer tudo o que fazemos. Eles citaram o exemplo da Script Book, uma empresa que se propõe a analisar roteiros de filmes por intermédio de inteligência artificial e prever se poderão ter sucesso de bilheteria ou não.
Eles submetem o roteiro a um intrincado processo de inteligência artificial que revela seu potencial junto a determinado público.
O processo faz uma análise de sentimento que pode ser provocado por certas abordagens do roteiro. Com base nesse cruzamento de dados, eles se julgam capazes de prever se o filme será um sucesso de público ou não. De fato, uma boa história tem sempre uma estrutura que pode ser definida pela fórmula: personagem + busca por algo/obstáculos.
Quanto ao personagem, é feita uma análise do protagonista versus seu(s) antagonista(s) e uma decupação de sentimentos provocados, tais como: raiva, aborrecimento, medo, felicidade, ódio, amor, tristeza, surpresa, simpatia e preocupação.
A mesma análise é feita quanto ao processo de busca do personagem por algo e pelos obstáculos criados. Misturam-se os dados e – voilà – sai o resultado que pode dar o sinal verde ou vermelho para o produtor do filme e seus investidores. Será que tal análise pode ser tão matemática assim?
A fundadora do Script Book, Nadira Azermai, afirma: “Humanos cometem muitos erros e a inteligência artificial não é boa o bastante, sozinha. Mas você pode alcançar o impossível quando combinar os dois”.
Os palestrantes discorreram sobre outros exemplos de uso de inteligência artificial, principalmente o de uma cyber Barbie capaz de interagir com crianças, em diálogos contextualizados.
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A essa altura, você que trabalha com criatividade deve estar roendo as unhas e pensando em procurar outra atividade para se ocupar. Mas, calma! Tudo isso é verdade e nós estamos num caminho sem volta rumo à automação. Mas, segundo os palestrantes, você não vai perder o seu emprego para uma máquina, mas para outro humano, que vai saber lidar com as máquinas melhor do que você.
O recado, então, é o seguinte: não tenha medo da tecnologia, das máquinas. Fique amigo delas. Só assim você garantirá sobrevivência nesse mundo que está por vir.
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)