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Escrevo este texto em Porto Alegre, onde estou para mais uma sessão de design thinking voltada a repensar a propaganda e o modelo de atuação das agências.

Esse é o quinto encontro que a Fenapro, em parceria com o Sinapro, realiza envolvendo o processo de design thinking.

Os quatro anteriores, realizados no fim de 2015, se deram no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Recife e em Belo Horizonte. Para quem não está familiarizado com o design thinking, eu poderia, em poucas palavras, resumi-lo como um processo colaborativo de geração de conceitos e ideias.

Nesse caso, os encontros envolvem donos e diretores de agências de propaganda e estão focados na obtenção de caminhos que garantam a sustentabilidade das agências perante as constantes turbulências e inovações inerentes ao universo da comunicação.

Mas o que mais tem me impressionado nessas sessões é como os publicitários, em princípio resistentes, acabam valorizando essas oportunidades de uma rica troca de experiências e angústias. É claro que o momento de crise econômica catalisa o interesse.

Sabemos que o mercado da propaganda é bastante competitivo e a luta por negócios tem se caracterizado pelo estilo “cada um por si”.

Mas, de repente, quando expostos a uma situação como essas sessões de design thinking, todos percebem que, na verdade, há muitos problemas em comum, que podem ser resolvidos coletivamente, sem o risco de dividir o “pulo do gato”.

Vivenciar essa experiência me faz refletir sobre o momento que atravessamos e como é importante a interação e a colaboração.

Combater adversidades sozinho é uma luta inglória. O grupo de gestores de agências que participou da sessão de design thinking em São Paulo gostou tanto da experiência colaborativa que decidiu dar continuidade ao processo.
Eles continuam se reunindo mensalmente, estendendo a troca de ideias, dividindo soluções.

Em vez de ficar se lamentando e se encastelarem nos seus domínios, eles resolveram tirar o traseiro da cadeira e gastar sola de sapato. Tomaram a atitude de, por exemplo, visitar mais os clientes e se aprofundarem no seu negócio.

Perceberam que a hora é de interações mais ricas com fornecedores, clientes e, por que não, concorrentes.

Puxando a brasa para minha sardinha, eles viram o valor de poder contar com instituições capazes de aglutinar forças e experiências para que todos se fortaleçam. Do nosso lado, o sistema Fenapro/Sinapro está mais ativo do que nunca, procurando ajudar as agências de propaganda a rever seus modelos de atuação e encontrar novos caminhos.

Para aqueles que não puderam estar presentes nas sessões de design thinking, nós compartilharemos os resultados num road-show que se iniciou na semana passada e deve percorrer 14 estados. Tudo para mobilizar agências em torno de soluções colaborativas.

Mas é preciso haver disposição para isso. É preciso participar! Não existem soluções fáceis para momentos difíceis. Nesses tempos complicados, há uma tendências de permanecermos entrincheirados, olhando para dentro das nossas empresas, procurando soluções de otimização de recursos e caminhos para a sobrevivência.

Isso é muito importante, sem dúvida, mas o olhar para fora é tão ou mais importante.

Nos últimos dias, vivenciamos uma mobilização de brasileiros dispostos a se unir àqueles que têm o poder de interferir na correção de rumos do nosso país. O que esperamos é que esse movimento reverbere em todos os setores da sociedade.

Como não se cansa de lembrar meu querido colega Humberto Mendes, lançando mão de uma fala do saudoso Carlito Maia: “Nós não precisamos de muita coisa. Só precisamos uns dos outros”.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro – Federação Nacional de Agências de Propaganda (alexis@fenapro.org.br)