Artigo publicado originalmente na edição comemorativa de 55 anos do PROPMARK

Hugo Rodrigues, chairman e CEO da WMcCann (Divulgação)

Antes de tudo, o mais importante: espero que você, sua família e amigos estejam todos seguros e saudáveis.

Eu gosto muito de um pensamento que diz “quando todos gritam, é o mudo que se destaca”. Digo isso porque todos nós estamos sendo entupidos das mais diversas informações, principalmente agora, no meio de uma pandemia, enfrentando um inimigo que coloca a morte de uma forma tão próxima, real e assustadora.

É de se esperar que líderes tenham as respostas para este momento. Mas não somos epidemiologistas, médicos ou economistas. Acredito que, mesmo competentíssimos, nem eles saibam ao certo o que será do futuro.

Estamos todos vulneráveis, e expor essa vulnerabilidade com união, prudência, serenidade e transparência já é um primeiro e grande passo, até mesmo para sonharmos em construir um mundo melhor do que o que tínhamos antes da pandemia (o que não é tão impossível, cá entre nós).

Existe um fato que não pode ser esquecido em nenhum momento. Se não tivermos uma solução científica, mesmo com o fim da quarentena (como já ocorre em outros países), passaremos a viver um ciclo contínuo de alteração comportamental, desafiando vários conceitos.

Assumir qualquer posicionamento mais contundente sobre como será o nosso mercado ou qualquer relação de consumo pós-Covid pode ser perigoso, porque, mais do que novos consumidores com novas preferências, nós devemos ter novos seres humanos com novas prioridades.

Precisaremos ter abertura entre nós para tratar os temas difíceis, para ouvir os outros de forma legítima. Não estaremos mais falando de mudar a cultura de uma empresa, de um mercado; teremos de trabalhar aceitando que a mudança existirá na cultura do mundo inteiro. Sentir-se confortável numa era desconfortável, atuar reconhecendo a vulnerabilidade como algo constante e fazer da insegurança uma motivação para atingir a segurança.

Até agora há pouco, a comunicação precisava estar um passo à frente do consumidor para inspirá-lo. Mas, neste futuro de incertezas, conseguir acompanhar e reagir ao presente e às mudanças de comportamento já será de grande valor.