Vidal e Mehedff, ao fundo, com diretores da Hungry Man: foco em TV e cinema

 

Seguindo a tendência que tem levado muitas produtoras a apostar no mercado brasileiro de ficção para TV e cinema, a Hungry Man anunciou a criação de um núcleo para criar e produzir filmes e séries no mercado nacional – aquecido especialmente pela recente legislação aprovada, que incentiva a veiculação de conteúdo nacional em canais pagos.

Luis Vidal – que atuava na produtora Goritza Filmes – chega para comandar a área, que já conta com projetos para serem lançados nos próximos meses. Ele também trouxe para a Hungry Man os bem-sucedidos projetos que tocava na produtora anterior, como “Casa Brasileira” (GNT), que está na quarta temporada, e “Adorável psicose” (Multishow), que está na quinta. Vidal atua há muitos anos nesse mercado e é conhecido por trabalhos como os longas “180°” e “Justiça”, e a série de TV Mandrake (HBO).

O que a Hungry Man intenciona é elevar o patamar de qualidade da ficção que se produz no país, valendo-se da experiência internacional. A produtora conta, por exemplo, com o talento do diretor brasileiro radicado nos EUA Marcos Siega (“Dexter” e “The vampire diaries”), que acabou de dirigir a série “The following” (Fox), estrelada por Kevin Bacon.

O produtor Alex Mehedff – sócio da Hungry Man no Brasil, juntamente com Bryan Buckley e Gualter Pupo – diz que Siega já é consultor nos projetos da área. “Não entramos antes neste mercado porque esperávamos pelo seu amadurecimento. Sempre planejamos ingressar nesse segmento, mas não é tão simples, pois demanda uma nova estruturação de desenvolvimento de projetos. O jogo é bem diferente da publicidade. E como tudo em que entramos, visamos resultado financeiro, pensamos no negócio e não em projetos viabilizados por créditos fiscais ou mecenas. A ordem prioritária é comercial”, diz Mehdeff.  Por isso unir a experiência de Vidal no meio à reputação internacional da Hungry Man.

O foco será em projetos – seja de ficção ou documentários – que tenham qualidade e potencial de exportação. Um olhar diferente, possível em uma empresa internacional e integrada. Vidal acaba de voltar de Los Angeles de um “global summit” de uma semana com todos os diretores da Hungry Man.

 

O produtor executivo já está, na prática, há seis meses na produtora. Nesse tempo já fechou uma nova série de comédia para o segundo semestre deste ano, com 13 episódios para um dos canais do grupo Globosat. O nome é “Ponto final” e entrará no ar no GNT, com direção de Gualter Pupo e Otávio Müller. No total, são oito projetos para TV e três para cinema. Outro projeto é “Arte brasileira”, uma série documental de oito programas para o GNT sobre artistas brasileiros, escrito e dirigido por Alberto Renault, em fase de pré-produção”. “Gentalha”, criado e dirigido por Fernando Ceylão, é uma série de comédia em 17 episódios de 12 minutos desenvolvido para o Canal Brasil, enquanto “Ganho de guerra” é uma série policial em 13 episódios, que será exibido no canal TBC, tem direção de João Caetano Feyer e colaboração de Rodrigo Pimentel.

Para o canal Gloob, a produtora assina o programa infanto-juvenil “Seis na ilha”, inicialmente com 26 episódios escrito por Flavia Lins e Silva. Em cinema as novidades são “Adorável psicose – o filme”, “Zicartola” (documentário roteirizado por Hugo Sukman e dirigido por Zé Renato, Sukman e Gualter Pupo) e “Finados”, uma comédia de terror dirigida por Carlão Busato.

Vidal explica que a nova área de TV e Cinema também pode contar com a colaboração de profissionais que não integram a equipe da divisão de filmes publicitários da produtora, dependendo da demanda de cada projeto. Há projetos em desenvolvimento com os diretores de filmes Ricardo Mehedff, Eduardo Vaisman e o diretor de “Casa Brasileira”, Alberto Renault. “Vamos buscar um modelo de atuação, não há um modelo fixo a ser seguido. Temos vários exemplos internacionais, mas o mercado brasileiro está em outro patamar de maturidade e tem outras demandas. Já foi bem mais difícil, hoje há mais liberdade de manobra e uma relação mais saudável entre todos os players”, diz Vidal.

Para “Ponto final”, por exemplo, a produtora montou uma espécie de “Writing room” coordenada por David França Mendes, aproximando-se um pouco do modelo colaborativo americano. “O trabalho de roteiristas sempre foi mais individual, mas ele hoje é limitado. Outra coisa a se trabalhar é na alocação de verbas para se desenvolver novos pilotos, enquanto se está trabalhando em projetos aprovados. É um processo que não pode parar, deve ter continuidade”, diz Vidal.

Embora a comédia pareça uma tendência, Mehedff e Vidal acreditam que ruma para a saturação. E isso é bom, porque haverá demanda para outros gêneros, mais desafiadores e complexos. “Somos criativos, nosso DNA é esse, e buscamos o novo. Não foi à toa que convidei Vidal para pilotar esse projeto. Queremos que ele seja nada menos que um avião”, destaca Mehedff.

Hoje estão entre os diretores de cena brasileiros Gualter Pupo, Carlão Busato e João Caetano Feyer, que integram o casting junto com os diretores globais, entre eles o próprio Bryan Buckley, que além da indicação ao Oscar em 2013 é conhecido como o “Rei do Superbowl”, por dirigir muitos comerciais para a final de futebol americano. Também estão Wayme McClammy e Max Joseph, cujo filme “Follow the frog” consta na lista dos 10 filmes comerciais mais inspiradores do TED em 2012.