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Escrevo este artigo no avião, em direção à cidade de Vitória, para o último evento de um road show que durou mais de dois meses, envolvendo 26 apresentações (nem todas fora de São Paulo). Tudo para levar a publicitários os resultados de um amplo estudo realizado pelo sistema Fenapro/Sinapros junto a agências de propaganda de diversas regiões do Brasil.

O estudo envolveu uma pesquisa visando identificar o perfil das agências de propaganda em 14 mercados brasileiros e um processo de design thinking, com cinco sessões, que foi realizada em diferentes regiões brasileiras, do norte ao sul, de leste a oeste.

Tal estudo permitiu uma privilegiada percepção da forma atual de operação das agências (pela pesquisa) e, ao mesmo tempo, uma visão projetada de como poderia ser melhor (design thinking). Tendo os dois resultados lado a lado, podemos enxergar com clareza alguns gaps a serem superados.

Ao final do road show, mais de 300 agências, de diferentes regiões do Brasil, foram sensibilizadas diretamente pelas apresentações ao vivo. Sem considerarmos o alcance do PROPMARK e outros veículos especializados, que deram ampla cobertura aos estudos, podemos imaginar que outras centenas foram impactadas pelos conceitos e insights.

Em paralelo, não para de sair matéria alertando para a necessidade de uma profunda revisão do modelo de atuação das agências, perante as novas demandas do mercado, assolado por inovações constantes.

O mesmo ocorre nos eventos do setor, quando palestrantes nacionais e internacionais apresentam estudos e cases que dramatizam a necessidade de mudanças. E a pergunta que fica é: e agora? Digerir e interpretar a informação e os alertas de especialistas é apenas o primeiro passo.

A forma de agir em decorrência desses sinais é o mais difícil. Mas, uma coisa é certa, ignorar todos esses sinais é, seguramente, a pior atitude. Sabemos que, muitas vezes, as previsões catastróficas não se concretizam. Como exemplo, já vimos “matarem” o cinema, por causa da chegada da televisão. E agora já estão querendo matar a televisão, em função dos múltiplos conteúdos gerados e acessados pela internet.

É claro que precisamos ponderar as tendências para não agir impulsivamente. No caso da TV, por exemplo, é para lá que vai a maior parte dos recursos de veiculação ainda. E crescendo.

Basta ver os números obtidos no primeiro trimestre no Brasil e mesmo em mercados mais desenvolvidos, que mostram a velha e boa TV (aquela que você assiste na sala da sua casa) ainda exuberante nos planos de mídia.

Mas não podemos desprezar o tsunami digital no horizonte, invadindo as praias do mercado da propaganda. Não podemos também desprezar todas as pressões dos clientes por novas formas de remuneração e por uma atuação mais eclética e abrangente das suas agências de perfil mais tradicional.

Tudo isso exige mudança, exige ação. Acabamos de passar por um processo de enorme impacto para nosso país, que é a mudança de governo federal (ainda que interino).

O que esperamos do novo time de liderança governamental é mais do que xororô ou a constatação do óbvio, que é o estado lamentável da economia brasileira. Esperamos ação.

Quanto às empresas, que estavam anestesiadas, temerosas de partir para a luta em um mercado em retração, impactado pelo péssimo momento macroeconômico e social que passamos, há um fato novo e auspicioso.

Que tal acreditar nesse novo momento e partir para a ação? Que tal acreditar que boa parte da retração econômica é advinda de um pessimismo, que pode agora ser revertido?

Sabemos que não é simples, mas é melhor tentar algo do que ficar esperando iniciativas milagrosas, que poderão vir de cima pra baixo. É hora de arregaçar as mangas, colocar a faca entre os dentes e ir à luta. É hora de ação!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)